Indecifrável olhar

Algo de incomum acontece quando cruzamos nossos olhos naquela esquina. Este teu olhar que não leio nada, que não fala nada, ou que simplesmente não é nada além de minhas divagações.

Encontro ao acaso

Ah! as coincidências!..
Quem as cria? Deus, o homem ou a vida?

Há alguns meses não queria ver Helena e muito menos falar com ela. A engrenagem de nossa amizade trancou por um mal entendido que parecia não ter conserto. Ontem a encontrei na parada de onibus, pareciamos ja ter digerido grande parte do impasse criado. Impossivel desvencilhar-se deste forçado encontro do acaso. Encontros que a vida, Deus ou o homem inconcientemente provocam, oportunizando situações à serem resolvidas para que continuemos a viver em paz com nós mesmos!

As Três Rosas

Recebi uma mensagem no MSN, eram três rosas vermelhas que pareciam murchas, pois seus caules se dobravam em forma de uma bengala, dando a sensação de que estavam caídas, morrendo. Engraçado pensar nestas rosas vermelhas agora! Mensagens visuais desenhadas que te passam idéia de emoção, de sentimentos, que te falam coisas sem o uso de palavras escritas. Elas pareciam quererem dizer qualquer coisas do tipo:
_Estamos tristes! mas poderiam quererem dizer tantas outras coisas além disto, que fiquei pensando oque poderiam ser!...

Pizza + Coca- Cola e indisposição

Algumas coisas não te caem bem e ficam pesando indevidamente no estômago, daí é meio passo para o resto da noite ficar naquela desagradável sensação de indisposição, de que alguma coisa além de seu estômago está errada. Será que é culpa da pizza hiper-temperada, do queijo, do catchup? Você tenta fazer da Coca cola o sal de frutas não encontrado na gaveta. Bebe quase dois litros e nada de aliviar!... O papo continua acirrado a o seu lado e você chega a conclusão que só tem uma saída: Um banho frio e cama.

Boas lembranças

Algo em mim ficou pra tráz e hoje tento recuperar. Algo naquelas tardes de matinés no cine Miramar, nos acampamentos improvisados e grandes caminhadas, no luar sob a lagoa de Itapuã rasgando a água de luz até a margem e suas areias brancas, nos poemas cantados de vinicius de Moraes, nos textos de Fernando Pessoa lidos à noite sob a luz de velas, no doce beijo na boca. Algo em mim, ficou por lá e tento reaver em minhas lembranças com alegria, porque sei que não se vive o passado. Nas noites de solidão que não me deixam valas, dou gargalhadas e revivo com saudades tudo oque ficou pra traz sem tristeza.



POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Fernando Pessoa como:Álvaro de Campos

Relacionamento

Um relacionamento nunca cria nada. Ele só pode trazer algo que já é existente. Assim, nunca jogue a responsabilidade no outro. O outro é, no máximo, uma ajuda para lhe mostrar as subcorrentes de sua mente. Cada relacionamento é um espelho; ele revela sua identidade a você.

Osho

Participação

Ninguém sabe dos sentimentos de dor do outro, ninguem sabe. Oque se pode é apenas ter uma vaga idéia deles e talvés como foram construidos, se estendendo, se aprofundando, crescendo silenciosamente dentro da pessoa, formando feridas mas isto é apenas um prospecto da verdade. Olhando de fora voce tem apenas uma a vaga idéia da verdade e observa tudo, através de seus conceitos de verdades e suas verdades não são as verdades do outro. A sua compreenção pode estar além da verdade do outro. Ela pode ser falsa, ela pode estar fundamentada em emoções pessoais suas e não de quem verdadeiramente sofre.
Luís Fonte

"Existem coisas que você pode saber somente se você participar.
Observando de fora, você conhece somente coisas superficiais. O que está acontecendo com a pessoa está dentro? Alguém esta chorando e lágrimas estão escorrendo. Você pode observar, mas isso será muito superficial. O que esta acontecendo com o coração dele? Por que ele está chorando? É difícil até mesmo interpretar, porque ele pode estar chorando de infelicidade, e tristeza, de raiva, felicidade ou de gratidão.
E lágrimas são apenas lágrimas. Não como analisar quimicamente uma lágrima para descobrir de onde ela vem- de uma profunda gratidão, de um estado de bem- aventurança ou de infelicidade- porque todas as lágrimas são iguais. Quimicamente elas não diferem, e elas parecem as mesmas ao escorrerem na face. Assim no que se refere aos reinos mais profundos, é praticamente impossível concluir de fora. Uma pessoa não pode ser observada, somente coisas podem ser observadas. Você pode saber de dentro. Isto significa que você precisa conhecer essas lágrimas em você mesmo, ou nunca realmente as conhecerá. Muito pode ser aprendido pela observação, e é bom que você observe, muito bom. Mas isso não é nada, comparado com o que você pode aprender ao participar."
Osho

Dia e noite atípicos

Ontem foi um dia atipico para mim. Dificil. Muitos planos, muitas caminhadas, trafego lento, congestionado, vagas nos estacionamentos ocupadas, corretores de seguro ligando todo o tempo, informações imprecisas, sol ardendo na pele, buzinas, sirenes, gente correndo com pressa de atravessar a rua. Suspeita de assalto na esquina. Encontro com colegas insatisfeitos na rua, descoberta de um projeto para reduzir a insalubridade no trabalho em 20%. Vontade de apertar um botão que me transportasse de volta para casa, ficar meia hora embaixo do chuveiro frio, refrescar as idéias. A noite quando cheguei em casa, tinha um panfleto preso na maçaneta da porta que dizia o seguinte:

"Pelo AMOR,
pela FRATERNIDADE,
pela partilha que geram a VIDA.
Pela LUTA,
pela ESPERANÇA
que nos levam a SONHAR.
Pelas PEDRAS do caminho que nos
ensinam a LEVANTAR.
Pela LAGRIMA
que se transforma em PRECE.
Pela ALEGRIA,
pelas BÊNÇÃOS,
Volta teu olhar a DEUS e AGRADECE!"
Jurema Kalua

Então, entrei em casa com aquele panfleto na mão, pensando que não é o tipo de mensagem que habitualmente recebo, e ainda de cunho religiosos! Quem teria colocado na minha porta? Algum vizinho preocupado com o meu dia? De qualquer forma, não me importei como tinha chegado até a minha porta e por que razão. Olhei para meu filho sentado na sala, e abraçei-o demoradamente. Tomei um banho excepcionalmente frio, abri uma garrafa de vinho branco e a janela do quarto e deitei-me na cama em silêncio e agradecendo por aquele dia!

Não existem diferenças

"Algumas vezes descobrimos em nós certas diferenças que a principio não aceitamos, por acharmos que a igualdade é que faz sermos aceitos e normais nesta equação social. Talvez nos acostumamos com a igualdade e talvés seja necessário vermos beleza nestas diferenças, nestes contrapontos que vistos sem profundidade parecem não ter lógica, mas que ao final somam-se em seu contexto e todos ganham. Isto ninguém nos mostra, por que aprendemos com a vida e suas sutilezas, com o exercício da sensibilidade a cada segundo de minuto de nossos dias, até chegar a descoberta de que não existem diferenças, que tudo pode ser igual, mas com suas peculiaridades."

Piquenique

Hoje busquei Borba, minha mãe, em sua casa, minha sobrinha Bruna e seus três filhos, João, Laís, e Iago para fazermos um piquenique na praça, aqui perto, onde eu moro. Levamos cadeira de praia, toalha para deitarmos sobre a grama, refrigerantes gelado e biscoitos recheados para as crianças, agua, chimarão. Pena que esquecemos da máquina de fotografar para registrar o encontro de lazer, com futebol com as crianças, subida nas árvores e caminhadas pelo vasto campo e degustação de amoras direto da arvore. O encontro de hoje fortaleceu nosso convívio pessoal e com a natureza, nos deu energia e paz, também a certeza deque foi um momento, mágico, inesquecível e com desejo de quero mais.
"Debaixo destas árvores na praça me sinto bem, seus braços frondosos me acolhem e consigo até dormir confiante sob suas sombras majestosas. Esqueço que as horas passam e da violência que passa ao lado. Que eu passarei por esta vida e elas quem sabe ficarão ali solenes, acolhendo outros corpos, outras vidas sob seus galhos verdes e centenarios, sendo admiradas e respeitadas."


Pra que a pressa?

Por estes dias percebi ter perdido ou ao menos por alguns dias ter deixado de lado a pressa. Afinal por que te-la? Oque se pode ganharar com isto? Aos cinquenta anos não se deveria mais ter pressa de nada, nem mesmo aos trinta, aos vinte, aos quinze...Será que é necessario chegar até os cem para se perceber que não se ludibria o tempo, que chegar primeiro não significa ser o primeiro!.. Não tenho a intensão de desestimular as pessoas ou mesmo convence-las de que não devam lutar e ir atraz de seus sonhos, de suas conquistas, das soluções de suas urgencias. Mas defendo a idéia de que devemos viver com mais calma, observando mais a vida ha nossa volta, apreciando os seus detalhes e oque de bom podemos aprender, aproveitar. Penso que perto dos cem anos poderia não ser o inicio do fim, mas o inicio de um novo começo onde talvez tivessemos pela experiencia, mais chances de acertar. Minha prima postou em seu blog: http://jeitodeisedeser.blogspot.com/um texto de Charles Chaplin que achei fantastico e ilustra esta minha idéia.

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"

Charles Chaplin

A propósito

As vezes tenho a sensação de que esqueço de tudo e fico aqui sentado no sofá olhando pela janela o paredão cinza de concreto que me impede de ver a rua, a praça, as pessoas. Fico curtindo a brisa entrar e invadir meu rosto, meus pensamentos, meu corpo imóvel sentado no sofá da sala. Tenho poucas coisas para me preocupar nestes momentos, então venho pra cá, onde estou agora e fico com meus pensamentos soltos, dando asas à minha imaginação, voando além deste paredão de concreto. É talvez como um vicio que se fortaleceu pela força do hábito, pela necessidade de ficar só, em silencio, desassociado dos pequenos incômodos do dia a dia, na tranquilidade, no que de positivo (o viver só) pode proporcionar.

A cidade está vazia!

Quando voltava para casa com meu filho, hoje de madrugada, de dentro do carro observávamos a cidade que parecia adormecida. Engraçado ouvir dizer que alguns centros urbanos não dormem, mas Porto Alegre, particularmente dorme principalmente nesta noite atípica. As ruas pareciam desertas e o movimento de veículos nos cruzamentos era quase zero como nas pequenas cidades do interior. Com a janela do carro meio aberta podia-se sentir o vento da noite bater nos nossos rostos como num passeio à beira da praia depois de um longo dia de lazer. Árvores balançavam, calçadas vazias e a voz de Ana Carolina cantando no rádio do carro:
"... Já sei olhar o rio por onde a vida passa, sem me precipitar e nem perder a hora. Escuto no silêncio que ha em mim e basta, outro tempo começou pra mim agora. vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender ..."
Já entrando em casa tivemos a sensação de que éramos os únicos moradores de um prédio de seis apartamentos em completo silêncio.

Acordei inspirado, então coloquei no aparelho de som o CD de Vinicius, Tom, Miucha e Toquinho gravado ao vivo no Canecão. Tomei meu café da manha com a voz delicada de Miucha em dueto com Vinicius, cantando "Minha Namorada", "Chega de Saudades"e "Se todos fossem iguais a você." O dia pareceu ficar mais bonito que os outros, o café mais saboroso e a vida melhor!

Chega de Saudades.


Será que eu ficarei assim? Este é o meu, o nosso futuro? Foram estas perguntas iniciais que me fiz ignorantemente, quando assisti o filme de Laís Bodanzky: "Chega de Saudades." 
Produziu em mim o efeito de uma catarse por se tratar de uma ficção que mostra a possível realidade não tão distante, retrato da vida. 
A primeira sensação foi de angustia e impotência, uma vez que não se pode parar o tempo e todos nós envelheceremos e pensar em futuro, é também pensar na possibilidade de que nossa juventude está se extinguindo. Depois de uma aceitação pautada na falta de opção, por que afinal de contas é assim a vida, envelhecemos mesmo contra a nossa vontade, mas nossos desejos e necessidades não se esgotam, continuam latentes e com isto se mantém jovem. 
O filme é ambientado durante uma noite de baile, num clube de dança em São Paulo. A trama começa ainda com a luz do dia, quando o salão abre suas portas e termina ao final do baile, pouco antes da meia noite, quando o ultimo frequentador desce a escada. Mostra também numa unica noite de baile, os dramas, alegrias e sonhos de seus personagens, mesclando comédia e drama na mesma história. O filme aborda também o amor, a solidão, a traição num clima de muita musica e dança.

Elenco:
Tônia Carreiro,
Betty Faria,
Cassia Kiss,
Stepan Nercessian,
Maria Flor,
Paulo Vilhena,
Elza Soares.

Duração:92 min.

Fora do Ar

Ontem, Moema em alguns momentos criou distancias que talvez achasse necessário para si e todos nós ali reunidos. Tinha o olhar ocupado e firme num pequeno objeto que segurava na mão, mas também cruzava os limites do seu presente que a levava para longe, muito longe de nós. 
Distanciava-se para algum lugar pessoal e secreto, fora do nosso e de seu tempo. 
Fiquei a observa-la sem que eu fosse notado e pensei que algumas vezes também faço estas viagens inconscientemente, levado por uma surpreendente distração maior que minha vontade de permanecer no que chamo de minha realidade presente. Absorvido em pensamentos soltos e sem nexo, captando impressões tácteis e visuais, navegando em imagens voláteis e talvez necessárias a o sonho, a compreensão, de quem sabe, nós mesmos em mensagem não decifradas, codificadas por senhas complexas e esquecidas. 
Por alguns minutos, também me distanciei permanecendo alguns minutos, talvez segundos, fora do ar e só retornei quando Moema bateu em meu ombro perguntando:
_No que está pensando?..

Novembro, Dezembro, já quase Janeiro

Meu quarto pela manhã, fica iluminado pelo sol, que entra pelas frestas da persiana. Hoje, além do sol, havia um vento forte que rajava pelas paredes e janelas do prédio. Haverá mistérios num dia de sol e vento e sem cantoria de passaros como o de hoje? Já me adonei deste sol e deste vento que surge por aqui, tenho sentimentos de pura nostalgia agregado ha dias como este.
Daqui vejo somente telhados marrons, chaminés sem fumaça, nuvens que parecem eicebergs em movimento lento e indo na mesma direção. Novembro já quase virando Dezembro. Indo, na direção de Janeiro, acompanhando o movimento das nuvens, partindo, indo, na direção do futuro!..

Sombras e Vozes

Sombras e vozes conhecidas era tudo que buscava naqueles momentos em que sentava ali, na mesa do bar, na calcada movimentada, na beira da avenida que trafegavam veículos barulhentos, misturados tantas pessoas que falavam alto, gesticulavam, garagalhavam com seus hálitos de cerveja quente e espumenta nos copos. Há algum tempo, já tentara desta mesma forma, sem conseguir, respostas que viessem destas mesmas sombras e vozes que buscava pelos cantos de bares, pelas esquinas e becos pouco iluminado e nunca vieram a o seu encontro. Agora estava cercado de uma ansiedade quase descontrolada. Seria fácil, muito fácil!_ pensava angustiado_ se estas sombras lhe trouxessem algum tipo de alivio, se em suas vozes lhe trouxessem algum tipo de resposta, resposta que em algum dia pensou que pudesse arrancar de dentro de si, como se espreme com pouco esforço um limão para fazer suco. Mas é difícil arrancar de si, suas próprias respostas, espremer-se até que saia algo, desvendar seus próprios enigmas sem pirar de vez. O que se pode tirar pode ser um suco de diferente cor, textura e sabor, que não se quer provar!.. Sentado ali, em seu canto estratégico de busca, observava o movimento frenético dos garçons, o abraço, o beijo na boca, a cruzada de perna, o olhar indeciso, as bandejas de metal que sobrevoavam como ovni sobre a cabeça dos clientes, o cheiro de cerveja quente e tocos de cigarros esmagados.
Pessoas chegavam e outras saiam, pareciam que algumas retornavam à procura de algo que não estava ali, ou que estava presentes além do bar, da rua,  além de si mesmas.
Então, bebeu o ultimo gole, levantou-se e foi embora. Talvez num outro dia tivesse mais sorte.
Ninguém sabe dos sentimentos de dor dos outros, ninguem sabe. Oque se pode é apenas ter uma vaga idéia deles e talvés como foram construidos, se estendendo, se alojando, crescendo silenciosamente dentro das pessoas, formando feridas mas isto é uma vaga idéia.

Glamour Maggie


Maggie é uma menina que ainda cresce para a surpreza de muitos olhos. Vejo um pequeno brilho em seu olhar que confundo ora com luz de alegria e esperança, ora com lágrimas de uma tristeza que perece não ter fim. Trocou sua coleção de bonecas por óculos de muitas cores, telefones móveis de muitos modelos, vestidos, sapatos, perfumes, colares, glamour. Maggie é muitas e então busca em si mesma a personagem real e única entre todas as outras que criou cada qual mais bela. Busca a não coadjuvante, a que talvez lhe mostre o caminho de emoções que guarda dentro de sua magica caixinha de musica sobre a penteadeira, que lhe posicione o norte no meio de tantos atalhos surgidos na vida. Enquanto não encontra, modifica as rotas, transforma os cruzamentos em laços de presentes, os paralelepípedos em pedras preciosas, o olhar de mulher em sorriso de menina.

Uma estória que li

Uma jovem mulher e um belo homem apaixonam-se e, quando isso acontece, eles decidem casar-se imediatamente. A mulher - culta, sofisticada e experiente - diz: "Só com uma condição...".
O homem responde: "Qualquer condição é aceitável, pois não posso viver sem ti."
Ela diz: "Primeiro ouve a condição; e depois reflete. Não é uma condição vulgar. A condição é que não vivamos na mesma casa. Eu tenho uma terra vasta, um belo lago rodeado por árvores, jardins e relvados. Farei para ti uma casa do outro lado, oposto àquele onde eu vivo."
Ele responde: "Mas então qual é o interesse do casamento?"
Ela diz-lhe: "Casar não é destruirmo-nos mutuamente. Não é limitarmo-nos um ao outro. Não é matarmos o amor que sentimos. É, sim, fazermos com que o amor possa crescer. Estou a dar-te o teu espaço. De vez em quando, passeando de barco no lago, poderemos encontrarmo-nos acidentalmente. Ou, por vezes, posso convidar-te a tomar chá comigo, ou tu podes convidar-me."
O homem responde-lhe: "Essa ideia é simplesmente absurda."
A mulher responde-lhe: "Então, esquece os planos de casamento. Esta é a única ideia correta - só assim o amor pode crescer, porque seremos sempre jovens e novos. Nunca tomaremos o outro como certo. Tenho todo o direito de recusar os teus convites, assim como tu tens o direito de recusar os meus; a nossa liberdade individual nunca será perturbada. Entre estas duas liberdades, a tua e a minha, desenvolve-se o belo e fascinante fenômeno que é o amor."

Rabindranath Tagore

Mudanças internas


Quando ocorrem mudanças que te modificam o interior, estas mudanças te pegam de surpresa. Quando voce se vê, ja é quase todo outra pessoa e então aqueles velhos conceitos do qual voce acreditava ser feito, ja não lhe dizem nada ou quase nada. Tudo parece estranhamente atípico, impessoal, por que voce é um pouco do velho com novas verdades somado a mais um pouco do novo que voce passa a ser. Custa um pouco voce passar de um  para o outro e elaborar esta transição, este novo modelo doqual está se transformando.

DIA DOS MORTOS.

Caminhando pelas ruas daqui, observo belas casas de construções planejadas, jardins elaborados, cercas elétricas, cães de rara beleza e bem alimentados, mas percebo também um panorama triste, deserto neste dia que garôa e me confundi a estação do ano em que estou. Dia 02 de Novembro é dia de mortos e dia dos mortos sempre parece-me assim com este ar de tristeza estampado na cara do dia. Janelas, portas e portões fechados. Haverá alguém dentro destas casas que passo pela frente? E o que fazem, se protegem da garôa, oram pelos mortos? Não lembro de meus mortos pois lembro deles num dia mais bonito que o de hoje, fico apenas caminhando e perguntando-me pelos vivos que moram por aqui escondidos em suas residencias fechadas e sem nenhum sinal de vida. Enterrados em suas moradias como se não existissem.

Amor e Liberdade.

Comumente ouvimos falar sobre as escolhas que devemos fazer em nossas vidas e uma delas é o amor em contra partida da liberdade. Cedo aprendemos que elas não se casam, são incompátivies e antagônicas, mas também de suma importância em nossa existência. Como amar e sermos livres a o mesmo tempo, se nosso amor parece ser regado de promessas que posteriormente transformam-se em obrigações intermináveis reforçados a cada gesto e olhar sob a supervisão das expectativas criadas, cobradas, exigidas e algumas vezes não correspondidas, embora negamos isto? E a liberdade que nos põe descompromissados de eventuais promessas? Afinal ser livre e respeitar as diferenças de nossas idéias, verdades, sentimentos, opiniões; É caminhar em outras direções, procurar caminhos que melhor nos convir, mudar, hoje amar mais, amanhã menos, renovar-se. Amar é essencial em nossa vida e a liberdade imprescindivel pois é nosso espirito. Oque seria do amor sem liberdade e a liberdade sem um amor?
Osho diz: =>"ser amado e amar é praticamente um respirar espiritual. O corpo não pode viver sem a respiração, e o espirito não pode viver sem o amor."
Desta maneira, vivemos movimentando-nos nas duas direções, ora desejando amar e sermos amados, ora em busca de nossa liberdade pessoal. Vivemos nos arrastando de um lado para o outro, capengas, pois não conseguimos administrar intensamente estas duas palavrinhas com suas alternativas contraditórias e que nos mostra contrapontos.
Osho diz também: =>"A liberdade vem quando você atinge uma síntese entre o amor e a liberdade. Escolha o paradoxo, não escolha as alternativas que o paradoxo lhe deu. Escolha todo o paradoxo. Não escolha um, escolha ambos, escolha-os juntos. Entre no amor e permaneça livre, mas nunca torne sua liberdade contrária ao amor."


Casados, cinqüenta anos depois:

Li este miniconto de Ana Mello em seu blog e achei da maior delicadeza e sensibilidade. Não pude deixar de copia-lo e colocar em meu blog:

"Com o passar dos anos meus beijos foram ficando diferentes. Suaves demais, rápidos, superficiais.
Segurando sua mão só pensava nisso, quando ela abriu os olhos e perguntou:
- Eu morri?"

Semana passada sonhei com o mar, caminhava por cima das ondas, como aquela famosa cena em que Jesus Cristo milagrosamente flutua sobre as aguas deixando seus seguidores boquiabertos com o milagre. No meu sonho não haviam discipulos ou outras testemunhas para se espantarem, apenas eu, somente eu. Neste fim de semana, visitei o mar e enquanto caminhava pela beira da praia adimirando sua grandeza, lembrei-me novamente do sonho. Fiquei imaginando o quanto podemos ser diferentes do sonho para a realidade. 
Quando nos tornamos mais livres ficamos também mais leves e verdadadeiros, algumas vezes, comprometemos a nossa sanidade mental diante das pessoas que antes nos julgavam normais!

I Love You Porgy

Olhando daqui de cima, tudo parece tão plano e limpo, lavado pela chuva fina e persistente que bate no corredor por onde passam carros, na vidraça da janela. A chuva renova energias. A noite tem a cor eo movimento esperado nesta vida que não descança e que as vezes se imita.
Ouço sons absurdamente confusos, misturados aos meus, até que me venha o sono e durma acariciado por I Love You Porgy na voz rouca e negra de Nina Simone.

Coisas do tempo...

Depois do dia escaldante de trinta e poucos graus de ontem, Porto Alegre acordou com cara diferente, parecendo revelar uma quinta estação desconhecida. Calor ainda, mas com uma brisa refrescante e umida acariciando o rosto das pessoas nas ruas, nas praças e jardins. Sol escondido por traz de nuvens brancas e esticadas, grama úmida e colorido cinza de fita de cinema mudo, irreal, verdadeiro apenas na imaginação. Possivel de viver sómente em sonho.

CABO HORN

Ontem à noite fui convidado por colegas de trabalho, à conhecer a danceteria Cabo Horn, situada na rua Republica 649, Cidade Baixa. O nome faz referencia ao Cabo que divide o oceano Atlântico e Pacífico, sul da Patagônia e Terra do Fogo. 
O estabelecimento é um casarão de dois pisos e faixada na cor verde escuro, com mesas na rua, ideal para reunir grupo de amigos.
No primeiro andar, há um espaço com bar e palco onde se apresentam artistas locais. No segundo andar, espaço para dança com musica eletrônica e mais um bar independente, som dos anos 70, 80 e 90. Rock'n roll, Pop nacional e interacional, MPB. No cardápio da casa, bolinhos de aipim com carne seca, quibe, empadas (que não experimentei) e um delicioso pastelzinho assado no forno, com catupiry. Administrado pelos irmãos gêmeos César e Paulo Audi do antigo Dr. Jekill, a danceteria faz sucesso não só pela sua animação e localização, mas também pela simpatia de seus donos e frequentadores.


ANIVERSARIO DA BORBA

Dia 09 de Outubro, filhos, netos, bisnetos e amigos ganharam um belo presente, um presente de valor inestimável, que foi festejado com alegria e emoção. Borba completou 72 anos de vida de lutas, perseverança, e força interior. Todos os anos no dia de seu aniversario sabemos intimamente que não festejamos somente mais uma data de seu aniversario mas que somos abençoados pela sua companhia impar e sua alegria de viver.

MORRO DA EMBRATEL

No domingo, dia de eleição para prefeito eu e uma amiga, subimos de carro o morro da Embratel. Você já foi até lá? É fantástico! O morro é uma espécie de braço estreito, formando uma estrada de chão onde se pode ver nas duas direções a cidade de Porto Alegre. 
Tem-se lá de cima a magnifica visão da grandeza e beleza da capital, exibindo vales, penhascos alguns recantos e bairros como Glória, Centro, Santana, Pártenon e outros. 
Lugares como este te faz sentir um pequeno grão de areia na imensa obra criada por Deus.. Te leva a questionamentos sobre a vida além da tua. Minha amiga disse que este lugar te chama para a razão, uma vez que também pode-se observar as diferenças sociais entre um bairro e outro, do enorme arranha céu à favela desprotegida da infra estrutura metropolitana planejada, limpa.
Hoje particularmente o convivio com minha familia me fez bem, penso que precisava disto por estes dias. Vespera de aniversario, preparativos, alegria, todos falando a o mesmo tempo, algumas piadas boas e outras sem graça, cerveja gelada, arroz com linguiça preparado de ultima hora, mais cerveja gelada e a festa só começa amanhã!..

Pela janela do meu quarto, entra a claridade do Sol e posso ouvir nitidamente o canto de pássaros como uma sinfonia mistica. É possível identifica-los pela variedade de sons que produzem. As arvores estão frondosas e este aroma peculiar de flores chega até aqui trazido por uma brisa, que somente a Primavera pode presentear. Impossível deixar de perceber estes milagres que nos rodeiam todos os dias de nossas vidas, sem a devida atenção e reconhecimento. Inestimável tesouro dado pela vida. A chave que abre o portal para este mundo é a sensibilidade e está guardada dentro de nós. É somente abri-lo!

Eu, vinho e Milles Davis

Algumas vezes faço-me a delicadeza de convidar-me a usufruir da companhia de mim mesmo, abro uma garrafa de vinho e sorvo-a sem presa enquanto ouço Milles Davis no aparelho de som. Nestas horas de intimiade somos suficientes, eu, minhas viagens pessoais, o vinho e o som de Milles.

Transição necessaria.

Devo apenas lamentar a estranheza das pessoas diante das mudanças que sofri nos últimos meses, pois acredito ter sido para melhor. Buscava outras coisas que acreditava ser verdadeiras antes da surpresa de estar errado. Acertos nos deixam seguros e orgulhosos, mas erros, estes nos tornam mais fortes e esperançosos, nos instiga á buscar o que talvez sejam valiosos a o nosso crescimento interior. Hoje não tenho tempo para ensaios, divagações e espectativas infundadas, descubro que é na simplicidade que encontramos respostas à complexidade das estruturas que nós mesmos criamos e nos perdemos. Preciso ir atrás do que é urgente em minha vida, em busca daquilo que pensava não mais existir em mim, mas descobri estar apenas adormecido. Perdi-me em atalhos que eu mesmo criei para chegar mais rápido a o nada, a constatação de incertezas que se repetiram ano após ano e levaram-me a o silencio da dúvida que massacra, que estanca. Preciso viver meu próprio conceito de liberdade, de felicidade.
O que posso oferecer agora, neste momento, é somente um pedaço de chocolate do tipo meio amargo que estou mordendo e que derrete entre meus dedos, transformando-se numa espessa pasta negra e adocicada, maravilhosa de ser lambida com vontade.
Nesta ultima semana, tenho trabalhado muito e dormido pouco. A verdade é que quando tenho a oportunidade de ficar até mais tarde na cama, não consigo, levanto-me agitado e com dor no corpo. Brinco às vezes, por não saber se é culpa da idade, do stresse do trabalho ou as molas do colchão vencido. Durante à noite me debato com pesadelos e sonhos que chamaria de estranhos e sem explicações. Também me pergunto por que buscamos explicações para os sonhos?
Já não temos com o que nos preocupar em nossas vidas?

Por mais que já tenha lido informações cientificas sobre eles (sonhos), termino cedendo as explanações misticas que os ditos populares inventam, fazendo-me ficar em alerta e temeroso com o que possa vir.

Asa quebrada.

Hoje, no terminal de ônibus Partenon onde fica a ambulância que trabalho, eu e meu colega observávamos uma pomba cinza caminhar entre os pedestres que por ali passavam. Ela driblava entre as pessoas, meio assustada e de vez em quando parava para observar outra pomba pousada sobre o telhado. De vez em quando, forçava um impulso para levantar vôo, porém não conseguia. Uma das asas estava caída e então concluímos que deveria estar quebrada. Correu por longos minutos e por fim parou, escondendo-se atrás de um pilar exausta, e assustada. Pensei no que poderia ter-lhe acontecido. Caiu do telhado? Pombas não caem de telados nem quando dormem, talvez atacada por algum felino, um cão vira-latas, ou um garoto de bodoque e mira certeira! Meu colega falou em seguida que ela teria poucas chances de sobrevivência, pois sem voar ficaria indefesa e logo morreria. Depois recebi uma mensagem em meu celular que me deixou angustiado e introspectivo. Mensagens me causam as vezes estes impasses!, por terem frases curtas e pontuações deficientes!.. Fiquei pensativo, observando os movimentos da ave. Ridiculamente comparei minhas verdades e sonhos do passado com aquela asa de pomba que fora quebrada e arrastava-se pelo chão de basalto sujo onde tantas pessoas passavam deslocando-se aos seus destinos. Identificava-me com os movimentos incertos e circulares da ave que ora esforçava-se para alçar voo para a liberdade, sem nada conseguir. Movimentos indecisos de vai e vem, num zig- zag nervosos na conquista do impossível. Então abri meus olhos, respirei fundo refazendo-me depressa. Conclui finalmente que ao contrario das pombas, que precisam de um par de asas para voar, eu não necessitava de nenhuma para navegar em meus sonhos e no que acredito ser liberdade. Só descobri isto quando tardiamente uma de minhas asas foi quebrada.

Atitudes descriminatórias

Ontem a noite no supermercado Big de Viamão, me aproximei do balcão de defumados para comprar bacon e tentei a custo de grande paciência ser atendido por uma senhora funcionaria que absolutamente mostrava-se com dificuldades para exercer sua função de vendedora no supermercado. Digo que tentei ser atendido, por que a forma como a funcionaria veio até mim para saber oque eu queria não era de maneira alguma um atendimento digno a um cliente. Primeiro, por que se posicionou do meu lado sem ao menos olhar para o meu rosto e quando o fez tinha um olhar que transparecia qualquer coisa do tipo descriminatória...Em nenhum momento me perguntou oque eu queria e quando lhe pedia informações sobre o preço de algum produto respondia baixo e olhava para o chão ou para os lados dando a sensação de que eu era um objetos qualquer, do qual ela já estava cansada de ver plantado naquele canto e qualquer outra coisa no supermercado precisava mais da sua atenção do que eu. Em alguns instantes pensei e revisei minha conduta diante dela, calado e sem deixar transparecer: talvez estivesse sendo de alguma forma inoportuno sem me perceber ou que talvez ela estivesse agindo daquela maneira por eu ter traços e origem claramente negra ou usar os cabelo grandes e propositalmente desalinhados. Não sei!
Pensei também que ela usava os cabelos presos atrás da cabeça em forma de coque, talvés por exigencia do supermercado, como aquelas pessoas que são de alguma religião evangélica, do qual respeito, mas não gosto da forma como se vestem e arrumam seus cabelos e nem por isto à tratei com descriminação e falta de educação. Provavelmente estava ali, por que precisa de seu emprego tanto quanto eu do meu e tantos outros brasileiros dos seus.
Bom a verdade é que comprei meu bacon e sai dali rapidamente, tentando esquecer o ocorrido. Já dentro do carro fiquei argumentando comigo mesmo que talvez devesse afronta-la, impor meus direitos como cliente, como cidadão, ou adverti-la sobre sua falta de atenção para com as pessoas, sobre descriminações etc, etc.. como eu normalmente o faria nestas situações, mas não quis, acho que estava tão bem comigo mesmo que perdoei-a e livrei-a do embaraço de se justificar. Fui-me embora sem culpa, mas consciente de que não se deve calar diante de agressões como estas.

Paixões invisíveis

A paixão te surpreende, vem ao teu encontro às vezes sem formas definidas e por caminhos inexplicáveis, e de difícil entendimento...

Um amigo, disse-me certa vez que se apaixonou estranhamente por passos que ouvia e achava ser de uma mulher do apartamento de cima do seu. Eram passos delicados e a partir disto, conseguia imaginar os movimentos doces e sedutores de uma mulher que ele jamais viu, mas conseguia construir sua forma física e movimentos gestuais, apenas no seu imaginário. Em alguns momentos até conseguia ouvir também a sua voz, mas não era isto que o fascinava, que tirava seu fôlego, sua atenção de qualquer coisa que pudesse estar fazendo no momento, era o ruido do sapato, do salto fino e alto que atritava, martelava no chão, no teto, sobre sua cabeça criando uma atmosfera de prazer e sedução secreta. Confessou-me até momentos de intimidades!.. Meses depois, quando conheceu Andréa, lastimou a traição que fizera a sua paixão invisível e aos poucos deixou de ouvir aqueles benditos passos que por meses o envolveu e nunca conheceu a quem pertencia.
Quando ele me contou esta história de sua vida, viajei no passado e lembrei-me de minhas paixões secretas, algumas delas imaginarias. E quem não as teve por mais ridícula que possa ser?
Estes sonhos incomuns que criamos e alimentamos, parecendo fora da ordem do normal , estes mecanismos complexos em prol de nossas buscas pessoais, nossas afirmações como gente que somos, deve nos garantir a certeza de que estamos vivos e precisamos disto para garantir quem sabe nossa sanidade nossa auto-estima.

Meu encontro com as Divindades da Natureza

Neste fim de semana, conheci uma família incrível, não só pela sua alegria de viver, simpatia e hospitalidade, mas também por seu respeito à vida e a natureza. Adeptos ao Xamãnismo há algum tempo, começaram a praticar e divulgar as práticas Xamãnicas entre amigos e pessoas que procuram de alguma forma interagir com a natureza e seus fenômenos de ordem espirituais que influenciam e ordenam nossas vidas no plano espiritual. Os rituais Xamãnicos fornecem-nos um aumento gradativo de nossa percepção acerca de nós mesmos e do Universo em que estamos inseridos, assim como também proporciona a auto-cura de nossas consciências e padrões negativos de comportamentos que adquirimos no caminhar da vida. Dona Maria Aleti (dona Arlete), seu filho Júlio César Ponciano e Carlos Alberto de Castro Peixoto (Sr. Castro) são os responsáveis pelos encontros, realizados em sua casa de campo em São Francisco de Paula, na serra gaucha.
Segundo Sr. Castro, o Xamanismo é uma prática exotérica e não dogmática diferenciando-se das demais por exercer a cura do corpo físico e espiritual e elevação espiritual. Elevação espiritual tanto do terreno como do espirito desencarnado.
Dirigido por uma entidade espiritual, o Mestre Pena branca que está num trabalho de união entre os povos na ordem espiritual. Trabalham com elementos: Terra, Ar, Fogo, Aguá, e o quinto elemento Éter, que chamam de energia pura.
O Trabalho ocorre uma vez por mês (trabalho de lua cheia) por que neste momento as energias são mais fluídicas facilitando o contato com esses elementosSobre o ritual:
  • Dança xamã: Visa a transformação das energias densas em energias sutis. Através da dança em uma roda e em sentido horário para possibilitar a circulação da energia em forma de cone, são manipuladas as energias intra-terrenas ou telúrica e a energia da natureza através de entidades espirituais. Ocorre também a abertura do portal ( canal de ligação com o astral) A o dançarmos na roda, entramos em contato com o nosso Eu Profundo e possibilitando também achar o próprio caminho de auto-conhecimento, permitindo às forças cósmicas naturais, harmonizarem-se dentro de nós mesmos, melhorando e atingindo satisfação em nossas vidas. A Roda simboliza todos os ciclos da vida, é o Caminho Sagrado, nos religa com nossos ancestrais e com Todas as Nossas Relações. A Roda, não representa apenas o Pequeno Universo Individual de nossa própria vida, mas : A Mente Universal, O grande Espírito, O Criador.
  • Orações e cantos indígenas(Mantras): Com o objetivo de celebração às divindades e a natureza
  • Ritual do vinho: Neste ritual, as pessoas registram sua participação e identificação no plano astral e ganhando graças ou bônus. Cada participante identifica-se dizendo seu nome completo, data de nascimento, e endereço.

  • Ritual da Consagração de objetos: Os objetos pessoais dos participantes são abençoados pelo calor do fogo e assim tornando-se uma especie de amuleto de orientação espiritual e sorte.

  • Ritual do Cachimbo: Ao fumar o Cachimbo, é de suprema importância que cada pitada de tabaco colocada no fornilho seja fumada. Cada floco de tabaco assumiu um espírito em seu corpo e é honrado como sendo a essência de Todos os Nossos Parentes em sua forma. Se o fogo, que é parte da Eterna Chama da Vida, não toca nem incendeia o tabaco, o espírito que está lá dentro não pode ser libertado em fumaça. Se a fumaça não é aspirada pelo corpo, os espíritos de Nossos Parentes e de nossos Ancestrais não podem entrar em comunhão conosco. A fumaça que sai do Cachimbo representa prece visualizada e nos lembra do espírito presente em todas as coisas. Compreendemos que toda a vida provém do Grande Mistério e retornará a essa fonte original. Graças à essa compreensão, sabemos que estamos todos juntos seguindo o mesmo trajeto, caminhando juntos em cada parte do Elo Sagrado ou da Roda da Vida.
  • Cerimonia do Pau Falante: Trata-se de um pedaço de pau consagrado para que se apresente o "Sagrado Ponto de Vista "Neste ritual não pode ser utilizada nenhuma palavra que não represente a verdade. Só fala quem estiver com o pau-falante na mão, os demais permanecem em silêncio . É uma forma de honrar a sabedoria dos outros.
Deste passeio, retornei para casa sentindo-me diferente, mais leve, mais crente nas possibilidades de melhora da vida, das pessoas com quem convivo, do nosso futuro!.. Voltei mais Feliz.

Velho Francisco

Sorridente, boca pintada mas com ar de cansaço, dona Encantada sorriu ao me ver enquanto ajeitava as sacolas do lado da cama de seu Francisco. Conheço seu Francisco de outros atendimentos realizados no abrigo de velhos. Era domingo e então lembrei-me da musica de Chico:

Já gozei de boa vida Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida Roupa lavada Vida veio e me levou
Fui eu mesmo al_____forriado Pela mão do Im_____perador
Tive terra, arado Cavalo e brida Vida veio e me levou
Hoje é dia de visita Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco Vem todo domingo Tem chei_____ro de flor

Quem me vê, vê nem bagaço Do que viu quem me enfrentou
Campeão do mundo Em queda-de-braço Vida veio e me levou
Li jornal, bu_____la e prefácio Que aprendi sem professor
Freqüentei palácio Sem fazer feio Vida veio e me levou
Hoje é dia de visita Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco Vem todo domingo Tem chei_____ro de flor

Eu gerei dezoito filhas Me tornei na_____vegador
Vice-rei das ilhas Da Caraíba Vida veio e me levou
Fechei negó_____cio da China Desbravei o in_____terior
Possuí mina De prata, jazida Vida veio e me levou
Hoje é dia de visita Vem aí meu grande amor
Hoje não deram almoço, né? Acho que o moço até Nem me lavou

Acho que fui deputado Acho que tu_____do acabou
Quase que Já não me lembro de nada Vida veio e me levou
Amar é absorver sentimentos saudáveis de confiabilidade, respeito mutuo e liberdade, adicionado a doses magicas de interação, cumplicidade, carinho e desejo sem entrincheirar-se em regras conceituais duvidosas. Este conjunto de frases bonitas que coloquei para formar este texto, são apenas frases, pois acredito que o amor é muito mais que isto, não possui regras, não esta ligado a conceitos de qualquer natureza que o defina. Deve ser apenas emoção, pura emoção que cresce, fazendo-nos florir, surpresos e impregnado da outra pessoa.

TEORICOS DA VERDADE

Tem pessoas que falam de amor, carinho, cuidado e atenção com a propriedade de quem os tivesse inventado e por isto, dando-nos a impressão de que dominam de tal forma o assunto que poderiam lecionar a respeito. Que através de suas palavras magicas poderiam modificar este mundo cão, tira-lo da obscuridade, conduzindo-o à luz da salvação. Ditam fórmulas, declamam frases feitas e estrofes poéticos com habilidade em resposta à tudo, porém não absorvem nada para suas vidas. Não conseguem transformar suas teorias em praticas verdadeiras; Sofrem com os percalços sentimentais como qualquer pessoa sofre. Erram, desconfiam, frustram-se sem perceberem que grande parte de sua dor surge por acreditarem em verdades falhas, em conceitos comprovadamente mancos. 
Possuem boa intenção porem são traídos por suas próprias certezas, criam estruturas conceituais frágeis que são destruídas por suas próprias condutas diante de si mesmos e dos outros. Não conseguem perceberem a necessidade de se renovarem e portanto culpam tudo que os cercam, menos o seu sonho de realidade ou sua realidade de sonho reticente e falha.

Relações com verdades

As vezes torna-se dificil sermos verdadeiros sem que nossas atitudes não sejam confundidas, sem que nossas intenções não sejam mal interpretadas e não corram o risco de ficarem a margem das instabilidades emocionais que minam por completo a relação de pequenos desafetos e frustrações. Dificil amar sem sermos nós mesmos, sem disponibilizar espaços pessoais necessários ao nosso crescimento individual. Vivemos diariamente no reconhecimento de nós mesmos e de nossos sentimentos ora bons, ora ruins, equilibrando-nos na corda bamba de emoções adolescentes que só amadurecem com as contradições, erros e também acertos. Relação madura deve ser portanto, a que zele pela liberdade, que se compromete á respeitar as oscilações de nossas verdades, das diferenças, sabendo que é difícil, mas necessario para a sobrevivencia de uma relação com a intensão de ser saudável.

Despedida

Há poucas horas atrás, eu olhava do mesanino envidraçado a grande planice verde que se estendia até o horizonte no escuro da noite. Bela planice gramada com um toldo azul-marinho solitário num canto e pequenas divisões numeradas no solo, onde se enterram corpos e que ficam catalogados em arquivos na entrada principal, bonita, clara, iluminada e extensa. As crianças passaram correndo e espalhando energia, uma delas perguntou debruçada na janela se era ali que enterrariam o seu avô. Enquanto eu olhava o corpo de seu Antônio, deitado no caixão, pensava comigo mesmo, que não parecia ser a mesma pessoa da qual lembrava antes, tão cheio de vida, sorridente e prestativo. Aquele rosto não parecia ser o dele nem tinham semelhanças. Era um semblante sério numa face pálida e inchada que jamais ví no antigo rosto alegre que corria para abrir o portão de sua casa quando eu chegava para visita-lo. Com certeza seu Antônio não estava ali, estava em minhas lembranças ainda sorridente e apressado para abrir novamente o portão.

PARAISO

Meu vizinho estava me falando sobre o paraíso. Depois de tentar varias indagações pessoais sobre o tema, enquanto limpava a grama do jardim, concluiu que só poderia formar e conceituar uma explicação definitiva sobre o assunto, depois que morresse; Mas como ainda está vivo!. Evidentemente falava através de sua visão cultural religiosa e também duvidosa. 
Ouvi-o em silencio, lembrando que no inicio da tarde tinha visitado o meu (paraíso), aqui bem perto de casa, com palmeiras Reais enormes, de uma beleza rara, flores e um pé de Amoreira onde colhi frutos e depois saboreei-os deitado em um tronco torto de um Cinamomo frondoso, sem precisar deixar o mundo dos vivos. No mesmo instante em que eu estava por ali, passaram alguns anjos, chutando bola e mascando chiclete, sem demostrarem a mínima culpa da algazarra que faziam. Decididamente o paraíso e o inferno podem estar tão perto de nós, sem que possamos enxerga-los de fato em função de nossos conceitos.

Trancas

Moema decidiu afastar-se, optou por manter-se superficial, criou a distância que talvez achasse necessária, vital à si mesma. Tem dialogos reticentes, desassociados da ternura anterior. Transferiu parte das dores físicas para alma que também sofre. Joga sedas para cima na insistencia de caçar fantasmas que não existem. Fechou todas as suas portas de comunicação e reforçou-as com trancas de rancor invioláveis. Mantem-se no silêncio, no obscuro vão do silêncio, armada, desconfiada e triste. Talvez eu também devesse fechar as minhas e buscar "o nada" como resposta!

blogs

De manhã, café preto, pãozinho francês com manteiga aquecido no microondas e o laptop sobre a mesa da cozinha, onde visito todos os blogs registrados em minha lista de favaritos. Leio-os atentamente enquanto vou bebendo meu café. Alguns, tem novidades todos os dias, outros ainda permanecem com os mesmos textos de dias ou semanas anteriores, mas mesmo assim abro-os religiosamente. Li em algum lugar que os blogs são otimos companheiros pois voce não tem a obrigação de estar frequentemente em cima deles postando alguma coisa para ser fiel à conta adiquirida. Voce pode esquece-lo por dias, meses e então num momento de pura inspiração escrever algo que considere importante pra voce ou para quem queira lê-lo. Pode ser um intreterimento, uma válvula de escape nas horas de solidão e por que não arriscar dizer, um tipo de terapia onde voce pode expor suas opiniões, alegrias, intenções e etc... Interagir, se assim desejar, com outras pessoas com idéias semelhantes as suas ou não. No meu caso, tudo começou por brincadeira e curiosidade, depois de algumas semanas ja dominando e aprendendo mais sobre os recurssos e ferramentas do programa virou uma especie de prazer necessário. Talvez um vicio agradavel.

benção de criança

Piruletumbum pra cima, piruletumbum pra baixo esta dor virará capacho!
Estas eram as palavras mágicas ditas por minha prima Júlia, quando eu e meus irmãos, íamos a sua casa visita-la. Depois passava as mão em nossos rostos e sorria dizendo:
Estão curados, podemos brincar!
Será que existia alguma magia em suas palavras, em sua caricia em nossos rostos?
A verdade é que nos sentíamos melhor, mais aliviados como se aquilo fosse uma benção divina. Depois, brincávamos até perder o folego de tanto nos divertir.
Guardávamos segredo sobre isto, para que ela não perdesse estes poderes mágicos.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...