VENEZA


Veneza nasceu para ser glamourosa, tanto por sua história de grande prosperidade e riqueza cultural, quanto por sua bela arquitetura e geografia incomum. Dá pra imaginar uma cidade composta por pequenas ilhas, que se interligam, por pontes centenárias sobre canais de água salgada e onde todo o tráfego é feito por barcos dos mais variados tipos e tamanhos, que prestam serviço a cidade aquática como; táxis, ônibus, ambulâncias, carros de policia? É surpreendente!...
Veneza possui uma indescritível magia, para quem a visita. Repleta de igrejas, praças, palácios e teatros centenários, afinal trata-se da cidade onde Vivaldi nasceu e compôs 770 obras.


O CAOS DE VENEZA:

Mesmo sendo linda e incomum, viver em Veneza é muito caro e deve ter suas adversidades para locomoção em alguns acessos que necessitam de rapidez para alguma intervenção de urgência, como um incêndio por exemplo.  Mas grande parte das dificuldades, fica por conta do turismo de massa que diariamente invadem a cidade, incapacitando seus moradores de terem uma vida normal. Imaginem (74.000 turistas por dia, numa cidade de 50.000 habitantes) que ao mesmo tempo que movimenta a renda per capta da cidade, também inflaciona seu custo de vida, tornando-a inviável pra viver. Se o objetivo foi o enriquecimento às custas do turismo desenfreado, esta conquista por outro lado, obrigou seus moradores a viverem no caos e abandonarem a cidade. Uma cidade lotada de turistas diariamente e com preços exorbitantes, ninguém merece...
Mas este é outro papo, que eu ainda pretendo comentar em outro momento, aqui no blogue! 😜



UM POUCO DA HISTÓRIA DE VENEZA:

A cidade começou a surgir  quando o império romano foi invadido por tribos nômades barbaras  ainda no século V. e cidadãos da região de Vêneto, na Itália, resolveram refugiarem-se em ilhas que ficavam numa laguna do Mar Adriático, no noroeste do país, já ocupada por poucos pescadores. 
O domínio da região ficou por conta do Império Bizantino, cujo o centro de poder, se estabeleceu em Ravena, que só era acessível por rotas marítimas, o que permitiu que Veneza crescesse de maneira independente.


SERENÍSSIMA REPUBLICA DE VENEZA:

No século VII, aquela região passou a ser chamada de Sereníssima República de Veneza. Mas o que significava isto:
A Justiça em Veneza, na época da Sereníssima República, era exercida de modo exemplar e se transformou em um dos seus grandes mitos.
Aos acusados era dada oportunidade de defesa e usava o mesmo rigor no caso em que eles pertencessem à classe dirigente.
A inexorabilidade e a eficácia dos órgãos da justiça vêneta de então permitiram conter a criminalidade. No período compreendido entre os anos de 1300 e 1797, portanto em quase quinhentos anos, as condenações à morte foram em número de 1279, ou aproximadamente de duas ao ano. Trata-se de um número pequeno em relação ao que acontecia nesse mesmo período no resto da Europa. A pena mais severa depois da de morte era a de exílio, expulsão dos domínios da República de Veneza.
Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Vêneta.



No século IX, o crescimento econômico e social garantiu a independência da cidade-Estado. Veneza estava se tornando a mais importante e poderosa cidade das quatro Repúblicas Marítimas da península itálica, que tinham o domínio comercial das rotas do mar Mediterrâneo.
A posição estratégica no mar Adriático, garantiu que os navios, usados tanto para o comércio quanto para fins militares, a tornassem rica e poderosa. Era em Veneza que acontecia o comércio entre o Ocidente e o Oriente, muito antes da América sonhar em ser descoberta.
Com o crescimento e desenvolvimento, foi necessário ampliar a cidade unindo as pequenas ilhotas separadas pelo mar, aumentando o seu espaço de terra, remodelando  os canais e construindo pontes que as interligassem. Das 65 ilhotas que formavam a cidade, passaram a 118, o que permanece até hoje.


A queda de Constantinopla em 1453 marcou o princípio da decadência de Veneza. A descoberta da America por Cristóvão Colombo (1492) e do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama (1498) deslocaram as rotas de comércio e Veneza viu-se obrigada a sustentar uma luta esgotante contra os turcos otomanos.
Em 1797, foi invadida pelas tropas de Napoleão Bonaparte que com a assinatura do tratado de Campofórmio, dividiu seu território entre França e Império Habsburgo.(Áustria).


AS MURALHAS SUBMERSAS DE VENEZA:

Veneza ainda é rodeada de lagoas de pouco profundidade, e isso valeu-lhe sempre como excelente defesa. Nas suas águas encalhavam facilmente os navios que não conheciam sua profundidade. Era também uma cidade entrincheirada, protegida por grandes muralhas. As "muralhas" de Veneza são os perigosos bancos de areia que ficam submersos e só descobertos na baixa-maré. Para chegar a Veneza vindo do mar Adriático, é preciso conhecer as passagens, que em tempos de paz eram sinalizadas com fileiras de estacas, com luzes à noite. Até os dias de hoje, se faz necessária a limpeza e manutenção destes canais, cujo o fundo é composto de camadas de madeira (arvores) que em contato com a água salgada não apodrecem, areia e pedras.


VENEZA E SEU FORMATO DE UM PEIXE:

Veneza funciona como qualquer outra cidade da Europa e do mundo, a diferença é que todos os serviços, como segurança publica, ambulâncias, transportes públicos, de cargas e descargas em geral, são feitos por barcos. 
Veneza é dividida em duas partes. “Veneza Mestre”, que fica no continente; e a Veneza propriamente dita, a parte turística recortada por canais, que conhecemos de fotos e dos filmes. A Veneza turística tem o formato de um peixe e é dividida em seis regiões ou bairros: Cannaregio, Castello, Dorsoduro, San Marco, San Polo e Santa Croce.


MAS COMO CHEGAR ATÉ VENEZA SE É PROIBIDO A CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS NA CIDADE E AS RUAS SÃO AQUÁTICAS?

Chega-se atravessando a Ponte della Libertà. que liga o continente à laguna.  Sendo que, ao chegar à laguna, temos de imediatamente seguir para os enormes prédios de estacionamentos, onde são deixados os veículos que andam por terra. São vários prédios, com preços de diárias em torno de 21 à 26 Euros: (Venezia Tronchetto Parking)  (Autorimessa Comunale). O Autorimessa Comunale o mais bem localizado e o mais econômico: Tronchetto.
Em seguida toma-se um vaporetto, embarcação típica de Veneza usada como meio de transporte público nos canais da cidade cujo o preço do bilhete é 7,50 euros e dura 75 minutos. Nesse espaço de tempo você pode subir e descer da embarcação quantas vezes quiser.
Veneza é uma cidade unica, que te remete ao romantismo, principalmente a noite quando suas luzes de cor amarela, formando sombras nas estreitas ruelas e casarões seculares que também se refletem sobre os canais.


CUIDADO PARA NÃO SE PERDER NAS RUELAS DE VENEZA:
Recortada por um emaranhado de becos estreitos, alguns sem saída, não é difícil se perder nas calçadas da cidade. É possível percorrê-la toda a pé tranquilamente, até mesmo porque, como dizem: O melhor modo de conhecê-la é caminhar e se “perder por lá” 
Mas para os que preferem se orientar com segurança em Veneza, sem o risco de se perder realmente, é preciso saber que existem basicamente três direções a serem seguidas: A Piazza de São Marco, a Ponte Rialto e a Ferrovia. Por onde você andar, sempre encontrará placas indicando o sentido de um desses locais. E aí fica muito fácil se locomover. Basta você saber para onde quer ir e seguir as placas amarelas.


PIAZZA SAN MARCO:

Esta é a praça principal de Veneza. Na Piazza San Marco estão vários pontos turísticos importantes para você conhecer em Veneza: A Basílica di San Marco, a Torre do Campanário, a Torre dell”Orologio (original do século 14), o Palácio Ducal e a Piazzetta di San Marco, praça famosa com o Leão Alado, o símbolo da cidade.


Visite a praça durante o dia e também durante a noite: o cenário é o mesmo, mas a sua percepção será totalmente diferente. Existe agencias de turismo que vendem passeios pela cidade, durante a noite. Inicia com passeio de barco pelo grande canal, um jantar incluído e depois passeio á pé pelos principais atrativos. 


BASÍLICA DI SAN MARCO:

A igreja mais famosa da cidade construída no ano de 828, para abrigar o corpo de São Marcos trazido de Alexandria. Situada na Piazza di San Marco, a construção realmente impressiona pelo tamanho e beleza arquitetônica. união entre a cultura oriental e ocidental. Embora a obra atual pertença basicamente ao século XI, a basílica sofreu diferentes alterações e modificações com o passar do tempo.


A basílica atual, de planta em forma de cruz latina e cinco cúpulas, se tornou a catedral da cidade em 1807. Conta com mais de 4.000 metros quadrados de mosaicos, predominantemente dourado e 500 colunas do século III.


TORRE DO CAMPANÁRIO:

A primeira versão da construção da torre data do século IX e desmoronou em 1902 – sendo reconstruída com base em um projeto do século 16. A vista que você terá lá de cima, da Torre do Campanário, é sensacional!
Você consegue ver Veneza por outro ângulo e logo abaixo de você está a Basílica di San Marco. Inclusive, foi nesta torre que Galileu Galilei apresentou seu telescópio para o governante de Veneza em 1609.


PALAZZO DUCALE: 

O Palácio Ducal também é conhecido como Palácio do Doge e foi construído em 1424. A arquitetura possui um estilo gótico e o local era a antiga sede do doge, o governante de Veneza. Como praticamente todas as construções da cidade, você ficará encantado ao observar os detalhes da fachada do local.


PONTE DOS SUSPIROS:

Apesar dos turistas fazerem fotos diante dela, a maioria casais, remetendo-a a ideia de  romantismo, nada tem a ver com história de amor, a ponte é chamada de Ponte dos Suspiros porque ligava o Palazzo Ducale às Prigioni Nove, edifício famoso e construído para abrigar uma prisão. Dessa forma, os réus eram julgados no Palazzo Ducale e, se condenados, atravessavam pela Ponte dos Suspiros e eram encaminhados à prisão. Por isso a origem do nome, por ser o último suspiro de liberdade.


PONTE RIALTO:

Uma das pontes mais lindas da Europa. A Ponte Rialto inicialmente era toda de madeira que com o tempo começou a ruir. Em 1588, foi reerguida sendo toda de pedra e contendo um único arco. Se você fizer um passeio de Vaporetto, com certeza passará por baixo desta ponte.


ILHA DE MURANO:

Murano, embora descrita como uma ilha da lagoa de Veneza, é de fato um arquipélago de sete ilhas menores, das quais duas são artificiais, unidas por pontes entre si e localizada a somente a 1 km do centro de Veneza.



É neste lugar cheio de casinhas coloridas, que são confeccionado belas peças de artesanato em vidro como colares, vasos, taças, copos, esculturas em cristal. A tradição de objetos em vidro, data do império Bizantino.


PASSEIO DE GONDOLAS, UM SONHO INDISPENSÁVEL:
Mas quem visita Veneza e não deseja desfrutar de um inesquecível passeio pelos canais da cidade, na famosa gondola e ainda com musica ao vivo por todo o percurso? Este é um sonho realizável, porem caro, muito caro!


Os gondoleiros estão por todas as partes aqui em Veneza. Eles comunicam uns com os outros em dialeto e todos se conhecem. Por muitos anos, a licença para praticar a profissão era passada de pai para filho. O gondoleiro que não tinha filhos homens, podia passar para um aprendiz em que confiava. Para ter a licença porém, o aprendiz ou o gondoleiro herdeiro tinha que passar por um teste de remo. Hoje, para tornar-se gondoleiro é necessário muito mais do que isso. Os aspirantes a gondoleiro devem fazer um curso onde aprendem história e a arte de Veneza, além de pelo menos uma língua estrangeira. Depois é necessário fazer um concurso público. Com a aprovação, o gondoleiro deve realizar um estágio com um profissional e depois deste período passa por uma prova prática, com uma banca formada por outros gondoleiros. Passada esta etapa ele finalmente obtém a licença e pode trabalhar oficialmente como gondoleiro.


No passado as gôndolas eram coloridas e decoradas com muito esmero. As famílias enriqueciam as gôndolas com decorações, pinturas, ornamentos dourados, flores e gastavam uma verdadeira fortuna para demonstrarem seu poder e riqueza por meio de sua gôndola. A mania de ostentação acabou depois que uma lei do Senado definiu que todas as gôndolas deveriam ser pretas e proibiu as decorações exageradas, padronizando assim o meio de transporte. Nos dias de hoje, as gondolas são mais usadas para o turismo. O ingresso é bem salgado, cerca de 80£ para mais, por 45 minutos.
Veneza é uma cidade de identidade própria, diferente, bonita e emblemática, que nos remete a sentimentos humanos profundamente intrínsecos de difícil explicação.


RESPONDENDO ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE VENEZA:
  • As águas de Veneza são fétidas? -Não. Nos dois dias em que visitei a cidade, a lagoa não tinha nenhum cheiro fétido e suas águas era de um verde claro que parecia limpa.Em alguns períodos do ano surge um odor desagradável em função da proliferação de algas.
  • Veneza com o passar do tempo vai afundar sob as águas? -Segundo informaram, não, Veneza não está afundando, mas sim inundando. Somente nos períodos de cheia, a água invade a Piazza San Marco, e outras localidades, desde tempos imemoriais, mas isto somente nas cheias. As portas no térreo de alguns prédios, precisam ser seladas com barreiras e, se a água estiver particularmente alta, os barcos podem ser incapazes de passar debaixo de diversas pontes, até que a água eventualmente desça.
  • Mas as marés altas, responsáveis por inundações recorrentes na cidade, não é um fator que colapsaria a cidade e todo o seu patrimônio histórico-cultural? -Sim este é um problema que demanda cuidados e ações não só em Veneza, mas no mundo todo, quando se pensa nos problemas causados pelo aquecimento global. Atualmente Veneza passa por uma questão tão seria quanto, que é o turismo de massa. Veneza recebe anualmente 30 milhões de turistas. Especialmente no verão, as visitas crescem e a situação torna-se insustentável. Além dos turistas que chegam pela estação de trem, e de ônibus e carro pela Piazzale Roma, existem ainda os navios de cruzeiro que desembarcam na cidade. Em 2015, um milhão e meio de pessoas chegaram a Veneza com os navios. As estatísticas mostram que a cada ano Veneza ganha mais turistas e perde residentes. Todos os dias os residentes convivem com o turismo massivo. É muito óbvio que a principal fonte de renda da cidade provenha destas visitas, mas é necessário encontrar um equilíbrio entre a saúde financeira e a saúde física da cidade. 
Até o próximo destino!



MILÃO.


Minha primeira parada ao chegar na Itália foi em Milão, capital da região da Lombardia, com cerca de 1.308.735 habitantes. A área urbana de Milão é a quinta maior da União Europeia, e a região metropolitana é a maior e mais populosa da Itália. Apelidada de a capital da moda,  possui a catedral gótica mais bela do mundo.

DUOMO DE MILÃO:
Essa maravilha da arquitetura medieval tem um pouco de tudo para agradar turistas e deixar os milaneses orgulhosos: O belíssimo revestimento de mármore de Candoglia, (pedra cristalina de cor rosa, retirado da aldeia de Candoglia, no município de Mergozzo), que combina com uma resistência excepcional devido às propriedades físico-químicas). Os vitrais da Catedral do século 13 são de impressionar qualquer simples mortal.


UM POUCO DE HISTÓRIA: 
O Duomo conforme dizem os italianos é o mesmo que catedral. (A palavra duomo vem do latin: domus e significa casa. Pode ser qualquer casa, que no contexto religioso passou a ser a casa de Deus.)  A sede da arquidiocese ou Duomo de Milão, está localizado na praça central da cidade e é a quarta maior igreja da Europa com uma superfície interna de 11.700 metros quadrados. Começou a ser construída em 1386 e só foi finalizada no no século XIX, ou seja, levou mais de 400 anos para ser concluída.
O que ver no Duomo de Milão?
Além do magnifico edifício com inúmeras belas esculturas, em cima da torre mais alta da catedral, encontra-se a famosa Madoninna, uma estátua dourada (de cobre), que representa a Madonna Assunta e é o símbolo da cidade.
Os batistérios de S. Giovanni alle Fonti e de Santo Stefano, o museu do Duomo e as inúmeras obras de arte como a tumba de Gian Giacomo Medici de Leone Leoni (1563); o banco em nogueira reservado aos bispos (1572-1620); o santo chiodo (prego santo) da cruz de Jesus, conservado num tabernáculo em cima do altar; os vitrais históricos dos séculos XV e XVI; o candelabro Trivulzio, obra em bronze predominantemente gótica; a Meridiana e a cripta de San Carlo di Richini (1606) com o caixão que conserva o corpo de Carlo Borromeo.
Uma das maiores e mais conhecidas obras de arte do mundo está em Milão.
O que poucos sabem é que a obra, A Santa Ceia, trata-se de uma parede pintada por Leonardo da Vinci e não um quadro. A visitação é controlada e feita a grupos de 25 pessoas a cada 15 minutos.
O terraço, com vista para a praça do Duomo, para a cúpula da galeria Vittorio Emanuele, para os arranha-céus de Porta Nuova, tem uma superfície de 8.000 metros quadrados, feita com mármore de Condoglia. Para subir no terraço pega-se um elevador e paga-se € 13 por pessoa, mas se você quiser enfrentar os 201 a pé, é de graça.


GALERIA VITTÓRIO EMANUELE:


A Galeria Vittorio Emanuele,  foi inaugurada em 15 de setembro de 1867, na presença do rei Vittorio Emanuele II e está localizada na praça a o lado da Duomo de Milão, que por sua vez, possui as boutiques, lojas, relojoarias, restaurantes mais caros da cidade. Projetada como um corredor entre a Praça Duomo e a Praça Scala, era usada pela burguesia milanesa para passear antes ou depois dos espetáculos do Teatro Scala. A bela cupula de ferro e vidro em estilo eclético, abriga lojas como a primeira Prada aberta na Itália,  restaurantes e bares históricos e luxuosos como o Campari e  o Camparino, com uma variável lista de coquetéis a base de campari e de fama mundial.


Milão conta com 18 linhas de bonde que percorrem a cidade até depois da meia-noite, sendo o meio de transporte com o horário mais amplo. Os bondes estão numerados de 1 a 33. As passagens podem ser adquiridas nas estações de metrô ou nas bancas de jornal, a partir de 1,50 euros, de acordo com o tempo de uso. £1,50 por 90 minutos após a validação. Os bondes circulam por Milão desde 1876, quando eram puxados por cavalos.


Milão é a capital italiana da moda e reúne lojas de grandes estilistas e joalherias renomadas no exclusivo quadrilátero do ouro, delimitado pelas vias Monte Napoleone, Alessandro Manzoni, della Spiga e pela corso Venezia.
A porta de entrada do quadrilátero da moda é a via Monte Napoleone, considerada uma das dez ruas de compras mais luxuosas do mundo e embora as ruas não sejam muito longas, a quantidade de lojas concentradas por ali é enorme.


HISTÓRIA DO QUADRILÁTERO DA MODA:
Desde a Idade Média até o começo do século XVIII, a atual via Monte Napoleone chamava-se Contrada di Sant’Andrea e era uma espécie de fronteira urbana, uma região de conventos e mosteiros com grandes hortas.
No final do século XVIII e no início do século XIX, os aristocratas, que juntamente com o clero representavam apenas 9% da população, mas eram proprietários de dois terços das terras milanesas, invadiram a região desalojando freiras e monges e transformando as hortas em jardins públicos.👈😡O nome Contrada di Sant’Andrea foi substituído por Monte di Santa Teresa em 1872, quando a imperatriz Maria Teresa da Áustria ordenou a abertura de uma loja de penhores no número 12 da rua Contrada. A loja de penhores fechou doze anos depois, mas foi reaberta por Napoleão Bonaparte. Em sua homenagem, a casa de penhores e a rua mudaram de nome mais uma vez.
No século XIX, a via Monte Napoleone recebeu muitas famílias ricas e alguns personagens milaneses ilustres como o escritor Carlo Porta e o poeta Tommaso Grossi. Também reza a lenda que Giuseppe Verdi compôs Nabucco ali.
A partir dos anos 50, a via Monte Napoleone impôs-se como uma das ruas de compras mais importantes do mundo.
Hoje caracteriza-se pela presença massiva de marcas de grande prestígio, responsáveis por cerca de 12% do PIB total de Milão.
créditos ao site: O Guai de Milão.
Milão e composta por prédios muito antigos, praças com chafarizes, lambretas, ruas sinuosas por onde passam saudosos bondes que circulam por toda a cidade. Por traz de cada porta antiga com seus quase 3 metros de altura, se esconde uma loja, uma relojoaria de fama internacional, que assustam os simples mortais pela elegância e preço.👀
Até o próximo passeio!

ROMA. A CIDADE ETERNA.

Eu tinha um sonho, o de chegar na Fontana de Trevi durante a noite e tomar um banho de roupa, naquela fonte gigantesca e maravilhosa. Era um fetiche, que deve ter nascido com as cenas do filme de Felline e que foi desaparecendo com o tempo e também quando descobri que poderia ser preso por isto. A fonte é realmente grande, iluminada a noite e dando aquela vontade de se jogar pra dentro.


A oportunidade de passar 10 dias na Itália bateu de repente na minha porta, dando-me  a chance de vivenciar momentos mágicos, de estar em lugares que até então me pareciam inventados pelo cinema italiano e paginas de revistas me provando que tudo é real. 
As coisas funcionam meio que desta forma pra mim: Elas só passam a existir de fato, quando tenho algum contato visual.
O pacote foi de 10 dias (06/04 à 16/04/2018), onde deu para conhecer 10 cidades. Um pouco apertado, mas valeu a pena, tratando-se de um lugar como a Itália e em particular Roma e Veneza que corresponderam a todas as minhas expectativas.


Mas mesmo sendo tudo tão real, Roma me pareceu uma cidade cenográfica, por comportar tanta beleza, cultura e história em suas ruas estreitas, avenidas, praças, pontes, prédios e monumentos seculares. As ruas estreitas e sinuosas de alguns bairros, por exemplo, te reportam para as cenas inusitadas dos filmes de Fellini, de Rossellinni, de Vittorio De Sica, transformando tudo em nossa volta, como numa cena de filme, porém, inacreditavelmente real. É só se beliscar, para se ter certeza de que não é sonho e que estamos acordados!
Por vezes me sentia dividido entre o sonho e a realidade. Era muita coisa para ver, admirar, administrar...


Roma é de fato o berço da civilização ocidental, onde o passado e o presente se encontram em cada esquina com seus surpreendentes monumentos, um museu a céu aberto com mais de 2.700 anos de existência e que nenhuma outra cidade do mundo conseguiu superar.
Como as vezes dizia a guia de turismo para o grupo: "Tudo começou aqui!..
Apesar disto, Roma nos dias de hoje, possui pouco espaço nos centros urbanos para se viver, as construções são baixas e sem garagens para guardar carros, poucos estacionamentos de rua, que obriga os romanos a comprarem veículos cada vez menores.
O sistema de linhas de metrô, por exemplo, tem um cumprimento de 38 quilômetros, operando somente duas linhas A e B ao redor da cidade, contra os 213 quilômetros de linhas de Paris e os 408 quilômetros de linhas de Londres. A frágil composição geológica da cidade e a descoberta de sítios arqueológicos com artefatos de grande valia,  tornaram inviável as grandes escavações, para projetos arquitetônicos e transportes urbanos de grande porte.


Um fato comum em Roma é você estar andando de carro, de ônibus ou a pé pelo centro da cidade e de repente numa esquina, se deparar com um grande monumento como o Coliseu, os muros do Vaticano, ou o templo da deusa Vênus. É de arrepiar!
Caminhar sobre a ponte do Rio Tibre ao entardecer é também uma forma de se deliciar com todos os elementos que a cidade tem a oferecer. Durante a noite, quando a cidade está toda iluminada, cai a ficha e se tem noção do porque a cidade é uma das mais visitadas do mundo.

RIONE TRASTEVERE:
Nas proximidades do Vaticano pode-se visitar Trastevere, um bairro charmoso e boêmio da cidade eterna (Roma), cuja a movimentação de pessoas em busca de restaurantes, bares e lojas de antiguidades em geral, lembra a nossa Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, só que em menor tamanho. 
Localizado na margem ocidental do rio Tibre e ao sul do Vaticano, o nome Trastevere vem do latim e significa além do Tibre ou além do Tevere. Ou seja, depois do Rio Tevere.
Caminhar por suas ruas estreitas e cheias de restaurantes, bares, tratorias, atelieres, até se perder é algo que ficará pra sempre na memoria de quem o visita. O bairro abriga galerias de arte e recebe feiras livres, principalmente durante o verão, quando as margens do rio são tomadas por bares, restaurantes e outras atrações, como um cinema ao ar livre.


No bairro, não faltam lambretas coloridas, pequenos carros para uso de duas pessoas, gente jovem e bonita, que preferem um lugar de encontro mais alternativo, porem com a mesma qualidade gastronômica, que os grandes centros do mundo.
Neste lugar o uso do forno de micro-ondas nos restaurantes é terminantemente proibido. Todo e qualquer ingrediente no preparo de pratos é fresco e levam no mínimo 40 minutos para serem servidos. A ordem aqui é sentar, beber e apreciar sem pressa o que de melhor existe em termos de gastronomia.
E por falar em comida...

CURIOSIDADE 1 
  • A salada:
Na Itália, a salada é servida como um prato, seria a segunda etapa de uma refeição e nunca o primeiro. Pedir uma salada como um aperitivo ( ou entrada) não é comum: os italianos preferem usar salada para limpar o paladar depois de comer a maioria de sua refeição.

  • Massas e carne no mesmo prato: 
Os italianos nunca colocam os dois no mesmo prato. Pasta é uma coisa, carne, frango e almôndegas são outra: você nunca vai vê-los misturados. 

CURIOSIDADE 2: 
  • O café:
O café italiano é bem forte e concentrado em uma pequena dose. Não se assuste quando você ver o café, é a metade de um expresso brasileiro, às vezes até menos. Então não pense “que mãos de vaca! Por que colocou só isso?”. Se quiser um expresso como o do Brasil, peça um café lungo. Caso goste do café bem fraquinho peça um café americano. Vivendo e aprendendo



COLISEU:
Uma das atrações mais clássicas de Roma e também conhecido como Anfiteatro Flaviano, o Coliseu era o local de uma série de espetáculos, entre eles os combates entre gladiadores e a morte de escravos e cristãos devorados por animais selvagens.
Erguido durante a dinastia Flaviana, o Coliseu resistiu à terremotos, incêndios e saques. Aproximadamente 2/3 da fachada original foram perdidos.


O Coliseu é um dos monumentos mais visitados do planeta e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Vale lembrar que a visita ao Coliseu faz parte de algo muito maior. O anfiteatro está ao lado do Fórum Romano, coração da antiga Roma, e do Palatino, casa dos imperadores.


VATICANO:
Mas a visita a Roma não estaria completa sem conhecer os museus do Vaticano, um conglomerado de museus em um só, fundado em 1506 pelo Papa Júlio II, com uma vasta coleção de arte e peças reunidas ao longo dos séculos.
Nos Museus você encontrará a história do mundo, como a Estátua de Hércules, a estátua em mármore de Laocoonte e filhos datada de 40 a.c., os bustos de deuses da Roma Antiga, múmias, a divina Capela Sistina, pintada por Michelangelo e o sarcófago de Santa Helena.

Mas quem foi Santa Helena?
Nascida no ano de 255 em Bitínia, de família plebeia, no tempo da juventude trabalhava numa pensão, até conhecer e casar-se com o oficial do exército romano, chamado Constâncio Cloro.
Fruto do casamento de Helena foi Constantino, o futuro Imperador, o qual tornou-se seu consolo quando Constâncio Cloro deixou-a para casar-se com a princesa Teodora e governar o Império Romano. Diante do falecimento do esposo, o filho que avançava na carreira militar substituiu o pai na função imperial, e devido a vitória alcançada nas portas de Roma, tornou-se Imperador. Aconteceu que Helena converteu-se ao Cristianismo, ou ainda tenha sido convertida pelo filho que decidiu seguir Jesus e proclamar em 313 o Édito de Milão, o qual deu liberdade à religião cristã, isto depois de vencer uma terrível batalha a partir de uma visão da Cruz.
Faleceu em 327 ou 328 em Nicomédia, pouco depois de sua visita à Terra Santa. Os seus restos foram transportados para Roma, onde se vê ainda agora, no Vaticano,


Vai encontrar também, as Salas de Rafael, o Museu Pio Clementino, Museu Gregoriano Etrusco, Museu Gregoria Egípcio, Pátio da Pinha, Apartamentos Borgia, Museu Chiaramonti, Sala Imaculada Conceição, e tantas outras indescritíveis.

As Salas de Rafael:
As salas eram os aposentos privados do Papa Julio II (1503-1513), que chamou o artista renascentista Rafael, quem admirava, para decorar as paredes e o teto.
O trabalho começou em 1508 e levou 16 anos para ficar pronto. Tanto o Papa, quanto Rafael, não chegaram a ver o resultado final, pois faleceram antes do término. Felizmente, o artista deixou o projeto dos afrescos, que serviram de base para a conclusão realizada por seus discípulos.

Apartamento Borgia:
são um conjunto de seis salas no Palácio Apostólico Vaticano , que foram usadas pelo papa Alexandre VI (Rodrigo de Borja ou Borgia) para uso próprio no final do século XV . Tendo encomendado, o pintor italiano Bernardino di Betto di Biagio e seus assistentes, decorando seus quartos com pinturas e afrescos.


Separe pelo menos 4 horas para visitar os museus. Os ingressos para adultos custam €16. Se comprar online pela Internet pagara €27 que apesar de mais caro, tem duas grandes vantagens: não pega fila para comprar o ingresso e corta todas as filas para entrar nos Museus.


O Vaticano ou Cidade do Vaticano, oficialmente Estado da Cidade do Vaticano é a sede da Igreja Católica e uma cidade-Estado soberana sem costa marítima, cujo território consiste de um enclave murado dentro da cidade de Roma, capital da Itália que existe desde 1929.


A Cidade do Vaticano é um Estado eclesiástico ou teocrático-monárquico, governado pelo bispo de Roma, o Papa. A maior parte dos funcionários públicos são todos os clérigos católicos de diferentes origens raciais, étnicas e nacionais. É o território soberano da Santa Sé e o local de residência do Papa, referido como o Palácio Apostólico.
Uma visita a este lugar vale a pena para se ter noção da riqueza e do poderio adquirido pela igreja neste passar de séculos.
Até o próximo passeio!

UM JOVEM CHAMADO LUCAS

O suicídio de um jovem colega de trabalho, esta semana, deixou todos os outros colegas surpresos, tristonhos, indignados, perdidos, sem respostas, sem saber o que pensar, se perguntando principalmente o que teria levado ele a cometer tamanha atrocidade com a própria vida. 
Algumas resenhas emocionadas e micro-textos foram postadas no Facebook em memoria do que ficou de sua lembrança, um adeus, um descansa em paz  e quem sabe do que poderia ter sido feito para evitar este trágico desfecho, por que ninguém sequer havia percebido, a sua possível tristeza, a sua solidão, o seu sentimento de abandono que desencadeou tudo isto; afinal era um jovem aparentemente feliz e com uma vida inteira de conquistas pela frente.
Mas nada me tira da cabeça a responsabilidade da sociedade como um todo, causadora das deformidades e doenças que acometem a integridade emocional das pessoas que tentam sobreviver a ela.
A sociedade cria monstros, vitimas e suicidas que vê na própria morte uma libertação, um alivio da dor e do peso que carregam. Cria também, surdos, mudos e cegos, que não conseguem mais perceber que a sua volta existem pessoas precisando de alguma atenção, uma gentileza, um sorriso, uma palavra, um abraço.
Somos co-responsáveis, pela falta de tempo, pelo olhar desatento, pela falta de comprometimento e uso de protocolos.
Um dia, quem sabe, passaremos a ser menos juízes e mais fraternais.

ENTÃO VAMOS!

Depois de subir a escadaria e chegar ate a porta recostada, nos enchemos de coragem e a empurramos, fazendo a abrir sem dificuldade. Lá dentro a pouca iluminação, por falta de lampadas e janelas fechadas, causavam a sensação de que ainda era noite, daquelas noites estranhamente silenciosas e que pareia  não haver mais ninguém acordado no mundo.
De um dos cômodos, a unica lâmpada ligada, distribuía um facho de luz que chegava até nós, na sala e então ela apareceu, de cabelo amarrado, vestido florido e arrastando uma mala de rodinhas. Olhou-nos como se nos conhecesse e estivéssemos sendo esperados e cruzou a sala dizendo: Vamos, já estou pronta para a viagem!
Tudo seria absolutamente normal, se não fosse o fato de que ela estava sendo conduzida por nós, a uma simples consulta psiquiátrica.
Mas pera ai... O que é absolutamente anormal nesta história, se cada um vive no seu tempo emocional. A loucura talvez seja apenas um apelido que damos a este encontro de sentimentos, absolutamente diferentes, a o que chamamos realidade.

LOBOS FAMINTOS.

Tem coisas que acontecem no dia a dia da gente, que é lamentável e mesmo sendo um fato real, fica parecendo cena de novela das Seis. 
As pessoas podem sentirem-se no direito de criticar você e o seu trabalho,  simulando com aquele olhar fraternal e de responsabilidade social consciente, mas quando reúnem outras pessoas para falarem disto, nos churrasquinhos de fundo de quintal, aos finais de semana, isto tem outra motivação, é mau-caratismo e fofoca, disfarçado de outros nomes.
E pra deixar claro o que o dicionario descreve, sobre esses dissimulados e egoístas, são pessoas de caráter mau e traiçoeiras, não inspiram confiança. É sinônimo de cafajeste, canalha, patife, velhaco, calhorda, desonesto, entre outros.
São como lobos famintos que mesmo alimentados com cuidado e atenção, te mordem a mão quando ficas desatento.


UM QUADRO NO CÉU



Quando vi este pôr de Sol, no terraço da minha casa, pensei com meus botões: O que se aprende não é somente o que se vê e se lê, mas o entendimento amplo da leitura que fizemos interiormente. Não é a toa que muitas leituras nos são surpreendentemente, transgressoras e transformadoras!..

2018

2018 chegou em mim com uma força diferente dos outros anos. Força de mudanças, cuja a responsabilidade maior, depende só de ajusta-la na vida, como uma verdade, através da mudança de hábitos, atitudes, reflexões que geram novos pensamentos e olhares, abrindo novos caminhos e abdicando de certos privilégios. 
Li uma frase que não vou identificar o autor, mas que ajudou na minha decisão:
"Não abro mão da minha horta, nem do meu galinheiro. Isto não é questão de idade, isto é questão de oposição!"
Não, eu não vou fazer uma horta nem criar galinhas, mas pensei que abrindo mão de certas concessões, também posso fazer oposição.

COQUETEL.

Depois de um tempo, a gente fica meio de vagar, meio esquecido, meio sem forma, meio surdo, meio deselegante, meio sem paciência, meio reclamão e sem  achar graça, daquilo que todos acham graça e fazem disto um caminho para suportar o que por vezes, pra nós, não é mais aceitável.
Gosto dos bem humorados, como aquela frutinha doce, mergulhada na bebida amarga, que a deixa mais palatável, mas acho sem graça, os que acham tanta graça das destorções sociais e politicas do mundo como se tudo fosse uma piada e parecendo ter a resposta e um certo controle sobre tudo!


QUEM TEM MEDO DE PABLO VITTAR?


Irritado eu?.. Por que eu não seria mais um entre centenas, talvez milhares, numa sociedade cheia de juízes, de mentores, de filósofos, psicanalistas, de cientistas políticos online, de donos da verdade absoluta que tem a resposta na ponta dos dedos para arrumar o mundo, que tem a chave para a felicidade e do bem viver? 
De gente, por exemplo, que perde seu tempo falando mal de Pablo Vittar nas redes sociais e de suas performances ditas “sem talento”, tentando construir-se de um status critico de intelectualidade e bom gosto, que não possuem, fazendo aumentar cada vez mais o marketing do Drague Queen, que enche os bolsos de dinheiro e dos empresários da mídia que o apoiam?
Sabe aquela frase: “Falem mal, mas falem de mim!..” Então?
Fico irritado sim, porque não absorvo estas novidades como uma ameaça a sociedade e a minha integridade moral, intelectual, mas fico P da vida, com as mazelas nas redes sociais para gerar  discussões negativas que incitam o ódio e afomentam a discriminação.
Pablo Vittar, assim como Marília Mendonça, Preta Gil e tantos outros, que eu não lembro agora, não me representam por que não falam a minha língua e nem fazem parte do meu repertório emocional; portanto quando os encontro por acaso, através do radio ou da televisão, troco de canal e penso que tem gente que gosta e daí!.



RESTAURANTE-HOTEL TOFFOLO.

E vieram dizer-nos que não havia jantar. 
Como se não houvesse outras fomes 
e outros alimentos. 
Como se a cidade não nos servisse o seu pão 
de nuvens. 
Não, hoteleiro, nosso repasto é interior
e só pretendemos a mesa. 
Comeríamos a mesa, se no-lo ordenassem as Escrituras. 
Tudo se come, tudo se comunica, 
tudo, no coração, é ceia. 
Carlos Drummond De Andrade



O Bar Restaurante e Hotel Toffolo em Ouro Preto, é destes lugares intimistas, que te convidam para um passeio no passado. Portas e janelas de um azul colonial vibrante, moveis antigos de madeira escura, meia luz e uma simplicidade, que reporta para uma taverna do seculo passado. Um garçom atencioso e educado, uma senhora que incansavelmente se mantém de pé atrás de um balcão, coordenando tudo a volta, com a voz mansa e um sorriso que esbanja bom humor e delicadeza. 


Dona Gracinda Toffolo supervisiona com espantosa energia o estabelecimento que está com a família a mais de um séculos. A propriedade é o primeiro hotel-bar da cidade de Ouro Preto, já existente há 114 anos e nele hospedou os escritores Manuel Bandeira e Carlos Drummond Andrade autor do poema que postei no inicio da página.

ESCADARIA LADRILHAR.


Então, quem já ouviu falar no Projeto Ladrilhar? Eu não conhecia, ate ler uma pequena nota no Jornal Diário Gaúcho, que caiu nas minhas mãos, não lembro como, num dia em que eu estava trabalhando e, me chamou a atenção e curiosidade.

O Projeto Ladrilhar foi uma ação de moradores do Bairro Jardim Carvalho, na zona leste de Porto Alegre, estimulando os conceitos de cidadania e empoderamento, para demonstrar que a união faz a força e é fundamental, podendo modificar um espaço público e seus conceitos. 

LOCALIZAÇÃO:
Localizada na Rua Professor Antônio Peyronton Louzada S/N no bairro Jardim Carvalho em Porto Alegre, uma escadaria antes, desconhecida, perigosa, intransitável e abandonada por mais de 50 anos passou a ser não só um atrativo turístico, mas a prova de empenho e força de seus moradores, que juntos, através de mutirões, lutaram por um objetivo comum: Revitaliza-la, e assim, mudar seus conceitos sociais, na periferia da cidade.


A ideia surgiu, do idealismo de uma moradora, a psicóloga Claudia Coelho de 46 anos, que com apoio dos vizinhos, transformou a escadaria de 88 degraus, antes uma rota de fuga de assaltantes e ponto de encontro de usuários de drogas, num orgulho para o bairro e exemplo para a cidade, a ser seguido.

LÍNGUA PINTADA

Um copo de suco, sobre a mesa.
Era só o que ele gostava de beber.
Matar a sede, adoçando a boca.
Se deliciar.
Manchar a língua de vermelho. 
Deixa-la meio esquisita.
Feito um artista de Circo.
Ou como a língua do Mick Jagger.

CANÇÃO IX



Tenho meditado e sofrido
Irmanada com esse corpo
E seu aquático jazigo

Pensando

Que se a mim não me deram
Esplêndida beleza
Deram-me a garganta
Esplandecida: palavra de ouro
A canção imantada
O sumarento gozo de cantar
Iluminada, ungida.

E te assustas do meu canto.
Tendo-me a mim
Preexistida e exata

Apenas tu, dionísio, é que recusas
Ariana suspensa nas suas águas.

NÃO ERA DESTE MUNDO

Um corpo se juntou a o meu, na madrugada.
Deitou na minha cama e me abraçou do nada. 
Estava escuro e eu não quis me virar.
Não quis verificar.
Fiquei imóvel.
De olhos fechados.
Calado.
Coração acelerado.
Assustado.
Que desafio tão complicado.
Não quis saber quem me abraçou naquela madrugada
Tentando me aquecer. 
Me envolver.
Fiquei ali parado.
Apavorado.
Asfixiado.
Pensando que aquele corpo
 talvez não fosse deste mundo.

OLINDA- PERNAMBUCO

 “Ó linda situação para se construir uma vila”.



A HISTÓRIA:
Eu ouvi falar de Olinda ainda na escola, por uma professora nordestina que coincidentemente se chamava Olinda: Um lugar entre colinas, fundado por um fidalgo português, chamado Duarte Coelho, que tomou posse da região, quando está, ainda era habitada por índios, no período que foi instituído as capitanias hereditárias pela realeza portuguesa.
Olinda é uma das mais antigas cidades brasileiras, tendo sido fundada (ainda como um povoado) em 1535 pelo primeiro donatário.
Foi a cidade mais rica do Brasil -Colônia entre o século XVI e as primeiras décadas do século XVII, chegando a ser referida como uma "Lisboa pequena", dada a opulência, só comparável à da Corte portuguesa.


Depois de povoado, Olinda prosperou chegando a posição de vila e mais tarde invadida e depois  incendiada peles holandeses, nas disputas por terras. 
Olinda foi perdendo seu espaço para Recife, onde seus invasores se estabeleceram e prosperaram.
Muitas edificações foram saqueadas e levadas para Recife, localizada a 7 quilômetros de Olinda. Somente em 27 de janeiro de 1654, os holandeses foram expulsos e iniciou-se a lenta reconstrução da Vila de Olinda.




O QUE ENCANTA NA CIDADE:
Olinda até hoje desperta encantos, por apresentar uma arquitetura colonial com casinhas e sobrados coloridos, pois naquela época não era usado números nas residências, eram identificadas apenas pela cor vibrantes das fachadas.


As ruas sinuosas e estreitas são iluminadas por lampiões de luzes amarelas nas fachadas das casas, sem postes e com calçamentos de pedras, muitas retiradas do mar. Essas pequenas ruas descem colina a baixo e desembocam em praias de águas límpidas, morna  e cor esverdeada.


CENTRO HISTÓRICO:
Subindo a Ladeira Da Misericórdia, chega-se no seu centro histórico, onde é possível vislumbrar a beleza do mar, com algumas barreiras naturais e a cidade de Recife.
Foi no alto desta colina, que surgiu o nome da vila, a partir de uma exclamação feita por seu donatário Duarte Coelho: “Ó linda situação para se construir uma vila”.


Sua vida noturna e agitada, com muitos bares e restaurantes que disputam espaço no centro histórico e na beira-mar. Durante o dia, alem da maravilhosa praia, feiras de artesanato comercializam diversos trabalhos de artistas locais por preços acessíveis.


BASÍLICA DE SÃO BENTO:
É a igreja mais rica de Olinda, fundada em 1582 com um altar de madeira banhado de ouro 22. Este altar foi desmontado 2001 em 52 peças e levado para Nova Iorque, numa exposição que comemorava os 500 anos do Brasil. Possui também o quadro mais antigo do pais, mais ou menos 400 anos, em estilo renascentista com a imagem de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro.
Também é a unica igreja em que a imagem de Cristo fica virado para a rua e de costas para o altar. O Convento de São Francisco e suas quatro capelas com azulejos portugueses e a Igreja da Sé, de onde se tem a clássica panorâmica da cidade, tendo Recife e o mar como pano de fundo. 


Vale a pena também conhecer: O antigo observatório astronômico de Olinda, do século XIX, atualmente fechado sendo restaurado e transformado num Centro de Informações Turísticas.

MERCADO DA RIBEIRA:
Neste local eram presos e comercializados os escravos e hoje transformado num mercado de artesanato.




ELEVADOR PANORÂMICO E MIRANTE DA CAIXA D'ÁGUA DA SÉ:
Inaugurado no final de 2011, o elevador panorâmico e o mirante da caixa d'água da Sé de Olinda, são as mais novas atrações turísticas do Sítio Histórico. A 20 metros do solo, o mirante descortina uma visão de 360 graus de Olinda e do Recife, assim como o elevador. A viagem é R$ 5,00 e pode ser feita das 14h às 17h.
Listada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, Olinda possui 22 templos católicos e 11 capelas de singular beleza par se conhecer e nunca mais esquecer.



CARNAVAL E OS BONECOS GIGANTES:
Uma das principais marcas de Olinda é o Carnaval e o desfile dos Bonecos Gigantes. Confeccionados de madeira, papel e tecidos, estes bonecos são conduzidos pelas ruas da cidade, animando os foliões. Um dos bonecos mais conhecidos e tradicionais é o “Homem da meia-noite”.
Estes bonecos são representações de importantes personalidades históricas do Brasil e do mundo. Políticos, músicos, atletas e artistas famosos são transformados, com muito talento e arte, nestes lindos símbolos do carnaval olindense.


Todos os anos, mais de um milhão de foliões participam da festa popular. São aproximadamente 500 grupos carnavalescos que desfilam pelas ruas, principalmente do centro histórico de Olinda desembocando na região dos 4 Cantos, uma encruzilhada formada por 4 ruas que se encontram. Além dos clubes carnavalescos, saem às ruas clubes de frevos, blocos, maracatus, troças, afoxés e caboclinhos.
Olinda é a mais antiga entre as cidades brasileiras declaradas Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO, e foi o segundo centro histórico do país a receber tal título, em 1982, após Ouro Preto.
Tambem foi eleita a primeira Capital Brasileira da Cultura, após concorrer com as cidades de Salvador e João Pessoa.

Até o próximo passeio!

TUDO MUDOU.

Nada mais em mim responde aos teus apelos.
Nem minhas células,
Nem minha alma,
Nem eu mesmo, respondo.
Tudo mudou de rumo, pra outra direção.
Não tenho mais essa compulsão,
De fazer e ouvir reclamações.
Não te dou atenção.
Fechei meus ouvidos,
Meus olhos.
Minha atenção.

CIDADE TRISTE.


Quando caminho num dia cinza, como o de hoje, com chuva e vento frio me batendo na cara, árvores sacudindo nas calçadas e pessoas em silêncio seguindo seu rumo, sinto cruzar as fronteiras de um filme mudo, que ficou lá para traz, em algum lugar esquecido do pensamento.
Vem a saudades de um poeta que se foi, de uma praça que se esvaziou, de uma rua que não sei onde vai dar, nesta cidade tão triste que os grafites tentam alegrar.

TESTOSTERONA.

Existe um homem que há nos homens, 
que desperta alguns sonhos, 
que libera certos hormônios,
com cheiro desconhecido, 
mas familiarizado aos mais íntimos sentidos.

Existe um homem que há nos homens, 
Que de tão quieto, não é notado, percebido.
Que de tão forte, é vigiado, perseguido.
Que de tão belo e audaz é temido.

Existe um homem que há nos homens,
camuflado de resistências,
que não se dobra a insistências,
 Que pra ser conquistado,
somente com muita
Paciência.

COM MEUS BOTÕES

Neste jogo em que algumas pessoas se submetem a viver como gladiadores não para manter sua acuidade de sobrevivência, mas a vaidade pessoal, nada pode lhes garantir uma soberania para toda a sua existência.
Ingênuos são os que acreditam nisto. São apenas peças manipuladas por um jogo maior de interesses e vaidades que logo perderá sua funcionalidade e também irá cair. 
É inacreditável as pessoas não perceberem que o que é novo hoje, se torna velho amanhã e como diz a musica do Belchior: "O novo sempre vem..."

PANDORA E GIRALTO

Te levanta, abre a porta.
Nada aqui nos conforta.
Nada ilumina ou da cor ao teu olhar , nem ao meu.
O que te prende aqui, não sou eu.
Acenda a luz por favor.
Já é tarde, ainda não amanheceu.
A casa está vazia e só reflete sombras. 
Só falta nós abrirmos a porta e sairmos sem alardes.
Os outros já se foram.
Nosso tempo se esgota, nos derrota.
Te levanta, abre a porta, acenda a luz.
Transportemo-nos para além deste sofá vermelho e das paredes cinzas.
Talvez num outro lugar, encontremos guarida entre alamedas floridas.
Há nas Dálias, Rosas, Lírios, Hortênsias, partes de nós, esparramados entre raízes que brotam no meio das pedras, na mata, nos rios, nos caminho das estradas altas da serra de outro mundo.
A luz virá natural, como um eclipse, numa noite de Natal.
Te levanta, abre a porta.
Vem.
Quem sabe partir, seja o nosso presente.
Nos alimentaremos de luz e néctar.
Passearemos de mãos dadas.
Tu Pandora e eu Giralto.

RACIOCÍNIO COMPLEXO


É preciso paciência para entender este raciocínio complexo:
O que se perde é o que se ganha. 
O que parece menos é mais. 
E o profundo é tão raso, que podemos atravessar a pé,
sem medo de nos afogarmos.

VENUSTO.

Não, eu não sei falar bonito ou dar grandes opiniões. Não sei lidar com as palavras, assim como muitas mulheres daqui, que passam a maior parte da vida, na beira do riacho lavando, ou na frente do fogão cozinhando.
Só sei, é que perto da hora em que tu chegas do trabalho, cansado, preparo o que aprendi de minha avó, que também ensinou minha mãe, sem muitas palavras.
Corto as cebolas que tenho, esmago todas as cabeças de alho que perfumam a casa, quebro os galhos de alecrins, louros e outras ervas que colho do mundo e jogo no cozido,  alvoroçando toda a vizinhança.
Sirvo-te em silêncio, com arroz soltinho, na mesa arrumada sem assuntar, por que não tenho palavras bonitas e de grande importância pra dizer.

QUE NÓ É ESTE.

Que nó é este, 
Que não se desfaz.
Que tanto aperta,
E se refaz.

Que me tira o sono,
Que me desperta
Que me completa
E me repleta.

E de repente me esvazia 
A qualquer hora do dia.
E não estia.
Me fatia.

E dá uma dor, 
Uma nostalgia,
de certas coisas que eu nem sabia

Que nó é este
Que me sufoca,
Desaparece e logo volta.
Retorna com tanta energia
E me desafia.

SABIÁ.

Sabiá que canta,
que me transplanta do sono,
que me desperta antes da luz clarear,
do dia chegar.

Sabiá escondido, no arvoredo,
o gato malvado quer te pegar.
Atrevido,
exibido,
não para de cantar e
querer me fazer acordar,
me levantar,
me preparar,
para ir trabalhar.

CONVITE FEITO

Apenas uma mensagem
e tua curiosidade se acendeu. 
Respondeu.
Apareceu.
Veio ao meu encontro todo molhado.
Cansado.
Desconfiado.
Sabendo que deveria ficar.
Arriscar.
Ficou. 
Tentar o que nunca tinha feito. 
Se embaraçar. 
Se questionar
Até chorar.
Correr o risco.
Feito corisco
Se mostrar.
Sem se anunciar.

DA GIRA

Uma reza.
Uma oração.
Uma canção.
Despeja tanta emoção.
Bate em meu coração.
Saia rodada.
Perfumada.
Transfigurada.
Bonita.
Transita.
Incita.
Dança como se não dançasse pra ninguém.
Colar de contas. 
Temperado com cachaça e dendê.
Não posso morrer.
Tenho que viver para ter
neste ilê


"Numa tarde, quando eu vi pombas Giras voando, girando, dançando."

ACALANTO.

Deita
O sono já chega
E o corpo cansado
Quer se aconchegar

Dorme
A noite é tão pouca
E o dia já volta
Pra te despertar

Lia, cozinheira e babá
Rita faz amor pra viver
Clara que trabalha por dois
Nina que nem sabe o que fazer

Se amanhece o sonho se vai
Mais um dia pra se viver
Vidas que o destino constrói
Ilusões que o tempo vai varrer

Nina sonha já ser mulher
Rita quer um vestido de outra cor
Clara sonha um tempo de paz
Lia quer sonhar com seu amor

Dorme
Que amanhã é tempo
De recomeçar


Esta musica de Mario Gil, interpretada por Monica Salmaso é uma das coisas mais bonitas que já ouvi nos últimos tempos. Linda, linda. feminina, sensível.

CANÇÃO V

Quando Beatriz e Caiana te perguntarem, Dionísio se me amas, podes dizer que não. Pouco me importa ser nada à tua volta, sombra, coisa esgarçada no entendimento de tua mãe e irmã.
A mim me importa, Dionísio, o que dizes deitado, ao meu ouvido.
E o que tu dizes nem pode ser cantado porque é palavra de luta e despudor.
E no meu verso se faria injúria
E no meu quarto se faz verbo de amor

Hilda Hist./ Zeca Baleiro.

CALIFÓRNIA DAQUI.

Califórnia daqui, underground.
Usa o skate de tapete.
 De manhã milk shake.

Revigora.
Se isola.
Ignora.
Às vezes aparece,
Tocando viola.
Olhos de mau,
Radical,
Não intencional.

Olhos rasgados.
Puxados por um risco atravessado,
Desenhado.

Tesoura na mão.
Cabelos no chão.
Transformação.

Tufo dourado na cabeça.
Coroa com certa estranheza,
Diferente beleza,
Uma certa tristeza.
Flecha veloz nas plataformas de rua,
Nos corrimões,
No concreto armado,
Descolado,
Arremessado.

Não sofre nenhum arranhão.
Presta a atenção.
Apenas a sensação,
Que tem o mundo nas mãos.



TRUNCA


Sempre que repetia os erros, 
Sentia que melhorava.
Então não rebatia,
Não refletia,
 Só insistia na rebeldia.
Persistia nos erros, até chegar aos acertos,
Mesmo com alguns defeitos
E assim fazia a maquina funcionar,
Truncar,
Incendiar,
Ate tudo se ajeitar,
Se arrumar.
Mordia os lábios ate sangrar,
Depois voltava a teimar.


FERIADO NACIONAL

Quando levantou da cama, ao amanhecer, o dia parecia sombrio. O sol pouco evidente, espalhava seus filetes de luz, por entre as arvores, na rua ainda deserta de gente e sem automóveis barulhentos.
Não sabia ao certo, o motivo daquela sua primeira impressão, mas percebeu folhas avermelhadas, nos galhos de pitangueiras e um gato branco, sentado num muro grafitado.
O dia, particularmente aquela manhã, lhe parecia mais lenta que o normal. Nada intencional, mas com aquela cara de feriado nacional.

SANGUE NAS VEIAS.

As veias das mãos e dos braços, turgiam quando ele fazia alguma força, ou movimentava o volante do Cadillac azul para leva-la a passear.
Ela observava-o perfumada, no banco de traz, com discrição e controle de seus impulsos, para não tocar com a ponta dos dedo aquelas mãos e braços e sentir a intensidade com que o sangue corria dentro delas, quente e vermelho.
Haveria muito mais a ser percebido sobre seus  secretos sentidos, não fosse esconder os olhos, que se perdiam na direção da rua, um tanto envergonhados, olhando a paisagem passar.

O GRANDE URSO CHAMADO NITAMARA

Certa noite, uma mulher, engoliu um grande urso. Sem saber ao certo se era sonho ou fantasia da sua imaginação, tentou esquecer daquele fato bizarro e levar a sua vida normal, ate que percebeu, que com o passar do tempo, foi adquirindo certos hábitos e desejos que lhe despertavam uma força, que jamais tivera antes.
Às vezes lembrava em rápidos lampejos, daquilo que parecia um sonho incomum, mas sonhos eram apenas sonhos, porque desperta-los?..
Mas o grande urso engolido, usando de sua inteligencia e força, disfarçado no corpo de tão frágil mulher, decidiu despertar e caçar alguns homens que estavam perdidos na floresta das sombras. 
Juntou-os num mesmo lugar, livres e sem trancas e lhes deu um espaço onde pudessem criar, reconhecer suas almas e assim expulsar seus próprios demônios.
E esses homens então, ainda tímidos, desconfiados, começaram a cantar e a tocar chocalhos como índios, a dançarem em círculos feito galinhas, a declamarem  poesias como Castro Alves, nos seus manifestos abolicionistas.
O que parecia uma desordem, virou uma festa, uma reflexão, uma contestação, uma revolução.
Tambores e cânticos eram ouvidos a uma longa distancia, por outros homens que se aproximavam curiosos.
Há de se pensar nestes homens resgatados, como uma provação e na floresta das sombras como uma prisão e o urso a libertação.
A frágil mulher, talvez desconhecesse que seu nome Nita, que lhe fora dado ao nascer, significava grande urso e Mara, desordem, guerra, revolução.

Este texto é uma homenagem a uma das incentivadoras da cultura em Viamão. Niltamara. Nita: Significa grande urso. Mara: guerra, desordem, revolução.

CANTIGA DE NINAR.


Solidão era uma poeira leve, que cobria a cara dela. E quando o mundo girava, jogava em seu colo pedaços irregulares, que adormeciam em seus braços, feito crianças frágeis e abandonadas.
Às vezes seu olhar se distanciava para as mais profundas incertezas. Mas o mundo lhe confidenciava segredos, com a mesma brutalidade que lhe arrancava pedaços e jogava outros em seu colo, para que pudesse ninar-los.


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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...