SOMOS DOIS A O INVÉS DE UM

O ruim de se acreditar naquilo que não somos verdadeiramente, é que criamos um personagem na nossa vida, para compensarmos o que não gostamos em nós mesmos, ou não damos conta de resolver. Ele serve apenas como um elemento de aprovação as nossas atitudes e sentimentos.
Mas este personagem com o tempo cresce e descobre que precisa respirar, caminhar, ter vida própria nem sempre aos moldes da nossa aceitação.
Ele se torna grande, apodera-se do nosso espaço tornando seu, tudo o que parecia ser nosso.
Muda o cenário das nossas vidas, troca as cortinas de lugar, muda os focos de luz e transforma as cenas comuns, num campo de batalhas quando tentamos intervir.
Nosso erro é te-lo criado por acreditar que somos menores que ele.
Se começássemos a nos ver como seres humanos comuns e que somos vaidosos, competitivos, egoístas, invejosos, ciumentos, vingativos, preconceituosos, mentirosos, trabalharíamos em cima do que somos e não nas mentiras de um personagem inventado para burlar a verdade e os outros aplaudirem.

A ESPIÃ ELLIS DE VRIES,


Conheci outra Elis, esta Ellis de Vries é o nome falso de Rachel Stein, uma cantora judia que após perder a família num bombardeio acidental pelas forças aliadas, decide atravessar uma rede de rios e banhados, para chegar ao sul da Holanda, que já estava livre da ocupação nazista.
Entretanto o barco deles é interceptado por uma patrulha alemã, que mata todos a bordo com exceção de Rachel, que se alia a um grupo da resistência nos países baixos, contra a ocupação nazista da segunda guerra mundial.


A Espiã (título no Brasil) ou Livro Negro (título em Portugal)) é um filme de época, ambientado na Holanda e realizado em 2006 por Paul Verhoeven, que recebeu diversos prêmios de cinema nos Países Baixos, entre eles: Gouden Film (Prêmio de Ouro). 
O filme tem todos os ingredientes que eu particularmente gosto; Guerra, espionagem, traição, musica e amor proibido.

2017. SORTE E MUDANÇAS.

Em 2017, haverá mudanças sim, eu prometo pra mim mesmo. Mas mesmo que eu desista, ou não planeje minhas próprias mudanças, a vida se encarregará de faze-las como um simples acaso.
E essa sorte que tanto desejamos, pode vir ou desistir na metade do caminho, mesmo que a gente devore ou não, algumas colheres de lentilha.
O importante é estarmos vivos e ainda com lucidez, para não nos deixarmos enganar pela falsidade, hipocrisia e tanta injustiça que rola solta no mundo.
Em 2017, haverá mudanças sim e mesmo que eu perca a esperança, que eu não tenha comprometimento, sinto que a vida irá faze-las, sem pedir licença a ninguém.

ELIS: AOS QUE ODEIAM E AOS QUE AMAM.


Li, rabisquei, pintei de amarelo, tudo que achei interessante na biografia de Elis Regina, escrito pelo jornalista Julio Maria e que inicialmente teria como titulo: 'Elis: Aos que Odeiam e aos que Amam' e que foi trocado por, "Nada Será Como Antes".
Eu preferiria o primeiro titulo, muito mais sui generis, a personalidade forte e a carreira da cantora, que construiu tantos amores, quanto desafetos em sua rápida trajetória de vida.
O livro é uma biografia jornalistica documentada sobre a vida e obra de uma das cantoras mais respeitadas do país e por isto foge dos padrões sentimentalistas, encantos e floreios literários, sem medo de torna-la uma vitima ou uma vilã. Foca profundamente nos aspectos, que a tornaram uma das personalidades mais importantes e respeitadas do mundo artísticos e alguns itens da sua vida privada e amorosa, que não teria sentido se não caminhassem juntas.


Para o feito, o jornalista pesquisou por mais de 3 anos, a vida da cantora, através de jornais, entrevistas, relatos de amigos e colegas relacionadas ao seu universo e tentando se aproximar do ser humano considerado por muitos, como um dos maiores fenômenos da música brasileira do século 20, por sua musicalidade, senso harmônico e afinação e que morreu precocemente aos 36 anos, em janeiro de 1982.


O livro descreve a sua intensidade, suas contradições, sua amorosidade com os filhos e amigos  e sua ferocidade na disputa por ser  a maior.
Brigou, xingou, cometeu erros, criou desafetos, derrubou barreiras num mundo comandado por tubarões famintos, que a tornariam extremamente competitiva com a vida e consigo mesma.
Disse mais tarde, numa entrevista, o quanto sentia por ter tido sua infância violentada pelo sucesso e o quanto sofrera por ter aprendido na marra, os que bem nascidos como Gil e Chico Buarque sabiam de berço.


Muita gente também se pergunta, até hoje; O que exatamente fazia com que a cantora com uma das carreiras mais bem sucedidas do país, fosse tão infeliz?
O livro escrito por Julio Maria se não é direto, dá muitas pistas e ganha por sua notória  honestidade de fatos e por trazer mais uma vez, esta grande cantora de personalidade marcante, ao encontro de seus fãs e admiradores.

TAMPE OS OUVIDOS E ABRA O CORAÇÃO.

Noite passada, assisti no NetFlix, o filme "Marguerite", de Xavier Giannoli e protagonizado pela atriz Catharine Frot, cuja a interpretação brilhante lhe rendeu o César, principal prêmio francês, de melhor atriz. 


O longa, ambientado na Paris do início dos anos 1920, apresenta em cinco capítulos, a trama que gira em torno de uma rica baronesa, que organiza festas em sua mansão, para cantar aos convidados que a elogiam e paparicam-na, sem coragem de dizer que ela é uma péssima cantora, que desafina a cada nota. 
Por educação, submissão ou inveja e para não perderem o convívio com a alta nata da sociedade, os amigos se calam e aguentam os terríveis sons, emitidos pela anfitriã, que acredita cantar bem. Insegura, ingênua e solitária, Marguerite sofre com a falta de amor sobretudo de seu marido, e, talvez como uma forma de conseguir ser notada por ele, fantasia a ideia de se tornar uma grande diva da ópera, sua grande paixão.


O filme mostra claramente as sutilezas do poder da elite e a cegueira coletiva que levariam à ascensão de regimes fascistas e à Segunda Guerra. É inspirado na história real, da cantora norte americana Foster Jenkins, que tornou-se conhecida na Nova York dos anos 40 do século passado, pelas apresentações de canto nas quais, não conseguiu acertar uma única nota de uma canção. Apelidada de "a diva do grito" pelo público, seus ingressos para os recitais anuais, realizados no Hotel Ritz, eram disputados a tapa. No Brasil, em 2009 a cantora foi interpretada por Marília Pera, no espetáculo Gloriosa.


Depois de assisti ao filme, li esta critica de Bruno Carmelo, que achei interessante, bem colocada e posto aqui no blogue:
O que pode ser considerado arte? O que é um bom artista? Essas são algumas das mais importantes questões da filosofia estética, e não possuem nenhuma resposta clara. Até agora, a melhor definição de arte encontrada por teóricos é esta: “arte é tudo aquilo considerado arte por instâncias legitimadoras do poder”. Ou seja, a partir do momento que figuras do poder dizem que algo é arte, ele passa a ser. No caso do cinema, Alfred Hitchcock e Ingmar Bergman, eram considerados diretores de segunda ordem, até os poderosos críticos de cinema franceses, na década de 1950, dizerem que se tratavam de gênios. Do mesmo modo, grandes talentos podem ter passado despercebidos em suas épocas, por não terem sido destacados como tal.
  
   

DÊ SORVETE AOS PASSARINHOS.

Eu e meu colega aguardávamos nossos sorvetes de cascão com duas bolas ficarem prontos, durante uma rápida paradinha na vila Bom Jesus, quando percebemos a presença de um menino, observando na porta de vidro da sorveteria, todo a preparação que a moça atendente fazia, enquanto listava pra nós, os sabores disponíveis. O menino franzino, que parecia um passarinho, permanecia calado, do lado de fora, assistindo a tudo, sem manifestar nenhuma atitude. Parecia em alguns momentos estar petrificado
Então lhe perguntei se queria um sorvete e ele ainda sem nos olhar, sacudiu a cabeça positivamente. Tinha seus olhos fixos apenas nos sorvetes que estavam sendo preparados pela moça.
Quando saímos da sorveteria, com os nossos sorvetes, ficamos observando-o passar por nós, dando saltos de alegria, que parecia uma tentativa de alçar voo, enquanto equilibrava com as duas mãos, aquele enorme sorvete-cascão, que começou a dividir com outros dois passarinhos que se aproximavam numa esquina.


Enquanto eu comia meu sorvete, fiquei pensando por alguns instantes, calado, que se uma imagem daquela, um olhar, um gesto, um silencio que for, não nos sensibilizar e não nos fizer apostar num simples desejo de criança, que pode ser grande pra ela e tão pequeno pra nós, então não vale a pena perder tempo com mais nada. Devemos mudar de caminho, fechar nossos olhos e seguir no escuro, até a morte vir e nos negar, quem sabe, um simples sorvete.

RELEMBRANDO PARIS.

Quando eu coloquei os meu pés em Paris pela primeira vez, eu não acreditei que estava lá. Pra dizer a verdade, em todos os outros lugares que visitei pelo mundo, fiquei incrédulo até que algo se identificasse pra mim fazendo-me ter certeza de que eu estava no lugar que escolhi para visitar. Era como se faltasse uma peça que não se encaixava no mosaico da minha satisfação, até eu encontra-la. 


Em Paris inicialmente, todas as sensações me levavam a acreditar que eu estava num lugar comum, andando por ruas cheias de carros e pessoas diferentes, falando em vários idiomas, algumas com roupas exóticas, ruas sujas, algumas com o esgoto correndo a céu aberto, ladrões e golpistas, o que poderia ter em qualquer lugar, menos na Paris que eu havia idealizado.


Eu estava hospedado em Crimée, na 19ª arrondissement, que me parecia uma localização difícil, quando não se domina o idioma e também não se está acostumado a andar em metrôs, que trafegam no subterrâneo e daí não visualizamos pra onde estamos indo. Também me faltava alguma referencia visual que eu não sabia dizer o que era, para que eu e a cidade fossemos enfim apresentados. Uma estranha sensação de desconforto, que durou uns dois dias, até surgir a primeira identificação.


Numa tarde, passeando com alguns amigos por uma das ruas que levam a Champ de Mars, localizei um dos pés da torre de ferro, que aparecia pela metade e logo sumia por de traz de alguns prédios antigos, criando alguma coisa meio inexplicavelmente assustadora, dentro de mim. 
Este jogo de esconde esconde, durou alguns minutos, até chegarmos diante daquele gigantesco monumento, que me deixou quase paralisado, com toda a sua estrutura apoteótica. 


A tarde já estava acabando e com o sol se pondo, quando decidimos subir na torre, que naquele dia e horário, havia pouquíssima concorrência de turistas. Quando a noite chegou e as luzes da torre foram acesas, a visão lá do alto mostrava, o por quê Paris é chamada de A Cidade Luz.
Enxergávamos o belo desenho da cidade, o rio Senna,  o Palácio de Chaillot, o Trócadero, o Arco do Triunfo e tantos outros monumentos espetaculares, que a cidade podia mostrar iluminados e que ainda iriamos conhecer nos próximos dias.


Mesmo sendo uma estrutura segura, subir na torre não deixou de me dar aquele friozinho na barriga que eu não sabia dizer se era por causa da altura, ou por estar sobre algo que representa tanto na cultura e historia mundial e de um país como a França.
Naqueles momentos em que estive diante dela e sobre ela, pensei comigo em silencio; Agora sim, cheguei em Paris!

GAVETAS CHAVEADAS

Ela era feita de muitas gavetas que alguém abriu um dia, vasculhou, fechou, depois esqueceu onde guardou as chaves. Ela só precisava conhecer o que tinha em seu interior que o fizera desistir sem dar explicações. Era somente uma curiosidade que lhe tirava o sono e às vezes comprimia-lhe o peito de angustia.

COPIANDO, COLANDO E COMPARTILHANDO.

Por que as pessoas repetem tanto, o que outros já disseram nas redes sociais?. Copiam o que os outros escreveram e faz da opinião alheia a sua própria opinião, sem nenhum senso critico e ainda sem acrescentar o minimo de criatividade, de personalidade. Vão apenas copiando, colando, compartilhando, contaminando e acreditando numa ideia que não sabe de onde surgiu e pensando que isto vai trazer alguma diferença pro mundo. 

A RAZÃO DE EU ESCREVER TANTA MERDA.

Sabe por que eu escrevo tanta inutilidade aqui neste blogue? Não, não é paras as pessoas lerem e aplaudirem, me acharem o máximo, ou para obter milhares de seguidores e assim me tornar uma pessoa popular e ser entrevistado no programa do Jô.
A verdadeira intensão de escrever tanta merda, é eu ouvir a minha própria voz.

CONTO DE FADAS.


Acreditem, que em pleno século XXI, mesmo cansadas, deprimidas, desrespeitadas, magoadas, desconfiadas, muitas mulheres ainda com um resto de entusiasmo, acreditam que irão encontrar o homem de seus sonho? Aquele cara inteligente, bonitão, honesto, trabalhador, sedutor, sexual incansável, fiel, que as livrará das dificuldades e atrasos do passado, que abrirá oportunidades, que transformará seus sonhos numa realidade completa de vitórias...
Bom, sonhar é livre e se tem que sonhar, que seja com o que há de melhor pra sonhar. Se o príncipe tiver a metade das qualidades almejada, considere-se uma privilegiada.
Mas nos dias de hoje, é bom ficar em alerta, pra não andar no conto de fadas e cair no do vigário. Está difícil para os dois lados.
As fichas ainda não caíram? Este cara não existe mais e se existisse, o Cristiano Ronaldo já teria pego.


FELPUDA.

Ainda nesta vibe do Diz Croquettes, abri minha gaveta de memórias e de repente sem esforço, a o natural, deparei-me com uma lembrança de mais de 30 anos. Alguém se lembra, ou já ouviu falar de Luíza Felpuda? Não, eu acho que não!.. Nem eu lembro do seu rosto, mas sei de sua história!
Felpúda era um conhecido travesti de Porto Alegre e descendente de uma família ilustre do estado, que mantinha uma casa de encontros para homossexuais em pleno anos 60. Felpuda era respeitada, mas também evitada.
Foi morta por seu jovem amante com varias golpes de faca. Além da morte trágica, Luíza Felpuda foi fadada ao esquecimento pelo que foi e representava.

CAFE FRIO E SEM AÇÚCAR, EU PASSO...


Chega de ranços, de margarina e chimia misturadas no pão, de correntes solidarias no Facebook, das mesmices, das queixas que ouço diariamente, da violência nas ruas, do estupro, do desaparecimento de alguém, de atropelamentos com mortes.
Tá na hora de abrir a porta e ir de encontro as novidades positivas e a tantos outros prazeres que a vida pode oferecer e contar.
Se me vierem com chorumelas, dor disto e daquilo, da gotinha de sangue encontrada no vaso sanitário, tô fora, tô saindo pela porta de emergência.
Em 2017, quero ouvir e viver coisas novas, conhecer pessoas, viajar mais, experimentar coisas que ainda não experimentei. Então não venha com café frio e sem açúcar, que eu passo pro uísque sem gelo.
Mas isto são planos, vamos que caia um meteorito sobre a Terra?

DZI CROQUETTES.

E eu estava aqui na ponta do pais tomando chimarrão e aprendendo a dançar chula, quando aconteceu esta revolução de costumes. Eu queria ter visto este show de perto e não pude ver, por que se deu no Rio de Janeiro por tão pouco tempo, antes da censura se dar por conta e proibir. 


Na década de 70, mais precisamente em 1974 no Rio de Janeiro, treze homens jovens, másculos e peludos entravam no palco com figurinos glamourosos: Saias curtas, sapatos altos, maquiagem carregada (purpurina, enormes cílios postiços) e corpos quase nus, em plena vigência do ato institucional nº 5, na ditadura militar no Brasil.
Em poucos anos, foram responsáveis por uma revolução de comportamento, libertando-se de valores morais com relação à masculinidade e feminilidade,


O grupo chamado Dzi Croquettes era composto por Lennie Dale, Wagner Ribeiro de Souza, Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro Barcelos, Reginaldo de Poli, Bayard Tonelli, Rogério de Poli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado, Eloy Simões e Roberto de Rodriguez.
A androginia do grupo chocou as autoridades do regime militar e o espetáculo foi censurado. O grupo se exilou então em Paris, onde reestreou a peça e se apresentou no Le Palace com grande sucesso.


O grupo acabou esquecido por mais de duas decadas pela falta de memória nacional, porém no ano passado, voltaram a ser lembrados através de um documentário premiado pelo juri e publico do Festival Rio. O nome Dzi Croquettes surgiu, quando dois de seus componentes, Ribeiro e Tonelli encontraram-se na Galeria Alaska, tradicional ponto gay em Copacabana. A inspiração veio de uma banda dos anos 60 de S. Francisco, chamada The Croquettes, que resolveram aportuguesar para Dzi Croquettes

PRA QUE DISCUTIR COM A MADAME?

A madame viaja de ônibus ou de carona e chega disfarçada de boa camaradagem, sedução e idéias prontas, articuladas como o movimento elegante de suas pernas. 
Tenta enredar em suas teias, contando historias destorcidas e algumas pitadas de veneno.
Tem oito pernas para saltar, oito olhos para vigiar.
Seu coração é endurecido e ciumento, busca fazer seguidores para as suas crenças e propósitos egocêntricos. É mal resolvida em seus afetos e no seu olhar, carrega um brilho que violenta, o pico da piramide, o veneno da aranha, que paralisa suas vitimas.
É sutil, ardilosa, elegante. Usa batom vermelho, faz trico com gestos elaborados e bebe cerveja ouvindo jazz. Pra que discutir com a madame?

UM SONHO EM PARTICULAR

Como é possível alguém do presente, invadir com um jeito envaidecido, meu sonho particular? Era somente um sonho esta manhã, que acontecia no passado e que me fez reconhecer tudo em volta e chorar de saudades.
Ah!... Não venha comer minhas amêndoas e beber  todo o meu suco de uva...

NUNCA É TARDE PRA APRENDER

Acredito que no começo, criaram uma linha invisível para ser seguida e preenchida com traços ordenados e planos, mas esses traços só serão traços, se houver um espaço entre eles como uma costura e este espaço, causar alguma desordem entre a sequencia de traços iguais, possibilitando enxergar-se a linha invisível em seus diversos pontos.
Seria este espaço vago o da desordem e criatividade, já que não existe criatividade sem tirar tudo da ordem. A criatividade é resultado de uma grande desordem nos traços dessa linha invisível. Acreditem!!



CAINDO, CAINDO, NÃO RESPONDENDO.

Desde ontem está tudo oscilando por aqui, demorando pra entrar, caindo, não reconhecendo, não abrindo, atrasando, retomando a o ponto perdido, buscando, não encontrando, dando erro, buscando novamente, girando num compasso lento e eu não vou entrar nesta vibe. 
Vou tomar um banho, colocar roupas leves e sair, ver a vida, movimento, respirar o ar da rua, por que aqui nada destrava, nada responde, nada acontece..

CÓDIGOS DE IDENTIFICAÇÃO

Algumas vidas, são como feridas que sangram por anos e nada faz estanca-las. Depois persiste um processo de cicatrização lenta, com pequenas recaídas e algumas vitórias.
Não se curam por completo, ficam pedaços sangrando na alma, fermentando dores, criando raízes e passando por vários estágios de transformação, em busca de uma nova identidade que posteriormente será identificada através de um numero ou código.

GUERRILHAS URBANAS.

Nestas guerrilhas de sobrevivência na selva urbana, muitos inocentes perdem a vida enquanto algozes ganham chances através de regras que não temos compreensão.
Tá difícil ser eu e entender estas sentenças matemáticas, jurídicas, sociais.., que antes me pareciam fáceis de serem digeridas. O mundo parece ter inchado seus valores e esmaga linhas de raciocínio. Não se sabe mais em quem confiar, pra onde ir, quem seguir, o que é certo ou errado e a visão de quem está dentro e de quem está de fora dividem as opiniões.
Lembrei da cena de um filme. Ou foi um sonho? As pessoas saiam as ruas armadas até os dentes e matavam indiscriminadamente qualquer um que cruzasse em seu caminho, pelos motivos mais banais. Centenas de corpos eram amontoados e recolhidos na calçada, a qualquer hora do dia, por policiais e outros responsáveis por esta tarefa. Nesta hora, uma sirene soava estridente, enquanto o resto olhavam assustados.

GAVETAS QUE SE ABREM.

Lembranças se parecem com gavetas que se abrem sem o nosso comando, para acessar conteúdos guardados e a minha gaveta abriu esta semana contendo esta frase ouvida algumas vezes.

"Existe três coisas que eu adoro nesta vida:
Sexo com amor, sexo e sorvete!"


Parece uma frase absolutamente inocente, né mesmo? Mas tem coisas que vão tomando força no nosso interior, pela forma como nos foram ditas e então se constitui numa profunda verdade e até particulariza um caráter, uma vida, que se contrapõe a os de tantos outros, pela diferença, pela intensidade, pela maneira simples e verdadeira de ser. 
Ficam guardadas em nossas gavetas, que ora se abrem, como numa saudosa lembrança de quem as disse e partiu sem despedidas.






SONHOS DE NATAL.


Ainda menino, ele deitava de baixo da arvore, que trocavam todos os anos, observando curioso os enfeites que a iluminavam no canto da sala, abrindo os portões de uma fantástica fabrica de sonhos. Dormia ali debaixo dela, até ficar exausto e só saia, quando lhe carregavam para a cama.
Depois, de algum tempo, tudo foi mudando lentamente a sua volta, foi trocando seus sonhos, escamando a pele, perdendo os cabelos, os dentes, o pouco de beleza e vitalidade que ainda  lhe restavam. As certezas, o domínio do corpo e do espaço, das palavras, o olhar milagroso, a esperança, foi se indo, sem que contasse os dias.
Mas o sol que morria nos finais de tarde, ainda lhe fazia lembrar de  um bola de Natal, pendurada no horizonte...

Jogo da Confiança

Por vezes sou um ser tenso, agitado, inconformado, ansioso, desconectado, perdido, agressivo, noutro momento me torno terno, calmo, conformado, compenetrado, amável, sabendo o rumo exato que devo seguir, como se inesperadamente eu fosse jogado pra cima e o corpo todo estivesse envolvido pelo ar, fazendo-me retornar para baixo, ao meu eixo, a minha estação sintonizada!
Algumas coisas me fragmentam em mil pedaços, outras me constroem sem que eu ao menos saiba os mecanismos que me conduziram a esta recomposição, tornando-me no que penso ser novo ou renovado!.. 
Descobri algo em mim que ainda não tinha percebido, quero dizer; Eu não tinha dado a devida atenção à esta minha atitude, que de certa forma me desagrada. Eu testo as pessoas e desta forma creio que também sou igualmente testado. Evidentemente já fiz isto em alguns momento em que pensava estar sendo manipulado ou induzido e inúmeras vezes estava, mas não como agora, por simples desconfiança e por motivos que parecem tão rasos e de vagos motivos. 
Isto me faz lembrar que na minha infância ou adolescência, fazia um jogo entre amigos, que chamávamos de "O Jogo da Confiança".
Posicionávamos num circulo composto por quatro ou cinco pessoas de braços entrelaçados, enquanto que uma outra se deitava sobre a trama de braços e então era lançada para cima de olhos fechados, duas ou três vezes, até perder o medo causador daquele friozinho na barriga e entregar-se cegamente ao destino, a tutela alheia. 
Muitas vezes me deixei ser lançado até perceber que o arrepio é indolor e a confiar nos braços que sempre me amparavam evitando estatelar-me no chão. Penso neste jogo quando preciso me recompor. Penso no frio na barriga, nos gritos de susto, no sorriso de alívio depois de subjugado a tensão eo medo!

VAI UM CAFE AÍ?


Às vezes tenho vontade de dizer pra mim mesmo e para algumas pessoas que eu conheço: Esqueça, chega de reclamações e vá tomar um café. Isto não é uma ordem, mas uma sugestão meio que forçada. Ou tu preferes que eu te diga pra tomar outra coisa e noutro lugar?
Já sei, tu não gostas tanto de cafe e achas que vai te tirar o sono. Também não gosta de dividir o mesmo espaço com estranhos em lugares públicos. Eu entendo, também sou um pouco chato!
Mas tu já estás perdendo o sono a algum tempo e não é por causa do cafe e lembre-se que muitas pessoas desconhecidas, estão neste mesmo barco procurando uma saída, mesmo que seja simples como tomar um cafe.
Tenta pelo menos!.. Dói menos!..
Deixe o liquido te aquecer por dentro e por fora.
O vapor perfumado vai desobstruir tuas narinas, tua alma. Vai te mostrar que os amargos da vida, podem ser tragáveis mesmo sentado numa mesa, com algumas pessoas em volta, fingindo não te ver. Todo mundo disfarça um pouco, com um certo ar descolado e de desinteresse.
Esta atitude, te abrirá lacunas para preencheres com novas perspectivas e esperança. Vai te estimular!.. Vai  te provocar mudanças mesmo que pequenas!.. E então, vai uma xícara aí?

PRA NÃO ENTREGAR O JOGO.

Filho, hoje no nosso encontro, durante o almoço, falamos tanto sobre as coisas da vida e dos sentimentos que nos machucam a nossa revelia, que tive a impressão de que eramos uma unica pessoa em corpos diferentes; Como um desses milagres feito pelo criador!..
Falamos sem constrangimentos e com aquela sinergia rara que acontece entre pais e filhos, que aprenderam a se conhecer e serem amigos, respeitando suas diferenças e dificuldades. Isto também me levou a pensar no quanto realmente somos parecidos e nos confiamos. Um presente da vida!
Fiquei feliz por nos termos juntos, neste pedaço de vida, que se constrói histórias a serem lembradas e também esquecidas no decorrer do tempo, nos porões da memória.
Mas sabe, num certo momento, como é da minha natureza, comecei a pensar em outras coisas, pensamentos não lineares me fizeram voar pra longe e dar rasantes, mesmo estando perto de ti e sentindo a tua respiração perto da minha.
Nossa, se me perguntasse no que eu estava pensando, como às vezes fazes, não saberia responder, não teria o que te dizer e ficaria com aquele olhar que atravessa muros e paredes, para esconder a felicidade que sentia naquele momento. Por outro lado, me bateu uma tremenda angustia, uma estranha saudade, uma repentina sensação de despedida, já sentida outras vezes na tua presença e perfeitamente disfarçada, pra não entregar o jogo.
Ps: Algo me diz que venho brigando com o tempo, que tenho me sensibilizando demais e sentindo muitas saudades de coisas que ainda não acabaram. Te amo!

A GENTE SIMPLESMENTE SENTE.

Sabe aqueles momentos em que o dia parece estar diferente e a gente não sabe explicar  por que razão está diferente? A gente simplesmente sente.
Perdemos as nossas referencias do presente imediato, do tempo e do espaço em que estamos, para um outro presente, para um novo sentido que estranhamente se apodera da gente, através de cheiros, cores, um demasiado silencio no ar, um ruido peculiar vindo de algum lugar, uma repentina brisa de mar, onde não existe mar. Até dias comuns que seriam turbulentos, ficam com aquele jeito enjoado de feriado nacional, né mesmo?..
A gente trava para se readaptar as modificações que está sentindo, sem entender nada e de repente tudo volta a o normal, como uma alucinação.

ATAÚDE.

Existe um homem que tem meus traços,
A minha cara. 
Vejo ele através da vidraça embaçada. 
No porta-retratos sobre o balcão da sala.
Ele toca violão e eu não. 
Eu tomo analgésicos e ele não. 
Ele canta, canta, canta e eu me encanto
com o seu canto.
Fico perplexo e sem atitude.
 Me fecho.
Ele é só reflexo e não tem nexo.
Eu que sou tão complexo.

CAGANDO PRO MUNDO


Cagar pro mundo, é muito mais do que a forma figurativa de dizer que não esta nem aí pra ele, mas a necessidade real de cagar, de se aliviar, de por pra fora, de esvaziar o que incomoda, o que causa desconforto num momento de urgência, quando os sentidos também não estão nem ai para as virtuosas regras da razão e preceitos sociais e morais.
Há de se dizer ainda, que são nos momentos de urgência, que as entranhas do nosso corpo e da nossa alma, ditam as regras, sem se importar com boas maneiras, tornando-se fiel a o que realmente somos: Animais.

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COISAS ESTRANHAS DA VIDA.

Eu conheço bruxas que fazem tricô e soltam gargalhadas. Elas bebem cerveja e ouvem jazz. Sapos que se comunicam por códigos sonoros, numa comunicação secreta e indecifrável depois da chuva demorada. Serpentes que  se arrastam camufladas em volta das piscinas azuis; Gatos que se espreitam nos telhados vizinhos; Portas que batem; janelas que se abrem; Sombras que cruzam por mim rapidamente e desaparecem nas paredes de concreto. 
Também ouço assovios, frases incompreensivas, incompletas, explosões, musicas estranhas, vozes pronunciando meu nome, ao pé do ouvido.
Vejo nuvens apressadas a desenharem formas humanas, rostos, objetos conhecidos, riscos de fogo... Voces não?..
Em casa, guardo objetos excêntricos. Uma pedra verde do lado da cama, uma folha seca dentro de um livro, um lápis sem ponta, um dólar dobrado na carteira.
Como não se conformar com as estranhezas do universo, se tudo em geral, parece um pacote sem lógica?

PARECE QUE BEBE

As vezes o que te separa da realidade é a ilusão de que duas doses de uísque, uma caipirinha e uma boa conversa, (zeleguelê, quelequete, sempre o mesmo zeguelê..) que no final da noite, te provocará um milagre no outro dia. Mas milagres não existem, coincidências também não. Então quem escreve as regras, se as chaves estão sempre penduradas no mesmo lugar, para que você as encontre, mas outro chegou antes e mudou o segredo da fechadura? Parece que bebe!..

NA PRIMEIRA MANHÃ



O BARCO VERMELHO E A MORSA


O menino branco, de cara branca, de cabelos de um negro profundo, de olhos pequenos e rasgados, mostra sua alma por uma pequena fresta tímida do olho e um sorriso desconfiado de menino se transformando em homem. Navega em seu barco vermelho de velas amarelas, neste pedaço de mar, separado por concreto, janelas e telhados, onde tantos já navegaram e eu na contramão o observo.
Às vezes nada mais percebo, somente as embarcações que passam e desaparecem neste mar movimentado, onde a morsa de roupão verde, de olhos maldosos, os vigia das pedras, com seu corpo flácido e pesado, seu andar dificultoso, seus dentes afiados e bigode grosso.

UMA SOMBRA NO FIM DO MUNDO


Foi lá que eu te vi, pela ultima vez, parado sobre as pedras vulcânicas que separavam a baia do continente, e o farol vermelho na ponta do fim do mundo. Estavas atento a os pássaros barulhentos que sobrevoavam a região, talvez a o movimento das águas; Mas de onde eu estava, só via o farol, a baia e a tua sombra solitária. 
Hoje revendo esta foto, lembrei da beleza e do quase esquecido!
É interessante pensar que algumas coisas nos marcam profundamente, porque de fato, não aconteceram no momento em que deveriam e deixaram a imaginação voar solta em asas que não são as nossas, sobre o que poderia ter sido...
Mais tarde conhecendo tuas historias, percebendo teus medos e segredos, me convenci de que estes e outros desencontros, foram o melhor final.

O CAVALO NEGRO.

Existe na minha lembrança de menino, um cavalo negro e selvagem, que me assombrava, quando corria pelo sinuoso patio da minha casa a noite, como se quisesse pular a cerca e ganhar a liberdade.
Seus olhos brilhavam na escuridão, enquanto tentava buscar uma saída a galope, a coices...
Erguia-se sobre as duas patas traseiras e logo desaparecia entre as longas taquareiras que margeavam o pequeno arroio já morto. 

CAMINHO DAS ÁGUAS.

Caminhava pela rua, quando senti-me sendo lentamente tragado por águas cristalinas que surgiram do nada e inundavam rapidamente a cidade, que nunca tivera rio, lagoa ou praia. De repente, tudo virou numa grande superfície de água, assustadora a minha volta.
Meninos surgiram sorridentes e cruzavam sobre a água transparente, por um caminho demarcado, para que não afundassem nos lugares que pareciam mais profundo. 
O lugar era surreal e sua beleza me deixou tão assutado, que não tive coragem de acompanha-los, enquanto me olhavam surpresos e seguiam seu caminho na direção de um gigantesco portal de madeira. 
Desconfiei que não fossem simples meninos, mas seres escolhidos e eu uma testemunha vulnerável a ter uma morte lenta por submersão. 

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...