Você já foi a Bahia nego? Não? Então vá!..
Cheguei a Aracaju dia 14/01/2015, quarta- feira, por ocasião de minhas aguardadas férias, e lá recebi o convite de um amigo, Valdir, para ir a Salvador na lavagem da escadaria da Igreja do Bom Fim, no dia seguinte, considerada a segunda maior manifestação popular da Bahia, depois do Carnaval.
Eu pergunto: Como eu poderia perder um evento desses, tão aclamado e que só acontece uma vez por ano na segunda quinta feira do mês de Janeiro?
Eu coincidentemente estava em Aracaju, sem ainda ter programado absolutamente nada e sem saber que a festa em Salvador, era naquela data, então aceitei o convite sem vacilar.
Rachamos o combustível e fomos de carro, durante a noite, perfazendo uns 320 quilômetros em 03 horas e 40 minutos de transito tranquilo. No dia seguinte, Salvador acordava com toda a movimentação necessária para a festa, com barraquinhas de artesanato, fitas coloridas, churrasquinhos, acarajés e toda aquela infinidade de comidas típicas, sob um dia ensolarado que prometia muito, mas muito calor.
Os Axés e sambas, tocavam alto por todos os cantos e as pessoas de turbantes coloridos na cabeça, guias no pescoço e ramalhete de flores nas mãos, desfilavam por praças, ruas interditadas ao fluxo de veículos, com aquele sorriso de alegria e fé no olhar.
A Lavagem do Bonfim acontece há 259 anos, sempre nas quintas-feiras, que antecede o segundo domingo após o dia de Reis, marcada pelo sincretismo religioso católico e adeptos do candomblé. A lavagem festiva acontece com a saída, pela manhã da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, próxima do elevador Lacerda, seguindo a pé até o alto do Bonfim, para lavar com vassouras e água de cheiro, as escadarias e o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim.
Todos se vestem de branco e percorrem 8 km em procissão, desde o largo da Conceição, até o largo do Bom Fim. O ponto alto da festa ocorre quando as escadarias da igreja são lavadas por cerca de 200 baianas vestidas à caráter, que de seus potes de barros, que trazem aos ombros - despejam água nas escadarias e no átrio da igreja, ao som de palmas, toque de atabaque e cânticos de origem africana.
A festa segue até o final da tarde, onde alguns moradores tem por habito, comer a famosa feijoada baiana e outros pratos típicos.
Esta atitude de lavagem da escadaria do Bom Fim, vai alem de todo o seu significado mistico e sincrético, mas o cultuamento histórico da raça negra discriminada, que através de um gesto de humildade e trabalho, homenageia o Senhor do Bom Fim, lavando as escadarias de sua casa. Os negros por seculos foram impedidos de entrar na casa de Deus, que era frequentada unicamente pelos brancos e um dia isto foi quebrado.