Com cara de caricatura.

Apesar de termos momentos e "momentos", eu não quero ficar com esta cara de caricatura, com traços infantis como esta que meu filho desenhou, com esta cara que eu estava ontem. Eu sei que sou mais, muito mais que isto, uma simples caricatura!..

De frente com o criminoso.

É dificil enterder estes ciclos ora de prazer e alegria, ora de tristeza e frustrações que ganhamos da vida, mas se não somos capazes de entendermos como funcionam esses mecanismos, pelo menos tentamos aceitar como uma forma de lição, para que nos tornemos individuos melhores. Acho que esta é a regra, algum resgate.
Ontem durante o meu plantão, quando fui atender um senhor de 78 anos que havia convulsionado em sua casa e vi seu rosto enrrugado, porem reconhecivel, fiquei para morrer, mas logo depois do susto e retomado folêgo, me refiz com uma sensação estranha, mas que já havia experimentado em outras circunstancias dificeis da minha vida e que por vezes me é complexo entender e com certeza explicar em palavras lógicas. 
Este homem de 78 anos, que eu pensava já estar morto, pelo decorrencia do tempo, foi o meu abusador e posivelmente o responsavel por uma serie de traumas psiquicos que se iniciou na minha infancia aos 8 ou 9 anos e se estendeu por grande parte da minha vida e que possivelmente não fui a unica vítima.
Descobri através de um vizinho presente no atendimento, que ele ainda trabalha na mesma atividade de barbeiro, que utilizava para abusar de meninos, porém num outro endereço. Eu lembro que ele colocava uma capa sobre sobre o corpo de seus clientes (normalmente garotos) para evitar que os restos de cabelos caissem sobre suas roupas e dai cometia os abusos por de baixo desta capa, que ocorriam evidentemente na propria barbearia.
Em alguns momentos eu fiquei tentado a me identificar, o que possivelmente ele nem se recordaria, mas por outro lado o meu silencio parecia ter um sabor maior do que qualquer vingança ou algo parecido, uma mescla de poder jamais experimentado por mim antes. Um poder de observa-lo em silencio e te-lo em minhas mãos, de saber quem ele era e do que ele foi capaz de fazer sem me reconhecer que fui uma de suas vitimas. Isto tudo é tão complucado e me causou uma mistura tão desconfortável quanto prazerosa por eu estar ali no anonimato, lhe dando assistencia. Uma mistura de raiva e também condescedência com a sua dor, com a sua doença, sei lá.

O Ocidente estava Fechado.

Ontem de noite em pleno Sábado de calor, o Bar Ocidente estava fechado. Algumas pessoas que lá estiveram, como eu, bateram com seus narizes na porta. Bom, depois da tragédia da boate Kiss em Santa Maria, aqui em Porto Alegre, como em outros estabelecimentos noturnos do país, estão passando por reformas para se adaptarem as regras mais rigidas de segurança para conseguirem seus alvaras liberados pelas prefeituras. Regras que ja deveriam ser seguidas e fiscalizadas, afinal ninguem quer que uma desgraça como a que houve, se repita novamente.

Tô fora.

No inicio desta semana, obtive resposta ao que tanto esperava, e percebi que o sentimento era medo. O medo é o mal das pessoas da nossa geração, é o que impede delas serem felizes e verdadeiras. É mais facil, muito mais facil inventar mentiras, criar personagens do que encarar os fatos, assumir suas verdades, o que realmente são e abrir espaço para uma vida de paz e sinceridade. Mas eu compreendo estas limitações porque ja vivi sobre um palco de ilusões e mentiras. Daí eu lembrei do pedacinho de uma musica gravada pela maravilhosa Roberta Sá:
"Em caso de dor, flor-de-quaresma lhe socorre.
 Comigo esperança é a primeira que morre.
 Pode fazer um jantar da pesada.Tô fora...
 E por na cama, coberta bordada. Tô fora..."

Me acerte.

Dei o primeiro tiro que intencionalmente não foi no escuro e espero que a bala chegue até o alvo e depois volte, me atingindo bem no peito. Será que ela fará o percursso esperado?
Eu estou precisando ser atingido, cair de joelhos com esta bala encravada no peito, impotente, sangrando, lembrando daquela imagem de alegria e inocência presenciada dias anteriores.

Aos quatro ou mais olhos.

Ele me deu algumas explicações que iluminaram alguns pontos obscuros da minha visão sobre o espiritismo que eu precisava ouvir, por que isto tudo ainda é muito confuso neste turbilhão de novidades que estou vivendo atualmente, mas eu ainda preciso de mais esclarecimentos, eu preciso de mais, muito mais explicaçoes sobre este processo de dúvidas que me divide. Quem sabe podemos trocar figurinhas, por que noutros aspectos quem está confuso é ele e me parece que os olhos de quem está de fora, enchergam mais claramente as coisas de dentro. Deveríamos ter varios pares de olhos, né mesmo?

Chove lá fora...

Neste momento chove em Porto Alegre uma chuva fininha, que parece que vai se manter caindo ainda por varios dias. Isto é bom, depois dos dias de forno que se enfrentou por aqui. A chuva revigora a nós e a agricultura, nos deixam verdes, com olhos e folhas brilhantes. Permite que brote novas raizes.

Um minuto de silêncio com Abramovic.

O MoMA, que tem a curiosa grafia de três letras maiúsculas e uma minúscula, é um dos mais importantes museus do planeta. Localizado em Nova York, seu nome significa Museum of Modern Art.
O museu tem duas entradas, sendo a principal delas na rua 53, entre a quinta e sexta avenidas, em Manhattan, há cinco quadras ao sul do Central Park.
 Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não mais valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.
23 anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse e... Foi assim:



Meio verde, meio cru.

Esperar tambem faz parte do processo de amadurescimento. Mas eu espero o que, onde, como, quando? Qual é o sinal? Se eu vejo que tem gente que espera demais e nunca alcança, nunca cresce.
Eu não tenho medo de expor as minhas duvidas, por mais simplorias que pareçam ser, eu só tenho medo do vazio, da ignorancia, do acomodamento que nos torna cumplices do erro, que nos enferruja, que nos transforma em infelizes coniventes.
Desta forma eu não consigo esperar, sou sensivel, presente, incisivo, vivo errando e acertando. Eu como tudo meio verde, meio cru, que tambem não deixa de ser um erro nesta vida.

Um presente de amigos.

Fazia algum tempo que eu não via um casal de amigos de muitos anos, por pura desatenção de minha parte e ontem resolvi visita-los. Coincidentemente um deles estava de aniverssario e  a minha chegada provocou surpreza e visivel alegria. Havia muita movimentação na casa, amigos chegando e se preparando para um jogo de futebol que havia sido planejado e depois um churrasco. Foi daí, que eu conheci uma pessoa por demais interessante. Ficamos converssando por horas como se não existissem outras pessoas na nossa volta, uma afinidade que só acontece com poucos. Sabe o que eu acho? Apesar do meu amigo estar festejando o seu aniverssario, quem ganhou o melhor presente fui eu.

Para aliviar a dor.

Eu tenho uma ferida, que não para de sangrar nunca! _Me disse a paciente que eu conduzia para a emergência psiquiatrica ontem de tarde, durante o plantão.
Quando eu estou quase esquecendo, ela volta a sangrar e arder no peito! _Reclamou deitando encolhida sobre a maca.
Todos nós temos uma ferida dessas, que se abre de vez em quando! _Argumentei na expectativa de alivia-la e concientiza-la de que não era a unica.
Mas como pode, tu com esta cor de olhos, ter uma ferida desta? Como pode?
Eles são artificais senhora, lentes, por isto! _Justifiquei.
Hum, entendí!

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...