Pra tudo eles dão um jeitinho.

Hoje como é de costume nos meus plantões como socorrista do 192, fui atender um motociclista que caiu do veiculo ao desviar de um carro, (este por sinal todo adesivado de propagandas politicas), que freou bruscamente numa manobra enquanto desfilava pela Estrada João de Oliveira Remião. Além da vitima que atendi estavam no local a candidata do PC do B que esforçava simpatia, dois homem que  acompanhavam-na, um era o motorista, a brigada militar e mais alguns curiosos.
Mesmo numa situação delicada, por tratar-se de um acidente, a candidata ainda questionou para mim e ao motorista da ambulância, em quem votaríamos, o que me abstive de dar explicações. 
Mais tarde o motociclista me contou que apos o acidente, antes de chegarmos de ambulância, a candidata pediu-lhe que identificasse como motorista que dirigia seu carro, o outro homem que era carona, pois o que estava na direção, não possuía carteira de habilitação. Eu bem desconfiei que aquele excesso de simpatia escondia outras razões implicativas, uma vez que políticos no nosso país costumam sempre dar aquele jeitinho de arrumar as coisas com muita simpatia e sorriso nos lábios; com ela não seria diferente.

SER POBRE, NÃO SIGNIFICA SER RELAXADO

Minha avó assim como minha mãe, enfim a prole antepassada e feminina da minha família, me passou a importância dos cuidados pessoais de higiene e no ambiente onde vivíamos, numa frase simples e que guardo até hoje nas minhas entranhas. Elas diziam, (minha mãe ainda diz); "Ser pobre não significa ser relaxado". O que é uma verdade pois já estive em ambientes muito humildes, cuja a limpeza era de se reparar.

Ontem quando fui atender uma senhora, que passava mal em sua casa, deitada no que ela e o marido achavam ser uma cama, esta lembrança de minha avó e minha mãe ressuscitaram dentro de mim este conceito. A casa desta senhora, cujo o marido era mais jovem, não se diferenciava de um lixão, onde se misturavam quarto, cozinha, sala, com cachorros fedorentos e quinquilharias. 


Ainda quando estava sendo conduzida para dentro da ambulância, o marido dela que a amparava pelo braço, se voltou para mim e disse com uma expressão de orgulho; " Quem tem mulher, tem que cuidar, né senhor!.." 
Eu fiquei tão abismado com aquela sujeira toda, que sob pretexto de fotografar o cachorrinho fedorento deitado numa caixa de madeira, desviei a câmera do telefone celular para outros lados.

Uma ideia a mais.

Eu costumo jogar seixos na água, bem próximo da margem onde o rio é raso e pode-se ver seu fundo transparente. Fico observando calmamente o efeito deste gesto se transformando em pequenas ondas que se agigantam e logo se dissipam no infinito liquido. Existem tantos efeitos mágicos oriundas da natureza.... Pensei em visitar esta semana, as flores roxas e amarelas de Ipê que enfeitam as calçadas da cidade. Efeitos que valem a pena guardar.

O grito.

Ontem, passava da meia noite, quando um grito desesperado e que parecia um pedido de socorro ecoou pela janela do meu apartamento, fazendo com que eu largasse o que estava fazendo para ver do que se tratava. Os jovens despertos, da republica de estudantes ao lado, que conversavam entre si, se espalharam pelo patio e pela rua a procura de alguma possível vítima que não encontraram. Um deles dirigindo o olhar ansioso, em direção do meu prédio e evidentemente pra mim que me encontrava na janela, me disse que o grito, que se repetiu por diversas vezes, vinha do meu prédio, embora me desse a sensação de ter vindo da rua. Mas o que estava acontecendo?..
Alguns minutos passados e tudo se silenciou e os que  já estavam na rua, tensos e com celulares em punho para chamar ajuda policial, retornaram para o patio frustrados com aquela expressão de angustia, de quem está de mãos amarradas e nada pode fazer a não ser esperar. Somente no outro dia que pude descobrir que se tratava de uma jovem moradora do meu prédio, que surtou a o ser impedida por sua mãe, de sair com amigos para uma festa. Pode?..
Alguém poderia me explicar que descontroles são estes que acometem a juventude em lapsos histéricos a ponto de desrespeitar e mobilizar um grupo de pessoas em quase uma quadra inteira? Que tipo de reação poderão ter quando receberem outros "nãos" da vida?.. Alguém pode me dizer?

O que é bom mesmo é não fazer muitos planos.

Em Fevereiro de 2010 quando fiz planos de conhecer Machu Picchu, o passeio foi substituído pelo Chile em função de uma grande enchente ocorrida no Peru, fazendo-me mudar de rota e só conhecer o país alguns meses depois. As duas vagens foram inesquecíveis. Quando decidi ir para a Europa em Novembro de 2011, fiquei preso no aguardo da minha licença premio, que demorou para sair no diário oficial e quando saiu e fui atras da passagem já não haviam mais vagas e os pacotes especiais oferecidos, eram 30% mais caros, possivelmente para aqueles que costumam chegar atrasados ou ficam indecisos, então decidi ir com meu filho para Olinda (e eu queria ficar em Olinda, não em Recife, não abria mão disso), mas como não haviam mais vagas na pousada de minha escolha, troquei o destino para o Maranhão, outro lugar com atrativos e de cultura espetaculares. Meses mais tarde recebi o convite para conhecer o Egito, mas com a revolução na cidade do Cairo, sendo transmitida diariamente pela  TV, me fez ir para Cuba. Agora, convidado a ir para Londres com um grupo de amigos, não senti muita firmeza quanto ao planejamento da viagem o que me fez recuar desta decisão, aceitando um novo destino. Isto me faz pensar, que não somos donos de nossos desejos iniciais, eles se modificam sob a subordinação de algumas alterações criadas pela vida, por confluências que parecem se distanciarem de nossos domínios. Sobre planos de viagens eu aprendi uma coisa certa, eles sempre modificam para nossa surpresa e me reforçando a ideia do que o que é bom mesmo, é não fazer muitos planos.

Gente espelho da vida doce mistério

Antes de mais nada quero dizer que o titulo desta postagem é uma frase da musica de Caetano Velosos chamada "Gente"e que achei cabível a o texto e que gosto muito. 
Agora pela manhã encontrei um de meus vizinhos saindo para trabalhar. Ele é advogado e não deve passar dos 35 anos de idade. Está a pouco tempo casado e tem uma cadelinha vira latas, que de vez em quando o vejo leva-la para passear. Nossa relação é de vizinhos que se conhecem a uma certa distancia, pois não nos estendemos alem da linha do oi bom dia, boa tarde, tudo bem e um leve sorriso de cordialidades. Bom, mas hoje que ele cruzou tão cedo da manhã por mim, possivelmente indo para o trabalho, não pude deixar de observar o modo como se veste para a ocasião. Sapatos pretos bem lustrados, combinando com a calça social da mesma cor, camisa branca e possivelmente uma gravata que deve guardar dentro da mochila de couro, também de cor preta, que carrega nas costas e um hed fone grudado no ouvido para escutar musicas. Esta forma de se vestir, não me afasta a ideia de que certas profissões ainda obrigam as pessoas a se vestirem como se fossem cartões de visita de uma determinada categoria profissional, uma espécie de quite convencional do tipo; advogados tem que vestir roupas sóbrias, de estilo social. Outra coisa, a mochila e o hed fone, me pareceram acessórios necessários para que ele não perdesse sua referencia emocional da juventude que ainda faz parte, assim como o entregador de pizza da esquina que também usa mochila e hed fones. E aí eu fico pensando como nós seres humanos somos semelhantes e não importa aquilo que façamos para garantir nosso ganha pão na multiplicidade de nossas profissões, existem peculiaridades que nos aproximam num comportamento comum ou muito semelhante.

Por onde anda a Marta?

A gente aprende a ouvir, senão ler opiniões que ora concordamos, ora descordamos, que nos surpreendem, ora não, assuntos que já tínhamos opinião formada mas que colocada de outra forma, nos põe a pensar mais sobre, e de repente o provedor disto tudo toma um chá de sumiço, desaparece alterando a nossa rotina de leitor. A gente abre a janela e encontra sempre a mesma cena, o mesmo antigo post. Poxa vida, a gente vicia. Afinal onde anda a Marta ein?

Entre alfaces hidropônicas e raízes de gengibre.

Foi neste Sábado, enquanto eu aguardava um amigo com um grupo  de pessoas para conduzirmos até Nova Petrópolis, que eu encontrei por acaso uma antiga colega de trabalho e que não via a alguns anos. O encontro foi em plena Feira Ecológica da Redenção entre as bancas de alfaces  hidropônicas e raízes de gengibre... 
Depois da surpresa do encontro e abraços calorosos, começamos a conversar e não paramos mais (e isto que não é nenhuma novidade para nós dois, por que sempre foi assim quando nos encontrávamos), nos fez procurar um banco disponível na praça e nos destrincharmos por diversos assuntos como a muito tempo não fazíamos (sem frescuras) e ainda descobrir o quanto algumas relações, a exemplo da nossa, são capazes de perdurarem da mesma forma como era antes e  ainda com mais intensidade, independente do tempo. 
Cada um de nós seguiu a sua vida, curtiu suas alegrias, sofrimentos e algumas descriminações, por possuirmos um olhar diferente aos estanques morais, mas ainda assim percebemos o quanto ainda temos energia de troca  com capacidade de nos abastecermos nestas horas que se parecem casuais e por fim se tornam surpreendentemente reveladoras. Nossa e como foram reveladoras!.. Após nos despedirmos, pois já estávamos atrasados  para os nossos compromissos pessoais, eu fiquei pensando, que não era tudo o que ela havia me dito que eu queria ter ouvido, mas sim o que eu precisava e isto me causou um desconforto inicial que me acompanhou pelo dia todo e me fez perceber que o que ela fez, foi me desmascarar e me retirar da minha linha de conforto. Isto desconcerta, doe, mas é a pura verdade e precisava ter sido feito por alguém.

Atenção, não podemos quebrar os ovos.

Eu tenho um mal juízo de pessoas que ficam me observando por de traz de janelas e depois disfarçam quando por mim são descobertas. Isto me gera um certo desconforto, uma sensação de mal estar, como se eu estivesse sendo vigiado numa grande prisão sem grades. Então eu deixo claro para o observador, faço que percebi sua presença camuflada para dividirmos o desconforto e também inibi-lo, tipo; Vamos combinar, tu também está sendo observado!... Isto me parece insuflar as relações cínicas, os cuidados, a atenção no pisar em ovos de modo a não quebra-los por qualquer descuido.

Um antigo abatedouro que virou ateliê.

Esta postagem estava perdida nos arquivos do blog e somente hoje, percebi que não havia publicado por puro esquecimento, o passeio aconteceu no dia 20 de Agosto, quando saí para conhecer uma das antigas rotas dos tropeiros, no Passo do Inferno, entre Canela e São Francisco de Paula. 
Estavam somente eu e Deus, fazendo uma das muitas incursões que costumo fazer por este mundo afora e que as apelidei de técnicas de desapego. Cruzei por Padre Eterno e o Interior de Gramado, quando me deparei com esta gigantesca e surpreendente construção que me chamou a atenção por sua proporção e arquitetura diferenciada. 
Busquei informações entre moradores locais, que informaram-me tratava-se de um antigo abatedouro da família de Gilmar Stahl, que foi desativado em 2001 e transformado pelo artista em galeria de arte e ateliê. O prédio surpreende não só por sua dimensão e estilo arquitetônico como pela sua localização no interior da cidade de  Gramado.
O artista, utiliza em seus trabalhos, a técnica de pintura à óleo, para retratar a realidade de crianças que são seu foco e que convivem com a violência urbana, a gerra, a fome, as drogas e a pobreza, frutos de sua inspiração que são traduzidas para as telas num processo técnico de grande beleza estética. Eu ja conhecia seu trabalho, alguns expostos em espaços culturais da cidade e fiquei surpreso com a coincidência de passar diante de seu ateliê, num lugar distante e inesperado. Responsável por um trabalho de grande expressão artística, Gilmar Stahl faz parte dos respeitáveis artistas gramadenses, que buscam a interação da arte com os elementos sociais intrínsecos a serem questionados no nosso dia a dia. 
O endereço é Linha Horllen, 2430, no Bairro Serra Grande interior de Gramado. 

Ninho das Águias em Nova Petrópols.

Neste Sábado pela manhã, fui convidado pelo Tom a acompanha-lo numa excursão que ele estava guiando e então conhecer o Ninho das Águias, localizado a noroeste de Nova Petrópolis, dois quilômetros no sentido Caxias do Sul, entre os quilômetros 180 e 181 da BR-116, (na localidade da Fazenda Pirajá, propriedade particular), há cinco quilômetros morro acima, por uma estradinha sem calçamento e que ao chegar no seu topo, descortina-se uma paisagem magnifica. É importante salientar que a placa de sinalização que indica a estrada para o morro, estava virada de costas para quem se desloca de N. Petrópolis para Caxias do Sul, já no trajeto oposto, Caxias/ Nova Petrópolis, conseguia-se ler a indicação correta do caminho.


O morro possibilita uma visão panorâmica de 270 graus da região do Vale do Caí, sendo ponto ideal para a prática de voos livres, numa altura de 702 metros de altitude, proporcionando uma vista espetacular da região, comprovado pelo numero de pessoas que estavam lá em cima, apreciando a bela vista. O local também possui alguns espaços na mata com bancos e mesas para realização de churrascos e piqueniques em grupos, lancherias, banheiros públicos e estacionamento gratuito.


Saímos às 10 horas da manhã de Porto Alegre, na kombe azul marinho do Tom, fizemos uma parada para o almoço num restaurante de comida caseira no meio da estrada em Picada Café, (o Tom fazia questão que fosse comida caseira alemã) e seguimos viagem até o lugar, chegando aproximadamente às 13 horas e 30 minutos, numa tarde muito ensolarada. A principio nos preocupamos por chegarmos de barriga cheia para realizarmos o voo, mas depois percebemos que daria tempo para a digestão entre um voo e o outro.


Nosso grupo era formado por três jovens corajosos, que se prepararam emocionalmente para saltarem (e digo saltar, por que o problema da falta de coragem neste momento não é propriamente voar, mas sim correr em direção a um penhasco e deliberadamente saltar, como se fosse dar um pulo para a morte) e mais dois medrosos, (eu e o Tom), que utilizamos todos os argumentos possíveis em nome da prudencia para não saltar, mesmo sendo encorajados pelo piloto e sua assistente. De qualquer maneira, todos estavam visivelmente nervosos e disfarçávamos nossos temores, fazendo piadas com um possível acidente de voo naquela altura. Mas tudo saiu tranquilo!


Os voos são oferecidos e operacionalizados pela empresa Cia do Ar, que tem sua sede e também atua em Sapiranga, com aulas demonstrativas de voos, cursos de formação de pilotos, voos duplos e vendas de equipamentos. Como o vento não estava propicio para saltos naquele lado do morro, seguimos com os instrutores para um outro morro em frente, onde estavam acontecendo outros voos, facilitados por maiores correntes de ventos. A experiencia de assistir gente saltando e logo em seguida voando do meu lado foi muito boa, mas não suficiente a para me encorajar.
Retornamos no final da tarde, chegando em Porto Alegre já noite.


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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...