Indiferença

Hoje o dia foi daqueles, que não fazia nenhuma diferença se me oferecessem banana verde com pão d'agua, ou um enfeitado prato de salmão com alcaparras e vinho tinto; tudo me parecia tão igual e sem novidades.  E é incrível  como os dias se tornam mais longos nestes momentos em que os pensamentos parecem estar  tão longe (e livre), mas também não se fixam em coisa alguma.
O que eu lembro ao final do plantão, foi de um colega dizer para sua chefe ao ser cobrado por algo que não fez ou esqueceu de fazer:  _Mas se eu der tudo de mim, ficarei sem nada!..

Num corredor de supermercado.

Enquanto isto, agora à tarde no corredor do supermercado, fui abordado por uma senhora com uma garrafa de vodka na mão, me perguntando se a bebida era muito forte. Eu meio perdido com  a pergunta inesperada, disse  que achava que sim, mas...que; e ela sem me dar fôlego e  percebendo minha dificuldade em dar uma resposta objetiva, já foi complementando uma nova observação e uma nova pergunta em cima, fazendo comparações com a cachaça e a bebida em sua mão. Dali, esticou a conversa para falar sobre sua vida pessoal e a do seu companheiro para quem estava levando a bebida e que segundo ela se transformou numa outra pessoa depois que a conheceu num baile da terceira idade a seis anos atrás.
Ficamos conversando por mais de  quinze minutos sobre a sua vida, seu companheiro e filhos adultos, que num corredor apertado de supermercado, parecia uma eternidade de uma avenida engarrafada na hora do hach em que todos pareciam ter pressa. Na verdade eu a ouvia mais do que falava e me preocupava por estar obstruindo o fluxo das outras pessoas no corredor, o que ela não parecia  nem um pouco estar preocupada. Ela tinha os cabelos num tom avermelhado, estatura baixa, gordinha e do tipo que prendia as pessoas com sua simpatia e prosas pessoais, sem parecer inconveniente. Eu acredito que ficaríamos por horas conversando, se não fosse o local inadequado, com pessoas a todo o instante, pedindo com licença. Depois, antes de se despedir, desculpou-se  por ter tomado meu tempo e finalizou dizendo que eu era uma pessoa que lhe passava uma sensação de bondade e credibilidade, por isto teve vontade de parar para conversar.

Uma questão de gerenciamento

A U.P.A- Unidade de Pronto Atendimento na Lomba do Pinheiro, responsável por inúmeros atendimentos de emergência da região, passou por um longo período de reformas que por vezes  colocavam em risco a eficácia de seu funcionamento, em função da demora da obra que restringia  o espaço disponível para o atendimento dos pacientes. As equipes de saúde, também se queixavam da  falta de funcionários no seu quadro de serviços. Mas outra questão de importância  a ser abordada, é o  espaço inadequado para as ambulâncias do SAMU que não conseguem estacionar, durante o fluxo de chegada e saída de pacientes que necessitam serem atendidos ou removidos. O espaço alem de pequeno, serve como estacionamento para veículos particulares que ocupam e obstruem toda a área. Muitas vezes a ambulância é estacionada longe da entrada do posto e alguns pacientes precisam ser  transportados sobre as macas em terreno pouco seguro e desviando de carros e buracos. Em dias chuvosos, a situação se torna ainda mais complexa e constrangedora, uma vez que os pacientes são molhados pela chuva, ate serem levados para as dependências do posto ou para o interior das ambulâncias. Acho que esta ultima questão esbarra muito mais num problema de gerenciamento do que na disponibilidade de uma área física disponível. Inúmeras vezes foi colocado para as chefias imediatas do posto, sobre as dificuldades e riscos de se trafegar com pacientes no local, sem que fossem tomada as devidas providencias. Ontem, diante desta repetida situação, resolvi fotografar o local e postar  aqui no blog.

Uma peça descartavel- Part 2


Hoje é o terceiro dia que passo na rua Leopoldo Machado Soares, do lado do edifício onde moro e vejo a peça descartada, ainda na caixa de plástico vermelha. Tenho preferido andar pelo outro lado da calçada, pois as moscas tomaram conta e o cheiro deve estar insuportável.
Muitas pessoas como eu, devem ter visto aquele cão morto, jogado por ali, mas ninguém quer tomar partido desta coisa tão cruel e desrespeitosa, nem mesmo o serviço de limpeza publica.
Eu pensei em colocar do lado dele, algum tipo de cartaz escrito: "Aqui um cão morto e abandonado por seus donos,  que não tiveram a dignidade de enterra-lo." - mas a chuva destes dias com certeza apagariam as letras. Eu talvez ainda me dê ao trabalho de fazer isto, antes de sobrar apenas seus ossos.
Ah! enquanto escrevia este texto, aqui no blogue, percebi da janela, que três homens de uniforme laranja, do serviço de limpeza publica, se  aproximavam do local. Certamente o levaram embora.

Andróides e bonecos de cera.

Eu fico sempre com pé atrás, com aqueles caras, que usam a barba cortada bem fininha, delineando o contorno da face e não usam bigode; O cabelo bem cortado e brilhante como se  faltasse alguma coisa de humanos neles, um tipo que me lembra um boneco de cera, ou um androide cujo o modelo saiu de circulação. Esta figura que considero estranha, me causa uma certa apreensão. Eu sinto uma vontade de jogar água sobre eles, para ver se entram em curto circuito.

Modificações pessoais necessarias

Resolvi modificar a forma de como escrevo os textos no meu blog. Acho que meus textos estavam muito politicamente corretos e isto fazia com que eu me sentisse um pouco afastado do que eu particularmente considero ser eu mesmo e do que acredito. Não acho que sou sempre correto e equilibrado, para escrever coisas politicamente corretas e que pareçam estar posicionadas no conforto das palavras que todos gostariam de ler. Acho que devo ser mais incisivo, mais profundo, mais duvidoso e contraditório nas minhas colocações do que atualmente tenho sido, sem medo de parecer emocionalmente doentio e mal resolvido. Afinal é tudo isto que somos, um amontoado de sentimentos  paradoxais a procura de uma verdade ou mentira incontestável. Na Sexta-feira quando recebi alguns amigos em minha casa, discutimos sobre essas questões. Por que esta necessidade de parecer-mos aquilo que não somos ou de tentar-mos esconder nossos ódios, rancores ou mesmo parecer-mos equilibrados neste mundo que nos dá tombos a toda hora? A  transcrição no papel ou em gestos e palavras de nossos medos, anseios, alegrias, burrices, futilidades e loucuras, nada mais é do que  a revelação corajosa  do que somos, como indivíduos únicos e com o objetivo de causar reações a quem as recebe mesmo achando tudo uma idiotice.

QUANDO É QUE EU FIQUEI MALUCO.

Eu lembro muito bem quando foi que eu fiquei maluco. Eu fiquei maluco, quando minha mãe me segurou pelos braços com medo e meu pai bêbado, me mijou na cara, um liquido quente e cheirando `a cachaça.
Daí por diante, eu também passei a mijar, só que nas próprias calças, até os seis anos de idade e virei piada em toda a família. Acho que eu intimamente, queria voltar a sentir aquele cheiro horrível de mijo em cima de mim. 
Depois passei a ter medo de aranhas e de um homem apelidado de João do Poço. A não dormir à noite e a falar com fantasmas. A acreditar que o correto era usar os calçados nos pés de forma contraria. A beber somente suco de uva, achando que era sangue e eu um vampiro imortal. A mastigar bagana de cigarros que encontrava na rua. A odiar minha mãe, por que ela gostava do meu pai. A não confiar na minha avó, após ela ter me convencido a colocar meu dedo na boca de um rato, preso numa ratoeira para testar minha masculinidade. A trancar minha irmão menor dentro do guarda-roupas, só para vê-la chorar. A ter raiva do professor de biologia, que um dia me passou a mão na bunda. A sentir vergonha quando meu tio descobriu que eu me masturbava no banheiro e contou para todo mundo na minha frente... 
Depois eu fiquei por um longo tempo calado, simulando sorrisos e vigiando meus gestos, para que acreditassem que eu era um ser absolutamente normal.

O passeio michou!

O passeio planejado pela Serra do Pinto, michou por conta da cara feia do tempo neste final de semana. Achei inadequado num dia encoberto de nuvens e chuvoso como o de hoje, subir a serra onde pouca coisa poderia ser vista. Oportunidade de dias melhores e ensolarados não faltará para conhecer-mos  este belo lugar e tirar muitas fotografias. Agradeço a presteza de meu colega que foi guarda florestal do lugar e teve a gentileza de desenhar um mapa com os principais pontos a serem conhecidos.

Uma peça descartavel.

Pela manhã, quando saí para o trabalho, encontrei um cão morto, dentro de uma caixa de plástico sobre a calçada da Rua Leopoldo Machado Soares, na Intercap onde eu moro.
A forma como ele estava acomodado, ainda deveria estar vivo quando foi largado ao relento e a própria sorte. As pessoas  não tem mais a dignidade de enterrar seus mortos; parece mais conveniente abandona-los na rua, em qualquer lugar, em qualquer situação como uma peça descartável e isto me revolta demais.
Algumas vezes eu penso em mudar-me da cidade para algum lugar mais rural, cercado de mato  e   tranquilidade, embora eu sinta um pouco de receio de morar isolado e ser assaltado ou morto por algum delinquente de plantão ou ainda morrer de depressão cercado de árvores e muito silencio. Não sei o que seria pior, mas ainda não desisti de tratar estes medos e providenciar alguma mudança neste sentido, mesmo que seja apenas experimental. Hoje decididamente me senti numa nova estação, este clima meio chuvoso, me deixa mais introspectivo e também menos cansado. O cansaço para algumas pessoas como eu, é mais mental do que físico, mais emocional do que muscular.

Meu inimigo mora do lado

Tem um cara que mora na pensão de estudantes aqui do lado de casa, que não gosta de mim. Eu sinto isto por que quando eu passo por ele, ele fica com aquele jeito camuflado de quem esta em vigilância, que é quando a pessoa te observa pelo canto do olho, embora pareça estar olhando na outra direção. Nós nunca trocamos uma única palavra, mas sei que não sou aceito por alguma razão que talvez eu nunca  venha a descobrir.  
No principio, ele nada significava para mim, apenas uma imagem comum, de alguém comum, fazendo coisas comuns, até o dia em que fixou seus olhos sobre mim e percebi sua  expressão de desaprovação, náusea e falta de simpatia. Eu agora estou no aguardo de reconquistar meus velhos poderes mágicos, chegar na sua frente e desintegra-lo com meus próprios olhos, por que me cansei de fingir ser correto.

Teoria da positividade

Hoje li no blog Canudos Coloridos, um texto escrito por Guy Franco, que eu chamarei de "receita pratica para a felicidade", embora não seja própriamente esta a função do texto, mas achei muito engraçado e diz o seguinte:

"_Sem medo de ser feliz, sem medo de ser feliz, sem medo de ser feliz. Repita isso umas cinco vezes até a expressão começar a fazer sentido na sua cabeça. Vamos lá. Em frente ao espelho, repita: Sem medo de ser feliz, sem medo de ser feliz. Entende do que eu estou falando?"

Esta teoria da positividade fez eu lembrar de uma amiga, já falecida e que foi casada com um  cara muito magro. Ela depois de experimentar varias correntes filosóficas e espirituais com o objetivo de ter uma vida emocional mais centrada, encontrou uma que veio de encontro ao que ela chamava de (menos complexa e possível de seguir). Ensinaram-lhe um exercício, que segundo ela, era capaz de modificar o perfil emocional e energético das coisas não aceitáveis ou que produzissem energias negativas com o meio, interferindo-se nas boas relações de convivência. Através de pensamentos positivos era possível  provocar verdadeiros  milagres de transformação. Ela então repetia, inicialmente em voz alta, inúmeras vezes para o marido do qual ela não  aceitava que fosse tão magro: 
"_O  fulano é gordo, o  fulano é gordo, o fulano é gordo, ele é perfeitamente gordo!" E enquanto conversava com ele, interiorizava esta situação imaginaria repetindo pra si  em silencio. Na verdade ele nunca aumentou nenhum centímetro se quer do que era, somente a falta de paciência com ela.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...