Lembra de mim

O casal de namorados sairam abraçados do bar na Joaquim Nabuco, pensei que só faltava esta musica do Ivan, (que postei ai embaixo), para completar o clima de paixão que eu assistí como anônimo espectador naquela noite fria de sábado:
Lembra de mim
Dos beijos que escrevi nos muros a giz
Os mais bonitos continuam por la
Documentando que alguem foi feliz

Lembra de mim
Nos dois nas ruas provocando os casais
Amando mais do que o amor e capaz
Perto daqui, ah! tempos atras

Lembra de mim
A gente sempre se casava ao luar
Depois jogava nossos corpos no mar
Tão naufragados e exaustos de amar

Lembra de mim
Se existe um pouco de prazer em sofrer
Querer te ver talvez eu fosse capaz
Perto daqui, ou, tarde demais

Lembra de mim...


VELHO VAN GOGH DE GUERRA


Quando atendi o telefone ontem à noite, o convite veio rápido e sem que eu pensasse muito no dia talvez impróprio na semana, frio, cansaço, pouca disposição, etc.: 
_Estamos aqui no Van Gogh, numa mesa onde o violão é quem comanda o espetáculo, vem, pega um casaco e vem! Então, me arrisquei com coragem! O Van Gogh me pareceu o mesmo de alguns anos atrás, com a mesma arquitetura e decoração de antes, mesas e cadeiras de madeira escura com algumas gravuras antigas penduradas na parede e garçons com roupas preta e camisa branca parecendo pinguins. 

O diferencial ficou por conta de seus frequentadores que não são mais os mesmo que circulavam como nos velhos tempos entre os bares da Republica e João Alfredo e que no final da noite iam a procura de um lugar mais tranquilo para a famosa saideira com uma sopinha de capelétti de frango para aquecerem a alma. Quero dizer que tudo continua o mesmo, apenas os frequentadores mudaram. A casa não estava cheia, e na mesa onde me acomodei com alguns amigos, já havia resquícios da conhecida sopa servida. Três músicos sentados à mesa, (violão, tamborim e chocalho) dividiam espaço entre si para tocarem musicas de compositores gaúchos como: Lupicínio Rodrigues, Hermes Aquino, Nelson Coelho de Castro e outros
Bom, o Van Gogh continua sendo aquele velho bar de passagem, do final do agito nas noites Porto-alegrense, com aquele mesmo aspecto descompromissado com as decorações modernas, mas que continua atraindo seus antigos e novos frequentadores por conta da sua velha historia  e roupagem, como um diferencial, simples e sem modismos, apenas o velho Van Gogh de guerra!

Pés de sonho

No quintal por trás de casa
Tem um pé de sonho
Que não para de florar
Florar a noite inteira
Cada sonho seu
Me faz sorrir e até cantar

Rua do Ouro, uma rua
Senhora nada adorada
Não é uma rua
É uma estrada
Cheia de casa do lado
Deixa eu falar desta rua
Que ninguém pode entender
Deixa eu dizer que ela é cheia
De ouro mas ninguém vê

Maria, Mariazinha, que outro dia se foi
Saiu cantando na estrada
Voltou chorando depois
Hoje ela canta sozinha
Chamando pelo luar
Hoje ela chora baixinho
Que é pra ninguém escutar

Que olhar escondes o viço
Dos teus olhos já sem cor
Também só tenho dois braços
Posso colher uma flor
Posso plantar uma rua
Na estrada que vês agora
Posso seguir pela estrada
Quando for chegada a hora.

Petrucio Maia & Brandão.

Biscoitos de Natal

Mariana adora biscoitos de Natal e eu soube que quando ainda era uma menina ficava fascinada por biscoitos caseiros que sua mãe fazia para uma senhora de posses. Os biscoitos eram feitos pôr ocasião dos comemorativos de Natal e em grande quantidade para enfeitar a ceia e saciar os desejos da numerosa família rica. Eram biscoitos saborosos e enfeitados com uma camada de merengue e confeitos coloridos que instigavam as suas fantasias de menina. Sempre que os encontro, compro alguns pacotes para lhe oferecer.
Engraçado, os biscoitos passaram a ter grande importância na vida de Mariana como os ovos de pascoa feitos de açúcar e glacê na minha. Até hoje quando os encontro no mes de Pascoa, levo-os para casa nem que seja para ficar admirando seus enfeites.

Porco Atolado

Na Sexta-feira passada promovi um jantar para amigos em minha casa. Nada de especial, na verdade não é preciso uma data com motivo especial para se receber amigos para jantar, mas é que desde que me mudei para o novo endereço há um ano e três meses que venho prometendo este encontro e termino protelando por razões descabidas. Tinha ideia de fazer um prato de inverno, já que o frio pôr aqui de noite tem nos castigado. Vaca atolada, pensei e que acabei mudando pelo exagerado preço da carne de gado e sua baixa qualidade. Escolhi pôr fazer o prato com carne suína e então mudei o nome para "porco atolado" e com grande sucesso. Na ocasião, ganhei um vidro desenhado e com pimentas de variados tipos e cores que coloquei exposto num local visível na cozinha para que eu me lembre deste encontro carinhoso.

MANERA FRU FRU, MANERA.

Já aconteceu com você de ter lido um texto qualquer, assistido um filme ou escutado uma musica e de repente se dar por conta de que não entendeu nada do que leu, viu ou ouviu? Pois bem comigo foi com a letra da musica Manera Frufru manera do Cd do Fagner, tambem com mesmo titulo, lançado em 1973 pela Polygram.... Pôr mais que eu escutasse a musica não conseguia entender do que se tratava (e olha que escutei muito na tentativa de desvendar , compreender o significado daquela letra). Agora navegando pela Internet, encontrei uma entrevista de Ricardo Bezerra, compositor, arquiteto, professor universitário cearense, personagem atuante na cena musical e cultural, alem de muito ligado à carreira de Fagner que explica em entrevista concedida a Kladia Alvarez:
Entender esta musica depois de tanto tempo me pareceu descobrir a America!


- Em entrevista, você já afirmou que Manera Fru Fu conta a estória de uma prostituta num grande centro urbano. É isso mesmo ? Qual a lógica da música e como ela foi composta ?
RB - Fru Fru é o que podemos chamar de parceria mista. Cada um (o Fagner e eu) fez uma parte da letra e uma parte da música, apesar de que a maior parte da música é do Fagner e da letra, minha. Naquela época era moda a metalinguagem (ver "Vaila" do Ednardo com parceria do Brandão). E nós fomos na onda...Enquanto estava construindo o corpo geral da letra, não me passava pela cabeça qualquer estória de prostituta...Depois de terminado é que inventei essa conversa, pois realmente tinha tudo a ver. Algumas pessoas achavam que era um travesti... Deixo essa parte, no entanto, para Freud explicar a de cada um... O que é certo é que na época fazia muito sucesso o Jorge Ben com "Charles Anjo 45", que tinha aquele refrão que dizia: "take it easy my brother Charles, take it easy meu irmão de coôorrr" Aí na letra de Fru Fru eu transformo isso para "têc têc têc ri, brode brode brode chá" . Entenda quem quiser... Aliás naquela época ninguém estava muito preocupado em se fazer entender. (Depois dessa declaração, espero que o Jorge Benjor não queira cobrar pelos direitos autorais...)
A minha parte da música é só o refrão, sendo o restante do Fagner. É, desculpe a falta de modéstia, uma das músicas mais criativas e intrigantes produzida naquela época e até mesmo para os padrões de hoje. Pelo fato de ser uma música bem diferente, só os corajosos e mais afoitos topa(ra)m gravá-la. (Essas qualidades geralmente só se encontram nos mais jovens).


Coloco aqui, no pé da pagina, a letra da musica, cuja a explicação de Ricardo Bezerra,  ainda não me convenceu:

Estrela, sol e astro, lua
Laiá
Chegam nessa hora agora
Laiá
Para louvar santa alma branca
Centauro fru fru
Fru fru manera
Fru fru manera, fru fru
Nesse mundo imundo só se escuta Alinhar ao centroTeia da teq teq tequiri
Brode brode brode chá
Fru fru manera
Fru fru manera, fru fru
Bat bat bat cum
Toc toc tocoró
Toc toc tocantins
Toc toc tocaré
Teq ted tequiri
Brode brode brode chá
Fru fru manera
Fru fru manera, Fru fru
Mas fru fru o navio
Já chegou pra te levar
Pega 3 trunfos que é
De brode brode brode chá
E vai lá pela boléia
Que é melhor de viajar
Viva a glória
Fru fru gloriosa
Centauro fru fru
É só catimbó
E o chicó tá no Icó
Viva a glória
Fru fru gloriosa
Centauro fru fru
Adeus adeus
Bat que bat que já bateu
Fru fru já vai embora
adeus adeus....

Novidade

A casa era pequena e pobre. As paredes de madeira velha possuíam fendas tão largas que podia-se ver a rua. Os móveis eram um amontoado de objetos quebrados e sem uso. Havia no olhar da mulher uma espécie de resignação e impotência e as quatro crianças pequenas e maltrapilhas, curiosas e assustadas. Seu marido que recebeu alta hospitalar alguns dias, vitimado por derrame cerebral, dormia sobre um sofá rasgado num canto da casa e cheirava a urina de vários dias. Pareciam sentirem-se perdidos, desassistidos diante de tanta novidade e do que ainda estava por vir.

Desfazendo nós...

...É isto que faço toda a vez que saio para trabalhar e procuro questionar idéias com meus colegas ou clientes. Quando escrevo textos que ora são ousados, ora melancólicos e saudosos, ora sem sentido e descabidos. Quando me trancafio em casa e não quero ver ou falar com ninguém, quando não atendo o telefone ou ouço radio. Quando me ponho alegre e mando rosas, quando faço convites, quando não compareço ou desapareço dos compromissos. Quando bebo vinho só ou acompanhado. Quando faço planos deliciosos de viagem. Quando lembro do meu passado e do presente, da minha vida, dos meus sonhos. Quando fecho portas e janelas dentro de mim e me pondo silencioso, é isto que faço: Desfazer nós para amanhã estar melhor!...

Cronologia

Correm horas, dias, semanas, meses e anos. E as horas são quase imperceptíveis, os dias tão rápidos emendando nas semanas velozes, nos meses apressados, nos anos que se passaram tão iguais e só se percebe a diferença olhando pra traz, observando-se este fluxo ao contrario que é mais rápido do que os olhos, os sentidos, as palavra, as sensações!..

SEU CORREIA.


Seu Correia era um homem negro e com dentes tão brancos e perfeitos que alguns vizinhos preconceituosos diziam que não combinavam, com um alguém de pele tão preta-reluzente. Era amigo de longa data de meu pai que dizia lhe dever a vida, quando trabalhavam nas minas de carvão.
Veio morar num quarto alugado, em frente da nossa casa e minha mãe sempre elogiava-o por  sua tamanha educação e presteza. Não se relacionava com ninguém além da minha família e a velha que lhe alugava o quarto.
Um dia surgiu um boato entre vizinhos, sem que soubéssemos o autor e que nos deixou temerosos: Diziam que um grande cão preto rondava á noite pelo nosso pátio e que era seu Correia transformado em lobisomem. 
Minha mãe assustada, pendurava alho nas portas e janelas e fazia-nos rezar ajoelhados. Depois de algumas semanas, seu Correia ficou sem aparecer em nossa casa, desconfiado, meu pai foi a sua procura e então encontrou-o morto já há alguns dias, caído em seu quarto.

Caminhos

Tem caminhos sem volta!.. Melhor dizendo: Às vezes trilhamos caminhos que não tem mais volta por que o construímos meio descuidado e sem pensar que um dia poderemos vir a nos arrepender do que decidimos ou o curso que tomamos. Na vida, nada vem pronto, e está provado que a gente é que constrói nosso destino colocando tijolos sobre tijolos numa construção lenta e as vezes sofrida. Até mesmo o nosso fim construímos! Falo disto agora, dando uma olhadinha pra traz e percebendo que somos arquitetos da nossa história. Quantas decisões já tomei errada pensando estar certo, quantos caminhos desistí por achar-me incompetente e que só serviu para atrasar sonhos que poderiam terem sido construídos á favor de uma nova vitória ou mais uma celebração? Mas nem sempre saímos vencedores ou planejamos a nosso favor.
Hoje, removendo um homem de quarenta e oito anos, emagrecido, debilitado, com história de drogadição e com doenças que certamente o levará a morte brevemente, fiquei pensando nisto... Sem pai, mãe, esposa, filhos, abandonado por todos, ele segurou minha mão pôr uns minutos e me disse com o olhar emocionado: _Isto tudo, eu cavei com as minhas mãos, mas não estou arrependido de nada! Depois escondendo o rosto para o outro lado, completou chorando: _Ninguém merece isto, ninguém!..
Havia sim, dor e arrependimento naquele olhar.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...