Novidade

A casa era pequena e pobre. As paredes de madeira velha possuíam fendas tão largas que podia-se ver a rua. Os móveis eram um amontoado de objetos quebrados e sem uso. Havia no olhar da mulher uma espécie de resignação e impotência e as quatro crianças pequenas e maltrapilhas, curiosas e assustadas. Seu marido que recebeu alta hospitalar alguns dias, vitimado por derrame cerebral, dormia sobre um sofá rasgado num canto da casa e cheirava a urina de vários dias. Pareciam sentirem-se perdidos, desassistidos diante de tanta novidade e do que ainda estava por vir.

Desfazendo nós...

...É isto que faço toda a vez que saio para trabalhar e procuro questionar idéias com meus colegas ou clientes. Quando escrevo textos que ora são ousados, ora melancólicos e saudosos, ora sem sentido e descabidos. Quando me trancafio em casa e não quero ver ou falar com ninguém, quando não atendo o telefone ou ouço radio. Quando me ponho alegre e mando rosas, quando faço convites, quando não compareço ou desapareço dos compromissos. Quando bebo vinho só ou acompanhado. Quando faço planos deliciosos de viagem. Quando lembro do meu passado e do presente, da minha vida, dos meus sonhos. Quando fecho portas e janelas dentro de mim e me pondo silencioso, é isto que faço: Desfazer nós para amanhã estar melhor!...

Cronologia

Correm horas, dias, semanas, meses e anos. E as horas são quase imperceptíveis, os dias tão rápidos emendando nas semanas velozes, nos meses apressados, nos anos que se passaram tão iguais e só se percebe a diferença olhando pra traz, observando-se este fluxo ao contrario que é mais rápido do que os olhos, os sentidos, as palavra, as sensações!..

SEU CORREIA.


Seu Correia era um homem negro e com dentes tão brancos e perfeitos que alguns vizinhos preconceituosos diziam que não combinavam, com um alguém de pele tão preta-reluzente. Era amigo de longa data de meu pai que dizia lhe dever a vida, quando trabalhavam nas minas de carvão.
Veio morar num quarto alugado, em frente da nossa casa e minha mãe sempre elogiava-o por  sua tamanha educação e presteza. Não se relacionava com ninguém além da minha família e a velha que lhe alugava o quarto.
Um dia surgiu um boato entre vizinhos, sem que soubéssemos o autor e que nos deixou temerosos: Diziam que um grande cão preto rondava á noite pelo nosso pátio e que era seu Correia transformado em lobisomem. 
Minha mãe assustada, pendurava alho nas portas e janelas e fazia-nos rezar ajoelhados. Depois de algumas semanas, seu Correia ficou sem aparecer em nossa casa, desconfiado, meu pai foi a sua procura e então encontrou-o morto já há alguns dias, caído em seu quarto.

Caminhos

Tem caminhos sem volta!.. Melhor dizendo: Às vezes trilhamos caminhos que não tem mais volta por que o construímos meio descuidado e sem pensar que um dia poderemos vir a nos arrepender do que decidimos ou o curso que tomamos. Na vida, nada vem pronto, e está provado que a gente é que constrói nosso destino colocando tijolos sobre tijolos numa construção lenta e as vezes sofrida. Até mesmo o nosso fim construímos! Falo disto agora, dando uma olhadinha pra traz e percebendo que somos arquitetos da nossa história. Quantas decisões já tomei errada pensando estar certo, quantos caminhos desistí por achar-me incompetente e que só serviu para atrasar sonhos que poderiam terem sido construídos á favor de uma nova vitória ou mais uma celebração? Mas nem sempre saímos vencedores ou planejamos a nosso favor.
Hoje, removendo um homem de quarenta e oito anos, emagrecido, debilitado, com história de drogadição e com doenças que certamente o levará a morte brevemente, fiquei pensando nisto... Sem pai, mãe, esposa, filhos, abandonado por todos, ele segurou minha mão pôr uns minutos e me disse com o olhar emocionado: _Isto tudo, eu cavei com as minhas mãos, mas não estou arrependido de nada! Depois escondendo o rosto para o outro lado, completou chorando: _Ninguém merece isto, ninguém!..
Havia sim, dor e arrependimento naquele olhar.

A rua vazia

Há uns dias, entrei numa rua e a rua não tinha saída e estava vazia, vazia de tudo, vazia de gente, vazia de carros, de cães perambulando pelas calçadas ou ladrando nos portões; mas a rua mesmo vazia tinha um cheiro que me era peculiar e eu buscava saber o que era e eu não conseguia, não descobria, não achava o que nela me era tão próprio, tão pessoal, tão intimo daquele cheiro, daquele vazio!

Historias que se conhece

Na saída do plantão encontrei Zé Pedreira, morador de rua que tem este apelido dado por vigilantes e porteiros daqui do bairro, por ser usuário de craque e andar pelas ruas sem rumo. e maltrapilho Estava sentado na calçada, de baixo da marquise de um edifício na avenida, protegendo-se do frio e da chuva de ontem. (E que frio e que chuva!.. Quando o vi pensei comigo: Este cara vai morrer congelado!) Pouco agasalhado, abraçava-se num pedaço de papelão que era insuficiente para proteger seu corpo que tremia descontroladamente. Já em casa quando passei um pouco de café, não pude deixar de lembrar-me da situação em que o avistara e então preparei no bule um pouco mais que o de costume, coloquei numa garrafa, peguei algumas bolachas e pão e levei-lhe. Alguém caridoso havia passado por lá e lhe deixado uma manta de lã velha que usava sobre os ombros ainda trêmulos. Depois retornando para a casa, lembrei-me de uma frase que me pareceu caber nesta experiência que vivenciei: A atitude por vezes pode ser maior que a intenção. O resto da história a gente já conhece!
Fiquei entristecido de saber que uma amiga morreu sem que eu tivesse a oportunidade de ve-la antes com vida. Passamos muito tempo juntos falando sobre a sua curiosidade de conhecer algumas cidade a beira do Pacifico, trocando receitas de patês exóticos e bebendo vinho na frente da sua gigantesca lereira de pedra nas noites frias de inverno Viamonense.

A barra do Amor é que ele é meio ermo...
A barra da Morte é que ela não tem meio termo
...

Que estranho este sentimento que agora é meu e que fica assim preso por alguns miniutos, talves horas, dentro do peito, quando se descobre a perda um amigo como Lucia, Hélio e tantos outros que ja se foram. Não é saudades, por que ainda tenho a sensação de que posso a qualquer momento levantar o telefone e marcar um encontro para um papo legal, acho que é um sentimento pessoal de vazio, de impossibilidade de trocas que fica ardendo aqui..., como se eu ficasse com pena de mim mesmo por não mais vê-los e ter ficado pra traz, sózinho, esquecido de ter sido convidado para uma grande viagem da qual eles não mais voltarão.

Resposta a o leitor

Olha, o papo pode ser reto ou sinuoso, depende da intenção dos envolvidos, mas eu tenho preferência pelos que são retos, diretos e sem frescuras. Evidentemente não se deve confundir franqueza, objetividade e sinceridade com frases agressivas e maldosas, mas... em resposta as tuas dúvidas quanto ao texto postado por mim em: 25/05/2009 com o título de "Respostas", não foi intencional passar para voce e outras pessoas algum sentimento doentio e incestuoso, quanto a minha curiosidade na (infância) de ver meu pai nu e em particular seu penis e que no texto fiz questão de escrever "pau"propositalmente. Na verdade acredito que eu tenha ido em busca de alguma afirmação, uma busca por identificação e até sob o ponto de vista de comparações firmada na diferença de idades. Oque quero dizer é que: (homens tem o penis grande e meninos penis pequeno, assim sendo, pode ocorrer por parte de uma criança, como foi no meu caso, sentimentos de comparação), ok? Me pergunto inclusive, quantas crianças já não tiveram esta mesma curiosidade com seu pai ou sua mãe, ou com tios, ou vizinhos?... Não posso me permitir acreditar que sentimentos oriundos de crianças oque pra mim tem o mesmo peso de inocência, possam ter alguma intenção de carater (...) Você deve ter tido as suas curiosidades, ou não? Se teve, deve saber do que estou falando, ou então vivemos em planetas diferentes!

Dificil entender

Se,
Mas,..
Por que,..

Entender,..Respostas...
Será que estas palavrinhas são chaves para alguma resposta ou apenas uma técnica para tentar compreender o que me parece ser definitivamente incompreensível?
Mas é assim que deve ser escrito, pensei, na tentativa de que fique um pouco mais complexo para a compreensão e apenas chame a atenção de quem venha ler e que fique ainda mais difícil de entender,
por que é difícil até pra mim, envolvido nesta trama entender. Cheguei ao ponto de não querer mais descobrir o que realmente é muito dificil e quase impossivel de se entender:
Seu Antenor deprimo com a dificuldade de solucionar seu caso na rede Pública de Saude, deu um tiro de 38 no tórax porque passou varios dias em hospitais com dor no abdomem sem que fosse resolvido? Foi o que ele justificou! As vezes é dificil entender uma queixa, diagnosticar um problema! Pensei.
Por que o médico do Samu, entendeu então que o tiro era no abdomem e não no tórax?
Por que a regulação do Samu mandou uma ambulância de suporte básica e não uma de suporte avançada, será que entenderam que um tiro no abdome fosse menos grave do que no tórax? Será que foi por isto?
Por que seu Antenor apesar do tiro, manteve-se estável, presumidamente pela regulação médica do Samu, apesar do tiro de 38 muito próximo do mamilo esquerdo?
Mas seu Antenor estava realmente estável. Que Sorte a dele!
E Se não estivesse, se piorasse? Presumir não é o mesmo que prevenir!
Se piorasse no caminho sem médico para o atendimento realmente eficaz?
O filho de seu Antenor estava preocupado era com a depressão do pai. E se voltasse a acontecer de novo? Questionava-me o jovem assustado.
Algumas coisas parecem dificeis de se entender e ficam sem respostas, e com varias interpretações porque talves sejam dificultadas pela comunicação, pelo entendimento, pela atenção e não tenham respostas mesmo!


Caminho das Indias

Esses dias, com pouca opção do que fazer, resolvi ligar a TV, que esqueço as vezes que tenho, e assistir qualquer coisa que me chamasse a atenção e acreditem eu conseguí! Não sei se por coincidência, vício ou lavagem cerebral, caí na TV Globo mesmo tendo alguns canais fechados da Net. Estava passando aquela novela da Glória Peres, Caminho das Índias, uma cena onde uma família de indianos, que acredito ser o núcleo de atores centrais da trama, falavam abobrinhas e dançavam como bobocas no meio da sala. Foi tão engraçado ver aquela imagem, pois achei tudo tão bobo e sem sentido e artificial ... Depois surgiu uma história mas boba ainda em que uma das moças implorava para uma mulher mais idosa a responsabilidade de ficar tutelando uma chave da dispensa da casa que lhe era negado por alguma situação que desconheço, mas que achei ridículo, apelativo e sentimentalóide. Fiquei me perguntando se o povo indiano conhecido por uma cultura milenar e espiritualidade a toda a prova eram assim mesmos, capazes de atitudes tão infantis. Talvez eu até esteja comentando ignorantemente como um leigo que não pesquisou ou estudou os hábitos comuns do povo indiano, mas estas cenas....por favor, poderiam ser substituídas por outras mais aproveitáveis!

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