Piquenique

Hoje busquei Borba, minha mãe, em sua casa, minha sobrinha Bruna e seus três filhos, João, Laís, e Iago para fazermos um piquenique na praça, aqui perto, onde eu moro. Levamos cadeira de praia, toalha para deitarmos sobre a grama, refrigerantes gelado e biscoitos recheados para as crianças, agua, chimarão. Pena que esquecemos da máquina de fotografar para registrar o encontro de lazer, com futebol com as crianças, subida nas árvores e caminhadas pelo vasto campo e degustação de amoras direto da arvore. O encontro de hoje fortaleceu nosso convívio pessoal e com a natureza, nos deu energia e paz, também a certeza deque foi um momento, mágico, inesquecível e com desejo de quero mais.
"Debaixo destas árvores na praça me sinto bem, seus braços frondosos me acolhem e consigo até dormir confiante sob suas sombras majestosas. Esqueço que as horas passam e da violência que passa ao lado. Que eu passarei por esta vida e elas quem sabe ficarão ali solenes, acolhendo outros corpos, outras vidas sob seus galhos verdes e centenarios, sendo admiradas e respeitadas."


Pra que a pressa?

Por estes dias percebi ter perdido ou ao menos por alguns dias ter deixado de lado a pressa. Afinal por que te-la? Oque se pode ganharar com isto? Aos cinquenta anos não se deveria mais ter pressa de nada, nem mesmo aos trinta, aos vinte, aos quinze...Será que é necessario chegar até os cem para se perceber que não se ludibria o tempo, que chegar primeiro não significa ser o primeiro!.. Não tenho a intensão de desestimular as pessoas ou mesmo convence-las de que não devam lutar e ir atraz de seus sonhos, de suas conquistas, das soluções de suas urgencias. Mas defendo a idéia de que devemos viver com mais calma, observando mais a vida ha nossa volta, apreciando os seus detalhes e oque de bom podemos aprender, aproveitar. Penso que perto dos cem anos poderia não ser o inicio do fim, mas o inicio de um novo começo onde talvez tivessemos pela experiencia, mais chances de acertar. Minha prima postou em seu blog: http://jeitodeisedeser.blogspot.com/um texto de Charles Chaplin que achei fantastico e ilustra esta minha idéia.

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"

Charles Chaplin

A propósito

As vezes tenho a sensação de que esqueço de tudo e fico aqui sentado no sofá olhando pela janela o paredão cinza de concreto que me impede de ver a rua, a praça, as pessoas. Fico curtindo a brisa entrar e invadir meu rosto, meus pensamentos, meu corpo imóvel sentado no sofá da sala. Tenho poucas coisas para me preocupar nestes momentos, então venho pra cá, onde estou agora e fico com meus pensamentos soltos, dando asas à minha imaginação, voando além deste paredão de concreto. É talvez como um vicio que se fortaleceu pela força do hábito, pela necessidade de ficar só, em silencio, desassociado dos pequenos incômodos do dia a dia, na tranquilidade, no que de positivo (o viver só) pode proporcionar.

A cidade está vazia!

Quando voltava para casa com meu filho, hoje de madrugada, de dentro do carro observávamos a cidade que parecia adormecida. Engraçado ouvir dizer que alguns centros urbanos não dormem, mas Porto Alegre, particularmente dorme principalmente nesta noite atípica. As ruas pareciam desertas e o movimento de veículos nos cruzamentos era quase zero como nas pequenas cidades do interior. Com a janela do carro meio aberta podia-se sentir o vento da noite bater nos nossos rostos como num passeio à beira da praia depois de um longo dia de lazer. Árvores balançavam, calçadas vazias e a voz de Ana Carolina cantando no rádio do carro:
"... Já sei olhar o rio por onde a vida passa, sem me precipitar e nem perder a hora. Escuto no silêncio que ha em mim e basta, outro tempo começou pra mim agora. vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender ..."
Já entrando em casa tivemos a sensação de que éramos os únicos moradores de um prédio de seis apartamentos em completo silêncio.

Acordei inspirado, então coloquei no aparelho de som o CD de Vinicius, Tom, Miucha e Toquinho gravado ao vivo no Canecão. Tomei meu café da manha com a voz delicada de Miucha em dueto com Vinicius, cantando "Minha Namorada", "Chega de Saudades"e "Se todos fossem iguais a você." O dia pareceu ficar mais bonito que os outros, o café mais saboroso e a vida melhor!

Chega de Saudades.


Será que eu ficarei assim? Este é o meu, o nosso futuro? Foram estas perguntas iniciais que me fiz ignorantemente, quando assisti o filme de Laís Bodanzky: "Chega de Saudades." 
Produziu em mim o efeito de uma catarse por se tratar de uma ficção que mostra a possível realidade não tão distante, retrato da vida. 
A primeira sensação foi de angustia e impotência, uma vez que não se pode parar o tempo e todos nós envelheceremos e pensar em futuro, é também pensar na possibilidade de que nossa juventude está se extinguindo. Depois de uma aceitação pautada na falta de opção, por que afinal de contas é assim a vida, envelhecemos mesmo contra a nossa vontade, mas nossos desejos e necessidades não se esgotam, continuam latentes e com isto se mantém jovem. 
O filme é ambientado durante uma noite de baile, num clube de dança em São Paulo. A trama começa ainda com a luz do dia, quando o salão abre suas portas e termina ao final do baile, pouco antes da meia noite, quando o ultimo frequentador desce a escada. Mostra também numa unica noite de baile, os dramas, alegrias e sonhos de seus personagens, mesclando comédia e drama na mesma história. O filme aborda também o amor, a solidão, a traição num clima de muita musica e dança.

Elenco:
Tônia Carreiro,
Betty Faria,
Cassia Kiss,
Stepan Nercessian,
Maria Flor,
Paulo Vilhena,
Elza Soares.

Duração:92 min.

Fora do Ar

Ontem, Moema em alguns momentos criou distancias que talvez achasse necessário para si e todos nós ali reunidos. Tinha o olhar ocupado e firme num pequeno objeto que segurava na mão, mas também cruzava os limites do seu presente que a levava para longe, muito longe de nós. 
Distanciava-se para algum lugar pessoal e secreto, fora do nosso e de seu tempo. 
Fiquei a observa-la sem que eu fosse notado e pensei que algumas vezes também faço estas viagens inconscientemente, levado por uma surpreendente distração maior que minha vontade de permanecer no que chamo de minha realidade presente. Absorvido em pensamentos soltos e sem nexo, captando impressões tácteis e visuais, navegando em imagens voláteis e talvez necessárias a o sonho, a compreensão, de quem sabe, nós mesmos em mensagem não decifradas, codificadas por senhas complexas e esquecidas. 
Por alguns minutos, também me distanciei permanecendo alguns minutos, talvez segundos, fora do ar e só retornei quando Moema bateu em meu ombro perguntando:
_No que está pensando?..

Novembro, Dezembro, já quase Janeiro

Meu quarto pela manhã, fica iluminado pelo sol, que entra pelas frestas da persiana. Hoje, além do sol, havia um vento forte que rajava pelas paredes e janelas do prédio. Haverá mistérios num dia de sol e vento e sem cantoria de passaros como o de hoje? Já me adonei deste sol e deste vento que surge por aqui, tenho sentimentos de pura nostalgia agregado ha dias como este.
Daqui vejo somente telhados marrons, chaminés sem fumaça, nuvens que parecem eicebergs em movimento lento e indo na mesma direção. Novembro já quase virando Dezembro. Indo, na direção de Janeiro, acompanhando o movimento das nuvens, partindo, indo, na direção do futuro!..

Sombras e Vozes

Sombras e vozes conhecidas era tudo que buscava naqueles momentos em que sentava ali, na mesa do bar, na calcada movimentada, na beira da avenida que trafegavam veículos barulhentos, misturados tantas pessoas que falavam alto, gesticulavam, garagalhavam com seus hálitos de cerveja quente e espumenta nos copos. Há algum tempo, já tentara desta mesma forma, sem conseguir, respostas que viessem destas mesmas sombras e vozes que buscava pelos cantos de bares, pelas esquinas e becos pouco iluminado e nunca vieram a o seu encontro. Agora estava cercado de uma ansiedade quase descontrolada. Seria fácil, muito fácil!_ pensava angustiado_ se estas sombras lhe trouxessem algum tipo de alivio, se em suas vozes lhe trouxessem algum tipo de resposta, resposta que em algum dia pensou que pudesse arrancar de dentro de si, como se espreme com pouco esforço um limão para fazer suco. Mas é difícil arrancar de si, suas próprias respostas, espremer-se até que saia algo, desvendar seus próprios enigmas sem pirar de vez. O que se pode tirar pode ser um suco de diferente cor, textura e sabor, que não se quer provar!.. Sentado ali, em seu canto estratégico de busca, observava o movimento frenético dos garçons, o abraço, o beijo na boca, a cruzada de perna, o olhar indeciso, as bandejas de metal que sobrevoavam como ovni sobre a cabeça dos clientes, o cheiro de cerveja quente e tocos de cigarros esmagados.
Pessoas chegavam e outras saiam, pareciam que algumas retornavam à procura de algo que não estava ali, ou que estava presentes além do bar, da rua,  além de si mesmas.
Então, bebeu o ultimo gole, levantou-se e foi embora. Talvez num outro dia tivesse mais sorte.
Ninguém sabe dos sentimentos de dor dos outros, ninguem sabe. Oque se pode é apenas ter uma vaga idéia deles e talvés como foram construidos, se estendendo, se alojando, crescendo silenciosamente dentro das pessoas, formando feridas mas isto é uma vaga idéia.

Glamour Maggie


Maggie é uma menina que ainda cresce para a surpreza de muitos olhos. Vejo um pequeno brilho em seu olhar que confundo ora com luz de alegria e esperança, ora com lágrimas de uma tristeza que perece não ter fim. Trocou sua coleção de bonecas por óculos de muitas cores, telefones móveis de muitos modelos, vestidos, sapatos, perfumes, colares, glamour. Maggie é muitas e então busca em si mesma a personagem real e única entre todas as outras que criou cada qual mais bela. Busca a não coadjuvante, a que talvez lhe mostre o caminho de emoções que guarda dentro de sua magica caixinha de musica sobre a penteadeira, que lhe posicione o norte no meio de tantos atalhos surgidos na vida. Enquanto não encontra, modifica as rotas, transforma os cruzamentos em laços de presentes, os paralelepípedos em pedras preciosas, o olhar de mulher em sorriso de menina.

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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...