Amar é absorver sentimentos saudáveis de confiabilidade, respeito mutuo e liberdade, adicionado a doses magicas de interação, cumplicidade, carinho e desejo sem entrincheirar-se em regras conceituais duvidosas. Este conjunto de frases bonitas que coloquei para formar este texto, são apenas frases, pois acredito que o amor é muito mais que isto, não possui regras, não esta ligado a conceitos de qualquer natureza que o defina. Deve ser apenas emoção, pura emoção que cresce, fazendo-nos florir, surpresos e impregnado da outra pessoa.
TEORICOS DA VERDADE
Tem pessoas que falam de amor, carinho, cuidado e atenção com a propriedade de quem os tivesse inventado e por isto, dando-nos a impressão de que dominam de tal forma o assunto que poderiam lecionar a respeito. Que através de suas palavras magicas poderiam modificar este mundo cão, tira-lo da obscuridade, conduzindo-o à luz da salvação. Ditam fórmulas, declamam frases feitas e estrofes poéticos com habilidade em resposta à tudo, porém não absorvem nada para suas vidas. Não conseguem transformar suas teorias em praticas verdadeiras; Sofrem com os percalços sentimentais como qualquer pessoa sofre. Erram, desconfiam, frustram-se sem perceberem que grande parte de sua dor surge por acreditarem em verdades falhas, em conceitos comprovadamente mancos.
Possuem boa intenção porem são traídos por suas próprias certezas, criam estruturas conceituais frágeis que são destruídas por suas próprias condutas diante de si mesmos e dos outros. Não conseguem perceberem a necessidade de se renovarem e portanto culpam tudo que os cercam, menos o seu sonho de realidade ou sua realidade de sonho reticente e falha.
Relações com verdades
As vezes torna-se dificil sermos verdadeiros sem que nossas atitudes não sejam confundidas, sem que nossas intenções não sejam mal interpretadas e não corram o risco de ficarem a margem das instabilidades emocionais que minam por completo a relação de pequenos desafetos e frustrações. Dificil amar sem sermos nós mesmos, sem disponibilizar espaços pessoais necessários ao nosso crescimento individual. Vivemos diariamente no reconhecimento de nós mesmos e de nossos sentimentos ora bons, ora ruins, equilibrando-nos na corda bamba de emoções adolescentes que só amadurecem com as contradições, erros e também acertos. Relação madura deve ser portanto, a que zele pela liberdade, que se compromete á respeitar as oscilações de nossas verdades, das diferenças, sabendo que é difícil, mas necessario para a sobrevivencia de uma relação com a intensão de ser saudável.
Despedida
Há poucas horas atrás, eu olhava do mesanino envidraçado a grande planice verde que se estendia até o horizonte no escuro da noite. Bela planice gramada com um toldo azul-marinho solitário num canto e pequenas divisões numeradas no solo, onde se enterram corpos e que ficam catalogados em arquivos na entrada principal, bonita, clara, iluminada e extensa. As crianças passaram correndo e espalhando energia, uma delas perguntou debruçada na janela se era ali que enterrariam o seu avô. Enquanto eu olhava o corpo de seu Antônio, deitado no caixão, pensava comigo mesmo, que não parecia ser a mesma pessoa da qual lembrava antes, tão cheio de vida, sorridente e prestativo. Aquele rosto não parecia ser o dele nem tinham semelhanças. Era um semblante sério numa face pálida e inchada que jamais ví no antigo rosto alegre que corria para abrir o portão de sua casa quando eu chegava para visita-lo. Com certeza seu Antônio não estava ali, estava em minhas lembranças ainda sorridente e apressado para abrir novamente o portão.
PARAISO
Meu vizinho estava me falando sobre o paraíso. Depois de tentar varias indagações pessoais sobre o tema, enquanto limpava a grama do jardim, concluiu que só poderia formar e conceituar uma explicação definitiva sobre o assunto, depois que morresse; Mas como ainda está vivo!. Evidentemente falava através de sua visão cultural religiosa e também duvidosa.
Ouvi-o em silencio, lembrando que no inicio da tarde tinha visitado o meu (paraíso), aqui bem perto de casa, com palmeiras Reais enormes, de uma beleza rara, flores e um pé de Amoreira onde colhi frutos e depois saboreei-os deitado em um tronco torto de um Cinamomo frondoso, sem precisar deixar o mundo dos vivos. No mesmo instante em que eu estava por ali, passaram alguns anjos, chutando bola e mascando chiclete, sem demostrarem a mínima culpa da algazarra que faziam. Decididamente o paraíso e o inferno podem estar tão perto de nós, sem que possamos enxerga-los de fato em função de nossos conceitos.
Trancas
Moema decidiu afastar-se, optou por manter-se superficial, criou a distância que talvez achasse necessária, vital à si mesma. Tem dialogos reticentes, desassociados da ternura anterior. Transferiu parte das dores físicas para alma que também sofre. Joga sedas para cima na insistencia de caçar fantasmas que não existem. Fechou todas as suas portas de comunicação e reforçou-as com trancas de rancor invioláveis. Mantem-se no silêncio, no obscuro vão do silêncio, armada, desconfiada e triste. Talvez eu também devesse fechar as minhas e buscar "o nada" como resposta!
blogs
De manhã, café preto, pãozinho francês com manteiga aquecido no microondas e o laptop sobre a mesa da cozinha, onde visito todos os blogs registrados em minha lista de favaritos. Leio-os atentamente enquanto vou bebendo meu café. Alguns, tem novidades todos os dias, outros ainda permanecem com os mesmos textos de dias ou semanas anteriores, mas mesmo assim abro-os religiosamente. Li em algum lugar que os blogs são otimos companheiros pois voce não tem a obrigação de estar frequentemente em cima deles postando alguma coisa para ser fiel à conta adiquirida. Voce pode esquece-lo por dias, meses e então num momento de pura inspiração escrever algo que considere importante pra voce ou para quem queira lê-lo. Pode ser um intreterimento, uma válvula de escape nas horas de solidão e por que não arriscar dizer, um tipo de terapia onde voce pode expor suas opiniões, alegrias, intenções e etc... Interagir, se assim desejar, com outras pessoas com idéias semelhantes as suas ou não. No meu caso, tudo começou por brincadeira e curiosidade, depois de algumas semanas ja dominando e aprendendo mais sobre os recurssos e ferramentas do programa virou uma especie de prazer necessário. Talvez um vicio agradavel.
benção de criança
Piruletumbum pra cima, piruletumbum pra baixo esta dor virará capacho!
Estas eram as palavras mágicas ditas por minha prima Júlia, quando eu e meus irmãos, íamos a sua casa visita-la. Depois passava as mão em nossos rostos e sorria dizendo:
Estão curados, podemos brincar!
Será que existia alguma magia em suas palavras, em sua caricia em nossos rostos?
A verdade é que nos sentíamos melhor, mais aliviados como se aquilo fosse uma benção divina. Depois, brincávamos até perder o folego de tanto nos divertir. Guardávamos segredo sobre isto, para que ela não perdesse estes poderes mágicos.
Estas eram as palavras mágicas ditas por minha prima Júlia, quando eu e meus irmãos, íamos a sua casa visita-la. Depois passava as mão em nossos rostos e sorria dizendo:
Estão curados, podemos brincar!
Será que existia alguma magia em suas palavras, em sua caricia em nossos rostos?
A verdade é que nos sentíamos melhor, mais aliviados como se aquilo fosse uma benção divina. Depois, brincávamos até perder o folego de tanto nos divertir. Guardávamos segredo sobre isto, para que ela não perdesse estes poderes mágicos.
Dona Noêmia
Atendi ontem dona Noêmia que estava trancafiada em seu barraco pobre, numa vila da cidade. Sua família apavorada disse-me que ela sempre agia assim, por que não tomava seus remédios com freqüência conforme a indicação da receita médica. Passava as noites em claro fazendo barulho, arrastando os poucos móveis no barraco pobre, batendo portas, falando sozinha, chorando, brigando com os vizinhos e algumas vezes tentando agredir quem a olhasse com estranheza.
Depois de muita negociação, dona Noêmia abriu a porta e veio conversar comigo dentro da ambulância. Antes, trocou de roupa, maquiou-se, perfumou-se e se sentou na maca como uma dama convidada a tomar um chá da tarde. Contou-me sua história de vida de um jeito que parecia estar muito lucida e coerente naquele momento. Falou-me que casou-se uma vez só e deste enlace teve uma única filha, que lhe deu um neto. Criou este neto como se fosse seu filho pois a mãe fora assassinada quando o menino tinha apenas dois anos de idade. Morreu esfaqueada com mais de dez golpes, enquanto dormia em sua casa. Nunca descobriram quem a assassinou e por quais motivos. Sustentou, educou e deu amor ao menino até ficar homem, criar independência e casar-se. Disse-me ainda, que desconfiava das pessoas, e de seus parentes e que tinha saudades do neto-filho que não mais a visitava. Falou-me que era louca, por que nunca aceitou a morte violenta da filha, o esquecimento do neto e a falta de justiça... Que era louca por que não se calava, não aceitava, não compreendia o silencio cúmplice das pessoas em favor da injustiça e que jamais aceitaria enquanto vivesse aquela tamanha violência em sua vida. Despediu-se de mim na porta da emergência psiquiátrica com um aperto de mão e um pequeno sorriso nobre, discreto, talvez ciente de sua loucura e desconfiada de minha normalidade oportuna. Pensei em dona Noêmia com tristeza e um pouco de culpa. Culpa dos que podem fazer tão pouco por pessoas como ela. Pensei também que tínhamos algumas coisas em comum, talvez a insatisfação, a revolta, por situações ocorridas na vida que não se consegue entender. Dores acumuladas, disfarçadas mas que em certos momentos querem se exorcizar, se soltar com cara de loucura.
Depois de muita negociação, dona Noêmia abriu a porta e veio conversar comigo dentro da ambulância. Antes, trocou de roupa, maquiou-se, perfumou-se e se sentou na maca como uma dama convidada a tomar um chá da tarde. Contou-me sua história de vida de um jeito que parecia estar muito lucida e coerente naquele momento. Falou-me que casou-se uma vez só e deste enlace teve uma única filha, que lhe deu um neto. Criou este neto como se fosse seu filho pois a mãe fora assassinada quando o menino tinha apenas dois anos de idade. Morreu esfaqueada com mais de dez golpes, enquanto dormia em sua casa. Nunca descobriram quem a assassinou e por quais motivos. Sustentou, educou e deu amor ao menino até ficar homem, criar independência e casar-se. Disse-me ainda, que desconfiava das pessoas, e de seus parentes e que tinha saudades do neto-filho que não mais a visitava. Falou-me que era louca, por que nunca aceitou a morte violenta da filha, o esquecimento do neto e a falta de justiça... Que era louca por que não se calava, não aceitava, não compreendia o silencio cúmplice das pessoas em favor da injustiça e que jamais aceitaria enquanto vivesse aquela tamanha violência em sua vida. Despediu-se de mim na porta da emergência psiquiátrica com um aperto de mão e um pequeno sorriso nobre, discreto, talvez ciente de sua loucura e desconfiada de minha normalidade oportuna. Pensei em dona Noêmia com tristeza e um pouco de culpa. Culpa dos que podem fazer tão pouco por pessoas como ela. Pensei também que tínhamos algumas coisas em comum, talvez a insatisfação, a revolta, por situações ocorridas na vida que não se consegue entender. Dores acumuladas, disfarçadas mas que em certos momentos querem se exorcizar, se soltar com cara de loucura.
Eu conheço de perto a loucura
Eu conheço de perto a loucura. Ela mora no meu sangue e me fala com voz mansa que precisa se soltar, se desvencilhar das amarras, das malhas, do convencional, das regras elaboradas, dos intuitos perversos da moral, das violências pessoais e eu com medo reprimo-a, trancafio-a, afogo-a para que não grite, não arrebente, não transborde, não mostre sua cara para os outros. Fico repetindo frases feitas, reelaborando idéias medíocres, vigiando meus gestos e intenções para me sentir normal. Aceitavelmente normal. Mas eu conheço de perto esta loucura e sei do que seria capaz de me tirar completamente o sono, fazer-me arrastar moveis pela madrugada à fora, a vagar e a gritar feito louco, falar sozinho, de mim para mim, até cansar!
Cansaço estresse raiva.
Hoje foi mais um dia de trabalho e então cheguei muito cansado ao ponto de não ir direto para o banho como sempre faço. Deitei -me na cama com as pernas e os braços esticados, olhando para o teto branco e lembrando de todos os momentos estressantes que foi o meu dia. Penso que as vezes pode ser possível contornar estas situações de explosão, de raiva e insatisfação geral com o trabalho, mas em outros momentos a pressão gerada é tão intensa que acabamos cedendo a indignação que hora frustra, hora desacredita em dias melhores tornando-se quase impossível impedir que se acenda o pavio da desordem, e do descontrole pessoal. Acredito que todo o clima de dor, sofrimento, angustia vinda dos clientes e vitimas que atendo nas ruas muitas vezes em péssimas condições, quase mortos, não me causam tanto cansaço quanto os trâmites burocráticos, os desvios de responsabilidades, os desrespeitos, as omissões de uma fatia minima de profissionais da sociedade que acreditam piamente que tratam de saúde com decência e salvam vidas por trás de mesas, gabinetes, telefones e rádios de comunicação. Estes heróis deveriam aprender que vidas se salvam quando colocamos as mãos no sangue, ouvindo gemidos, gritos, queixas, arregaçando as mangas, respeitando limitações, desfazendo os laços das diferenças de cor, das diferenças sociais , objetivando unicamente a manutenção da vida, sem sentirem-se deuses ou juizes. Quem sabe um dia aprendam que para a realização de um trabalho serio deve haver respeito mutuo entre todas as partes envolvidas e sem divisão de castas. Quem sabe assim eu deitaria em minha cama tranqüilo e com a sensação absoluta de ter feito a minha parte com satisfação!
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