Erika herdou quase todos os móveis e objetos de sua avó morta. Empilhou-os num canto do sótão empoeirado de sua casa, dizendo não saber o que fazer com aquilo tudo. Um dia encontrou entre estes pertences um sapatinho de lã com um papelzinho escrito: “Lembrança de minha querida neta”.
Heranças
Brincadeiras de criança
Quando pequeno, ajudava minha avó a escolher feijão sobre a mesa de madeira da cozinha. Separava atentamente todos os grãos bons dos ruins, imaginando que eram bois em uma grande estância do interior. Juntava alguns pretos, marrons e malhadinhos e guardava entre meus brinquedos para mais tarde voltar a brincar.
Filha de Ogum
Bel é destas mulheres fortes, bonitas, arranjadas pela vida. De opinião e presença firme. Por si só, é casa cheia, é festa é gargalhadas, bondosa, sincera, corajosa e simples. Tem cabelos longos e crespos jogados nas costa sobre o rosto de marfim, olho que brilha dentro do teu. Fumaça de palheiro, cachaça pura, sem misturas. As vezes fala grosso e não tem medo de nada. Afinal é filha de Ogum!
Caricias roubados
Aos nove ou dez anos de idade, entrava pra dentro do guarda- roupas de minha mãe. Ficava ali enrolando-me em suas roupas de cama, seus casacos, suas toalhas de banho, procurando uma espécie de conforto que não sei explicar bem qual é. Quando ela chegava em casa, cansada do trabalho, eu ficava no meu canto, quieto, tendo a sensação de que tinha feito algo errado mas abraçado-a e beijado-a por horas sem que ela mesma soubesse.
Tarde na praça
Abri a caixa do correio,
homem de farda, gato pardo,
carroça passando,
bicicletas com cachecol,
futebol na praça,
telhados de barro,
criança no balanço,
folhas secas no caminho,
casas velhas de varandas,
mãos nos bolsos,
vigia adormecido ao sol,
vozes de crianças na escola a brincar,
trepar na arvore,
garotos gordos, bochechas rosadas,
bolinhos crús,
fim de tarde,
isto é vida!
homem de farda, gato pardo,
carroça passando,
bicicletas com cachecol,
futebol na praça,
telhados de barro,
criança no balanço,
folhas secas no caminho,
casas velhas de varandas,
mãos nos bolsos,
vigia adormecido ao sol,
vozes de crianças na escola a brincar,
trepar na arvore,
garotos gordos, bochechas rosadas,
bolinhos crús,
fim de tarde,
isto é vida!
Boal
Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos "espect-atores" .
Augusto Boal
Augusto Boal
Augusto.
As vezes penso em quantas pessoas de nosso meio, não conhecemos direito por que ficamos vagando no meio delas em nossos mundinhos, sem observa-las atentamente. Alguns podem ter sido poetas ou loucos e não demos a chance de ouvi-las, observa-las, de saber suas verdadeiras histórias, suas reais verdades. Não abrimos nenhum espaço da nossa atenção.
Tio Dudu era um homem quieto, mas quando falava tinha a voz mansa, pausada e carinhosa com todos nós. Minha mãe conta que na sua juventude, tinha atitudes estranhas. Não falava com ninguem e as vezes sumia no meio do mato por longas horas. Era, as vezes, encontrado deitado de baixo das arvores conversando sozinho, gesticulando, ou olhando pro céu como se buscasse alguma coisa. Quando contraiu câncer de garganta, muitos anos depois, passou a falar ainda menos e seus olhos muito mais.
Tio Dudu era um homem quieto, mas quando falava tinha a voz mansa, pausada e carinhosa com todos nós. Minha mãe conta que na sua juventude, tinha atitudes estranhas. Não falava com ninguem e as vezes sumia no meio do mato por longas horas. Era, as vezes, encontrado deitado de baixo das arvores conversando sozinho, gesticulando, ou olhando pro céu como se buscasse alguma coisa. Quando contraiu câncer de garganta, muitos anos depois, passou a falar ainda menos e seus olhos muito mais.
Dona Dione
Dona Dione fazia seu crochê dia e noite de olhos fechados e testa franzida. Confessou-me certa vez que tinha medo de ficar cega, portanto, tramava suas linhas de olhos fechados para que a vida não lhe causasse mais surpresas.
Oque é ser pobre!
Um pai bem de vida, querendo que seu filho soubesse o que é ser pobre, o levou para passar uns dias com uma familia de camponeses. O menino passou três dias e três noites vivendo no campo. No carro, voltando para a cidade, o pai perguntou:
- Como foi sua experiência?
-Boa, responde o filho, com olhar perdido a distancia.
-E o que você aprendeu? Insistiu o pai. O filho respondeu:
-Primeiro: Que nós temos um cachorro e eles tem quatro;
-Segundo: Que nós temos uma piscina com agua tratada, que chega até a metade do nosso quintal. Eles tem um rio sem fim, de agua cristalina, onde tem peixinhos e outras belezas;
-Terceiro: Que nós importamos lustres do oriente para iluminar nosso jardim, enquanto eles tem as estrelas e a lua para ilumina-los;
-Quarto: Nosso quintal chega até o muro. O deles até o horizonte;
-Quinto: Nós compramos nossa comida, eles cozinham;
-Sexto: Nós ouvimos CDS... Eles ouvem uma perpétua sinfonia de pássaros, periquitos, sapos grilos, e outros animalzinhos... Tudo isso as vezes, acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha sua terra;
-Sétimo: Nós usamos microondas. Tudo o que eles comem tem o glorioso sabor do fogão à lenha;
-Oitavo: Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes... Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos;
-Nono: Nós vivemos conectados ao celular, a o computador, à televisão. Eles estão conectados à vida, ao céu, ao sol, ao verde do campo, aos animais, às suas sombras, à sua familia.
O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou:
-Obrigado, pai, por ter me ensinado o quanto somos pobres! Cada dia estamos mais pobres de espírito e de observação da natureza, que são as grandes obras de Deus.
Nos preocupamos em ter, ter, ter e cada vez mais ter. Em vez de nos preocuparmos em ser.
- Como foi sua experiência?
-Boa, responde o filho, com olhar perdido a distancia.
-E o que você aprendeu? Insistiu o pai. O filho respondeu:
-Primeiro: Que nós temos um cachorro e eles tem quatro;
-Segundo: Que nós temos uma piscina com agua tratada, que chega até a metade do nosso quintal. Eles tem um rio sem fim, de agua cristalina, onde tem peixinhos e outras belezas;
-Terceiro: Que nós importamos lustres do oriente para iluminar nosso jardim, enquanto eles tem as estrelas e a lua para ilumina-los;
-Quarto: Nosso quintal chega até o muro. O deles até o horizonte;
-Quinto: Nós compramos nossa comida, eles cozinham;
-Sexto: Nós ouvimos CDS... Eles ouvem uma perpétua sinfonia de pássaros, periquitos, sapos grilos, e outros animalzinhos... Tudo isso as vezes, acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha sua terra;
-Sétimo: Nós usamos microondas. Tudo o que eles comem tem o glorioso sabor do fogão à lenha;
-Oitavo: Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes... Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos;
-Nono: Nós vivemos conectados ao celular, a o computador, à televisão. Eles estão conectados à vida, ao céu, ao sol, ao verde do campo, aos animais, às suas sombras, à sua familia.
O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou:
-Obrigado, pai, por ter me ensinado o quanto somos pobres! Cada dia estamos mais pobres de espírito e de observação da natureza, que são as grandes obras de Deus.
Nos preocupamos em ter, ter, ter e cada vez mais ter. Em vez de nos preocuparmos em ser.
autor desconhecido
*Este texto andou vários dias nas mãos de minha mãe; disse-me que não lembrava como chegou até ela. Num almoço de domingo ela deu para mim ler. Prometi que postaria em meu blog.
ENSAIO DE CORES.
Minha agenda está toda rabiscada de idéias, pensamentos soltos, sonhos que não transfiro para ela. As vezes mantenho-a aberta por vários dias aguardando respostas... Respostas que não encontro em mim.
Um dia tudo deixou de ter graça, as piadas, o sorriso das crianças, as peripécias dos filhotes, as cores da vida. Então comecei a exercitar minhas emoções com algumas pinceladas até recuperar tudo de volta, como era antes...
Um dia tudo deixou de ter graça, as piadas, o sorriso das crianças, as peripécias dos filhotes, as cores da vida. Então comecei a exercitar minhas emoções com algumas pinceladas até recuperar tudo de volta, como era antes...
Grandezas
Meu tio queria que eu fosse grande naquilo que ele considerava ser grande. Com o tempo percebi que tínhamos noções de grandezas diferentes na vida . Por um longo tempo essas diferenças nos afastou e então rompemos relações. Só descobri mais tarde quando já não era possível retomar o tempo perdido e estagnar a doença que o levou em poucos meses. Hoje tento ter cuidado com as pessoas que convivo para não reincidir no mesmo erro.
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