Há alguns dias a traz, atendi um jovem que se acidentou de moto e logo depois de todo o protocolo e anamnese realizado dentro da ambulancia, ficou alguns minutos em silencio, depois desabou a chorar. Imaginei que fosse aquele processo de que quase todos passam depois de um acidente e descobrem que ainda estão vivos, que escaparam por um triz, ou a concientização de que quase morreram e então timidamente pediu para que eu segurasse a sua mão. Segurei-a com força e fomos até o hospital onde seria recebido. Durante o caminho me falava sobre o seu pai e sua dificuldade de relacionarem-se e que em tantos anos de vida não lembrava de ter segurado a mão de seu pai em momentos difíceis como naquele momento.
Senti por alguns minutos, assumir uma grande responsabilidade, ser o pai de um de um jovem estranho de 24 anos que me pedia para resgatar dividas emocionais insuportaveis e que eram fundamentais serem resgatadas.