MULHERES NEGRAS QUE FIZERAM HISTÓRIA - LAUDELINA

Um documentário sobre a história de vida da líder sindical Laudelina de Campos Melo, foi lançado em 2015. Parceria entre o Museu da Cidade e o Museu da Imagem e do Som (MIS), ambos de Campinas, o filme Laudelina: Lutas e Conquistas combina interpretação da atriz Olívia Araújo (Tempo de Amar), que dá vida à Laudelina, e trechos de uma entrevista com a ativista feita em 1989. Assista no player abaixo:




A Proposta de Emenda Constitucional 66/2012, a PEC das Domésticas, foi aprovada em 2013. Por meio dela, a categoria passou a ter uma série de direitos garantidos, incluindo carteira assinada, FGTS, seguro desemprego, férias remuneradas e adicional noturno. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem hoje no Brasil cerca de 7,2 milhões de trabalhadores domésticos. Desse total, 93% são mulheres. E dessas mulheres, 62% são negras.

A aprovação da emenda foi motivo de comemoração para milhares de trabalhadoras, que passaram a ter condições mais dignas de trabalho. Do outro lado, os empregadores se sentiram ameaçados com que chamaram de "encarecimento do serviço".
Para além desse embate, importa ressaltar a conquista de direitos de todas as domésticas passa fundamentalmente pela história de uma mulher negra.

Criadora do sindicato das domésticas de Campinas, em 1936, o primeiro do Brasil, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Laudelina teve uma trajetória que combinou, de forma singular, a resistência pela valorização do emprego doméstico, o feminismo e ativismo pela igualdade racial.
Nasceu em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 1904. Sua mãe era empregada doméstica e doceira na cidade. Ela perdeu o pai, que era lenhador, aos 12 anos em um acidente de trabalho e teve que abandonar a escola ainda no primário para cuidar dos cinco irmãos menores e ajudar a mãe nas lidas domesticas e nos preparos dos doces.
Antes de completar 18 anos, Laudelina teve sua primeira experiência como empregada doméstica, nesse momento nasceu a indignação com o cotidiano marcado pelo racismo dos patrões, além da exploração e más condições do trabalho doméstico.
Aos 20 anos, Laudelina se mudou para São Paulo, e casou-se, com Geremias Henrique Campos Mello. Em 1924 mudou-se para a cidade de Santos, onde teve seu primeiro filho. Junto do marido, Laudelina participou da agremiação Saudade de Campinas, grupo que valorizava a cultura negra em Santos.
O casal se separou em 1938, com dois filhos como resultado da união. Laudelina passou a atuar de forma mais intensa em movimentos populares, de cunho político e reivindicatório, especialmente depois de se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936. 


Neste mesmo ano, Laudelina fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Laudelina também trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados ao longo da década de 1930.
Em 1948, a família para a qual Laudelina trabalhava a convidou para ser gerente do hotel fazenda que possuíam em Mogi das Cruzes, onde permaneceu por três anos. Com a morte da matriarca da família, Laudelina foi para Campinas, cidade que dava preferência às empregadas brancas, o que levou Laudelina a protestar junto do Correio Popular por veicular anúncios preconceituosos. Integrou-se ao Movimento Negro de Campinas, participando de eventos que visavam levantar a autoestima da comunidade negra, com teatros e palestras, inclusive promovendo, em 1957, um baile de debutantes (Baile Pérola Negra) para jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.


A Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas esteve em diversas frentes e lutas, em especial contra o preconceito racial. Mil e duzentas empregadas domésticas estiveram no ato da inauguração da associação, em 18 de maio de 1961. No ano seguinte, foi convidada para participar da organização de diversos sindicatos da categoria em outros estados, participando também de movimentos negros e feministas.
Em 1988, a associação se tornou Sindicato das Empregadas Domésticas e continuou a lutar em favor do direito das empregadas domésticas, combatendo a discriminação da sociedade em relação às empregadas domésticas, exigindo melhor remuneração e igualdade de direitos sociais.
Laudelina Campos de Melo morreu dia 22 de maio de 1991, em Campinas. Dois anos antes foi criada a ONG Casa Laudelina de Campos Mello, que busca honrar o legado da líder sindical. A entidade promove ações focadas no empoderamento, na autonomia econômica, na produção e troca de conhecimentos e também formação e qualificação profissional de mulheres negras.

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