Nesta Sexta-feira 14/08/05 à tarde, eu uma amiga (Alba), saímos a caminhar por algumas ruas do bairro
Rio Branco, em poa, observando e fotografando alguns prédios antigos, que ainda resistem a o tempo e a contemporaneidades de um novo tempo.
O que tem de interessante nesta empreitada? Bom, alem de fazer uma caminhada, que é bom para a saúde do corpo e da mente, tu vais conversando e vendo coisas, pessoas, casas modernas, antigas e diferentes. Tu faz um reconhecimento do lugar por onde está andando e com isto, vai abrindo um leque de curiosidades e de informações, que traça a historia e a cultura daquele espaço, que faz parte da cidade onde tu vives.
O Rio Branco por exemplo, e que muito pouca gente sabe, era chamado de
Colônia Africana, por ser um dos redutos de população negra, surgido por volta do final do século XIX e inicio do século XX (época da abolição da escravatura), quando foi permitido aos ex- escravos se estabelecerem naquelas áreas menos valorizadas e alagadiças de chácaras pertencentes a famílias ricas como a Mostardeiro e a Mariante.
Com o fim da escravidão, em 1888, os negros não tiveram nenhum tipo de assistência para se adaptarem à sua nova condição, a de “liberdade”. Então, a grande maioria foi se realocando em lugares ruins de morar, porém próximos da zona urbana, nos locais onde havia trabalho e podiam ir a pé, sem gastos com o transporte.
A Colônia Africana, assim como a
Ilhota (atual bairro Cidade Baixa), era conhecida como uma zona de criminalidade e após uma campanha do governo de fazer uma limpa geral na cidade, para a recuperação de áreas degradadas, com a inclusão de saneamento e posteriormente a cobrança de impostos, foi sendo gradativamente urbanizada e recebeu o atual nome, uma homenagem ao Barão do Rio Branco, na década de 1920.
A população negra foi aos poucos sendo expulsa, pela força da tributação territorial e pela pressão das autoridades policiais, para a região onde estão localizados os bairros Mont'Serrat, Auxiliadora e Petrópolis.
Em 1910, imigrantes judeus começaram a se estabelecerem por ali, vindos do bairro Bom Fim, um reduto judaico, em busca de expansão territorial, juntando-se a portugueses e negros que ali já dividiam espaço. Não é a toa que algumas ruas ainda mantém nomes que são ligados ou trazem alguma referencia aos negros e ao abolicionismo como: Rua Liberdade, Rua Castro Alves (o poeta dos escravos),
Veja que com tantos grupos de diferentes etnias, o bairro foi se transformando num ponto de convergência de diferentes culturas, como o catolicismo, judaísmo e religiões africanas em função da questão territorial.
O bairro atualmente, não é apenas residencial, possui inúmeras empreendimentos comerciais como, pizzarias, Pubs, cafés, restaurantes, lojas de decoração, academias de ginastica, consultórios médicos, odontológicos, hostels e casas voltadas a cultura em geral, sem ser comercialmente caótico, mas sua beleza está justamente nos traços deixados pelo passado em prédios e palacetes antigos, assim como nas ruas arborizadas que formam verdeiros tuneis verdes.
Eu que vivi por um longo período de tempo, neste bairro e assisti algumas mudanças como a construção do Parcão, a expansão da Avenida Goethe, e da Rua Vasco da Gama e me deparei com este deposito de ferros velhos, com um antigo bonde da Carris- (foto 1), que já existia quando eu morei por lá, nos anos 70, localizado entre a Rua Miguel Tostes e a Dona Laura me causou muitas saudades!