DISCRIMINAÇÃO SOB DISFARCE.


Semana passada, jantei com um amigo que visitou algumas vezes Nova Bassano, um município de colonização italiana, aqui no Rio Grande do Sul. Eu pessoalmente não conheço a cidade, mas algumas revelações feita por ele, a cerca de seus moradores, me deixaram intrigado  e sem nenhuma vontade de conhece-la.
Ele contou que alguns moradores, costumam chamar as pessoas que vem de fora visitar a cidade, e alguns poucos que moram por lá, de "brasileiros". O mais engraçado nisto tudo, é que este chamamento nada tem a ver com o fato deles se sentirem mais italianos do que brasileiros, em razão da sua cultura, mas sim uma maneira disfarçada de discriminar a raça de algumas pessoas que possuem a pele mais escura, que a deles. Ou seja, todo aquele que não for visivelmente branquinho, comprovado na cor da pele alguma origem europeia, é chamado por eles de brasileiro.
Brasileiro na concepção deles, são todos os que possuem a pele mais escura e possivelmente são assim classificados, como uma raça diferente, senão inferior como (negros, mulatos, qualquer coisa misturada), que faz do brasileiro ser realmente um brasileiro.
Esta atitude discriminatória, que causa desconforto para as duas partes, nunca foi nenhuma novidade na maioria das cidades que se visita no interior do estado, mas mostra que em pleno seculo XXI, o preconceito ainda reina de forma dissimulada para demonstrar superioridade sobre as diferenças.
Adieu nouvelle bassano!

NO SUBMUNDO DA CASA.

Algo em mim acha muita graça quando dou de olho numa charge dessas, porem outra parte de mim se coloca preocupado, quando percebo que isto é uma realidade e não uma brincadeira. É com tamanha hipocrisia que as pessoas educam seus filhos, acreditando estar dando uma boa educação.
Erram em acreditar que o mundo, deve girar no mesmo sentido que seus mundinhos particulares. Criar filhos de forma preconceituosa, é dar um tiro no próprio pé. E sobre o discurso de defesa da família, pergunto a você: O que é família? Leia e descubra que essa família como conhecemos surgiu no final do século XVIII e está diretamente relacionada a manutenção da propriedade privada.



PENSAMENTOS SOLTOS.

Eu me dou o direito de mudar de opinião a cada momento  que repenso e reavalio os dois lados da moeda. A situação e suas implicações.
É necessário que um se ponha no lugar do outro, para a devida compreensão  dos fatos. Se assim não fosse, possivelmente rolariam artefatos.

A CRUCIFICAÇÃO VISTA COMO UM DESRESPEITO.


Ééééé, depois da celeuma causada pelo comercial de O Boticário, no horário nobre da TV aberta, onde casais do mesmo sexo, trocam-se presentes em comemoração do Dia dos Namorados, parece que chegou a vez da alegoria representada por uma atriz transgênero, que desfilou crucificada em um dos trios elétricos da Parada do Orgulho Gay em São Paulo, desafiando algumas autoridades religiosas, seus seguidores fanáticos e simpatizantes.
A primeira pergunta que eu me faço é: Será que os organizadores deste "Trio Elétrico" imaginavam que este manifesto, daria tanto pano pra manga?
A segunda pergunta é a seguinte:  O problema é somente a cruz, ou o fato de ser uma transgênero presa a ela? Ja que o uso da crucificação para representar uma opinião, um ponto de vista, não é, nem nunca será um fato novo. Por exemplo:


Protestos contra a presidenta Dilma 
na Avenida Paulista...


A imagem da crucificação 
para representar 
o brasileiro e 
seus altos impostos...



Neymar crucificado, com a justificativa de que 
tinha sido pego para Cristo pelos críticos, 
que o acusavam de só cair em campo...




Por acaso alguém lembra de alguma dessas publicações acima, serem tão criticadas e criarem tanta discussão em torno do que muitos chamam de profanação a imagem sagrada de Cristo? 
Acontece é que a hipocrisia de algumas pessoas são tão grande, que elas se utilizam de falsos valores morais e religiosos, para atingirem qualquer um, que  não reze em suas cartilhas. 
A imagem de uma trans crucificada, nada mais me parece do que uma metáfora, para denunciar a violência a que todos os gays e trans  sofrem nesse país de preconceituosos e discriminadores. Acho inclusive que os grupos LGBT, deveriam jogar mais pesado nestas campanhas e manifestações, que objetiva o reconhecimento de uma classe oprimida e banalizada, por todos os segmentos da sociedade.
Eu me lembro de um acontecimento escroto do passado, que resolvi contar aqui e agora, por me parecer oportuno:
Certa vez, um conhecido meu, ficou extremamente ofendido ao ligar a TV e ver a cantora Fafá de Belém, cantando o Hino Nacional melodicamente diferente, do que sempre se ouviu cantar o hino, era ocasião das Diretas Já, que o povo saiu em massa as ruas. Ele dizia irritadíssimo, que o hino cantado daquela forma, era uma afronta a um simbolo nacional e que jamais poderia ter sido alterado como foi. Era um desrespeito a o sentimento patriótico do povo brasileiro.
Passado algum tempo, descobriu-se que ele, um respeitador nato dos símbolos da nossa querida pátria
salve, salve, agredia violentamente os filhos e a própria mulher que mais tarde pediu a separação. Ou seja, tem gente que respeita símbolos, como bandeiras, hinos, brasões, mas usa de violência contra a própria família. A hipocrisia é uma especie de doença que atinge a todos os seres humanos, independente do seu poder aquisitivo, função social, crença religiosa e mesmo orientação sexual, visto que algumas "bibas religiosas" viram o manifesto como uma afronta e Jesus.

SE NÃO É MAR, O QUE É ENTÃO? PELO TAMANHO, SÓ PODE SER MAR!

Se o Guaíba e parte da Lagoa dos Patos não é mar, pelo tamanho se parece, disse um dos quatro amigos sergipanos que aqui estiveram me visitando em Maio deste ano e ficaram impressionados com o seu tamanho.
E por mais que eu insistisse que o Guaíba se tratava de um lago que se ligava a uma grande lagoa e mostrasse no Google Maps do meu Smart fone, eles recaiam no mesmo engano e  perguntavam:
-Mas aqui não tem boto, peixe boi e jacarés?
-Não que se saiba! - Eu respondia, com o auxilio explicativo de uma amiga também gaucha.
-Então só pode ser mar! - concluíam.
-E por que que não tem ondas?..


O fato é que estamos falando  da Lagoa dos Patos, uma das maiores lagoas do mundo. Para ser exato a maior laguna do Brasil e a segunda maior de toda a América do Sul (perdendo apenas para o Lago de Maracaibo, na Venezuela). 
A Wikipedia me informou, que nossa gigantesca lagoa aqui no Sul, possui 265 quilômetros de comprimento, 60 quilômetros de largura (na sua quota máxima), 7 metros de profundidade (na sua quota máxima), e uma superfície de 10.144 km², estendendo-se na direção norte-nordeste-sul-sudoeste, paralelamente ao Oceano Atlântico, costeando cidades como: Barra do Ribeiro, Arambaré, Tapes, São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, São Jose do Norte, Mostardas, Tavares, Capivari do Sul, Camaquã, Viamão, Turuçu e ligando-se ao oceano na Barra do Rio Grande.


A lagoa é tão grande e sinuosa, que era difícil para eles aceitarem que não era o mar, pensei.
A gente que mora aqui do lado, por vezes também perde a noção de seu tamanho!
Em 2010 visitei com minha família, alguns amigos em Santa Vitoria do Palmar, saindo de Poa pela BR- 116 ate Rio Grande, postado AQUI no blog e depois retornamos a Poa, pelo lado oposto, (São Jose do Norte, Tavares, Mostardas, Viamão) fazendo a volta na lagoa. A viagem é fantástica, principalmente pela diversidade de paisagens lindas  e diferentes que se encontra pelo caminho. É quando fizemos essas aventuras por caminhos que desconhecemos, é que se tem noção das coisas grandiosas que nos cercam.

<iframe src="https://www.google.com/maps/embed?pb=!1m18!1m12!1m3!1d1747904.4567054722!2d-52.51653770059403!3d-31.168718895390214!2m3!1f0!2f0!3f0!3m2!1i1024!2i768!4f13.1!3m3!1m2!1s0x9519d96fd2629d19%3A0x37b6be2284ae1b09!2sLagoa%20dos%20Patos!5e0!3m2!1spt-BR!2sbr!4v1673635520100!5m2!1spt-BR!2sbr" width="400" height="300" style="border:0;" allowfullscreen="" loading="lazy" referrerpolicy="no-referrer-when-downgrade"></iframe>

PARQUE DA LAGE- RIO DE JANEIRO.


Visitar a cidade maravilhosa, cheia de lugares turísticos e encantadores e não conhecer o Parque da Lage, deve ser desculpas para um dia retornar ao Rio e reiniciar tudo do ponto zero, já que a cidade possui uma infinidade de coisas para serem feitas e nem sempre o tempo é nosso aliado. 
Um dos lugares bacanas para se conhecer, é o Parque da Lage, cuja a historia está diretamente ligada a historia do Rio de Janeiro.



No século 16, funcionava como engenho de açúcar, mas em 1840, parte das terras foi comprado por um britânico que contratou o paisagista compatriota John Tyndale, para projetar o jardim em estilo europeu. Mais tarde o terreno passou para as mãos de Henrique Lage, que para agradar a esposa, mandou construir uma réplica de um palácio romano. A mansão erguida em torno de uma piscina tem mármores e azulejos italianos.
No ano de 1936, a esposa de Henrique Lages funda a Sociedade do Teatro Lírico Brasileiro e organiza magníficas festas em que figuravam os mais proeminentes representantes da sociedade carioca. Endividado, Henrique Lage precisou desfazer-se de parte de seu patrimônio. Para que o parque sobrevivesse como patrimônio histórico e artístico o mesmo foi tombado com ajuda do governador Carlos Lacerda.


Hoje, o Parque da Lage é um espaço publico tombado como Patrimônio Histórico e Cultural pelo IPHAN, o local é uma ótima atração para realizar passeios junto a natureza e ainda possui lago, ilhas artificiais, pontes e gruta, construídos em argamassa, imitando rochas e troncos de árvores. Há ainda um parque infantil, áreas para piqueniques e uma trilha imperdível que leva ao Cristo Redentor.


A mansão abriga a Escola de Artes Visuais, onde desenvolve programas de formação de curadores, artistas, pesquisadores e interessados em artes, alem de exposições e outros eventos culturais, servindo como palco de algumas tomadas para o filme"Terra em Transe", de Glauber Rocha. A piscina é o local mais famoso e já foi palco de peças de teatro e filmes. Em 1968, Joaquim Pedro Andrade filmou "Macunaíma". Mais recentemente o rapper Snoop Doggy utilizou a piscina nas gravações do clipe "Beautiful". 
O Parque da Lage esta localizado na rua Jardim Botânico, 414 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro - RJ, 22461-000 - (21) 3257-1800.

CUBIERTO, É UMA TAXA INJUSTA? O QUE VOCÊ ACHA?

Se existe uma coisa que irrita profundamente os brasileiros desavisados, que visitam os bares e restaurantes da Argentina é o cubierto, uma taxa cobrada na maioria dos estabelecimentos, que gira em torno de 10 a 30 pesos por pessoa e que você tem que pagá-la! 


O cubierto que quer dizer talher em espanhol, é a cobrança de serviço de mesa. Ou seja, você paga para usar os talheres, pratos e copos, mesmo estando implícito a necessidade desses acessórios para poder levar os alimentos até a boca e comer de forma civilizada. É uma taxa usado para repor itens que se extraviam no estabelecimento como copos, taças, pratos, mesmo você não sendo responsável por qualquer extravio. Este custo excedente é você quem arca, sem choro e nem vela!
Semana passada uma amiga minha, conduziu um grupo de brasileiros para Buenos Aires e numa das noites em que resolveram sair para jantar numa pizzaria, tudo transcorreu bem até a hora de pagar a conta que havia subido 30 pesos acima, do que informava a lista de preços. 
Depois de toda celeuma criada entre os envolvidos, decidiram pagar a conta e ir embora. 
Os restaurantes em Buenos Aires na maioria das vezes são baratos, mas saiba que aquela placa anunciando promoções, pode ser um ledo engano e esconder a triste verdade, de que a conta ficará bem mais alta do que aquilo que estão anunciando, graças ao cubierto.
Segundo minha amiga, alguns restaurantes chegavam a cobrar de 120 a 140 pesos o cubierto, duas ou três vezes maior, que o valor descrito no cardápio.

UMA COISA NÃO TEM NADA HAVER COM A OUTRA:
Muita gente acredita que o cubierto é a cestinha de pães que chega antes do prato principal ou um drinque oferecido pela casa. Mas não é assim, até porque se você recusar a gentileza vai pagá-la igual. Aí você pensa que, pagando o cubierto, não precisará pagar o serviço do garçom, certo? Errado. Uma coisa não tem nada a ver com a outra e os garçons fazem questão de deixar isto claro. Sendo assim, ao sentar na maioria dos restaurantes da cidade, você já paga duas taxas: O cubierto e os 10% do serviço do garçom.Tem outro jeito?

UMA ANTIGA VILA INGLESA CHAMADA PARANAPIACABA EM SÃO PAULO.

Um amigo sabedor de que aprecio lugares que contam alguma historia e cercados de belas naturais ao redor, comentou sobre um, que me parece imperdível. Assim posto algumas informações e fotos enviadas por ele.


Esta vila que quero conhecer e que ainda não tive oportunidade é Paranapiacaba, no município de Santo André, em São Paulo, que surgiu com a revolução industrial, em meados de 1865 como Centro de Controle Operacional e residência para os funcionários da companhia inglesa de trens RAILWAY Railway, que realizava o transporte de cargas e pessoas no interior paulista. 
A pequena vila, com construções em estilo inglês, está bem preservada e ainda conta com uma incrível torre, bem do jeitinho britânico, enfeitando o final da estação. Contam que nos dias em que a vila amanhece encoberta  por neblina, as imagens são de tirar o folego, dando a nítida sensação  de estarmos numa verdadeira vila  inglesa do interior.


ORIGEM DO NOME:
Paranapiacaba, que em língua tupi significa “de onde se vê o mar”. fica localizada numa das regiões mais altas e íngremes, que compõe a exuberante Serra do Mar, no estado de São Paulo, reconhecida pela Unesco como de relevante valor para humanidade.


O QUE FAZER POR LÁ:
Além de visitar  a graciosa vila composta de exemplares de construções em estilo inglês, alguns museus, trens e maquinários ferroviários, pode-se optar por fazer trilhas na mata, algumas com cascatas e piscinas naturais e também apreciar toda a beleza fantástica  da Serra do Mar.

FESTIVAIS:
Se for nos 3 últimos fins de semana do mês de Julho, poderá participar também do Festival de Inverno de Paranapiacaba, com música, mostras de filmes, performances teatrais, exposições e gastronomia, num evento que ocupa todos os espaços e mostra a riqueza do patrimônio histórico e ambiental que acontece todos os anos.

PASSEIO DE TREM:
Se a paixão for mesmo andar de trem, é possível faze-lo a partir da estação da luz, num trem fabricado no Brasil na década de 50, totalmente reformado. São 48 Km percorridos em 1:h 30 min. (onde a velocidade é mais baixa, para que o turista aprecie melhor as paisagens por onde passa). O trem realiza um trajeto que corta a região do ABC e segue em direção à Serra do Mar.
À bordo você tem uma verdadeira aula de história, com algumas explicações sobre as estações percorridas. Como dá para perceber, Paranapiacaba é um lugar imperdível por sua beleza natural e história reconhecida.
Paranapiacaba que me aguarde!..

ENTRE A CRUZ E A ESPADA.


Hoje, durante o trabalho, num encontro rápido com uma colega, começamos a conversar. Daí ela me confidenciou a sua sensação de desconforto, quando vê duas pessoas do mesmo sexo de mãos dadas, não importa onde for, (na rua, no Shopping,..) e que mesmo sabendo das mudanças comportamentais necessárias que vem acontecendo no mundo, para garantir a liberdade das pessoas e  suas diferenças, o que é justo, ainda assim o seu desconforto persiste.
Sente um desconforto que é maior do que ver famílias jogadas sobre as calçadas passando por privações; Inacreditavelmente maior, do que toda a roubalheira protagonizada pelos dirigentes deste país, em que somos vitimados e outras tantas violências que nos rodeiam no dia a dia e que parece tão normal aos nossos olhos vigilantes.
Esta sensação de mal estar, por questões que eu pessoalmente considero de menor importância, se comparadas a outras de maiores agravos, são dissidências de quem possui dificuldade de acompanhar as mudanças do mundo moderno, na medida em que percebemos essas desproporções morais.
Nossos preconceitos são muito mais profundos, do que as nossas próprias evidencias intelectuais. Quanto ao resto, cada um deve encontrar seus métodos pessoais de desfazer-se desses embates, que por vezes nos divide entre a cruz e a espada.

EU VI O MENINO CHORANDO.



Ontem eu vi um menino chorando no patio de sua casa, encolhido num canto do jardim. Ele parecia chorar, não por que tivesse se machucado em alguma brincadeira ou briga, ou por ter sido ralhado por seus pais. Seu choro era baixinho, acanhado e triste, traduzindo-me uma profunda dor interior já conhecida por mim, longinquá. 
Sua mãe me revelou, que ele sempre chorava sem razão.
Me vi naquele menino, pois seu choro, foi meu choro e quem sabe, o choro de tantos outros que não possuem voz por falta de maturidade, que não compreendem a natureza de sua magoa  e então se vestem de muita culpa, solidão e lagrimas.
Crianças extravasam suas emoções de maneira tão espontânea e na medida em que vão crescendo e não são respeitadas, passam a se envergonhar dos próprios sentimentos. Mais tarde, continuam a chorar, mas com lagrimas que escorrem pra dentro da alma, provocando graves inundações.

XERÉM SEM O RIO.

por Marcos L. Britto

Estar de volta a minha terrinha é sempre um prazer inestimável, que começa quando a aeronave sobrevoa a cidade, fazendo aquela curva para esquerda, em seguida se alinha na direção da pista de pouso e o piloto informa que recebeu a liberação para a aterrizagem. 
Ufa!..
Voltar é sempre bom, mesmo voltando de lugares que queremos em algum momento ficar mais tempo, porque construímos relações fortes com as pessoas, seus costumes e o meio onde vivem. 


Estive três dias em Xerém no Rio de Janeiro, (que não tem cara de Rio de Janeiro), localizado a o pé da Serra Fluminense, próximo a Petrópolis, para visitar amigos e comemorar o aniversario de outra amiga, Alba, que adora o distrito e me apresentou pela primeira vez em 2009. 
O centro de Xerém se parece muito com os subúrbios de Salvador e tantos outros lugares, onde as ruas são sinuosas, estreitas, às vezes desleixadas, muitas sem calçadas pela falta de planejamento urbano, onde as pessoas são naturalmente despretensiosas e muito a vontade na maneira de se vestirem e viverem a vida. As pessoas são humildes e afetuosas no sentido verdadeiro da palavra.


Nestes escassos três dias, deu para eu matar a saudades de amigos e também perceber e lamentar o quanto o distrito se modificou em função do tempo e de seu acidente natural em 2013.
Lembro-me de algumas tardes em que vizinhos se reuniam na rua, (na calçada) e ali assavam seus churrascos comunitários em grelhas improvisadas e a o som de sambas do mais ilustre morador local: Zeca Pagodinho.



Retornar a Xerém, seis anos depois e da grande enchente que destruiu parte do distrito e virou manchete em todo os jornais do país e não encontrar mais o rio que cruzava a cidade, onde as crianças e moradores tomavam banho  nas tardes de calor, foi muito triste.


O rio caudaloso desapareceu, foi soterrado pelo deslizamento da montanha durante quatro dias de chuva intermitente, destruindo casas, desabrigando pessoas. 
O rio agora, é um pequeno e fraco córrego, que se espreita entre pedras e areia, numa imensa vala onde a vegetação começa timidamente a surgir. Casas foram reformadas, outras interditadas pela defesa civil. Muros com mais de dois metros de altura foram erguidos como prevenção para futuras enchentes.


Xerém é hoje um distrito reabilitado, com pontes novas, ruas asfaltadas, praça de lazer, cancha de futebol, construídos pela prefeitura, mas que ainda precisa de mais atenção por parte da governância publica. É como se arrancassem cruelmente a historia e as características de um lugar, onde pessoas se reuniam para refrescarem-se nos dias de verão junto ao rio e celebrarem a vida. Parece uma revista em quadrinhos, onde algumas paginas perderam o colorido com as águas lamacentas que devastou parte do lugar. 
Xerém, ainda resiste na alegria e hospitalidade de seus moradores, porem sem aquilo que a tornava mais encantadora, o rio, as tardes de banho, o convívio diário presenteado pela natureza e que hoje não existe mais. Localizado na base da serra, onde ainda esconde inúmeras cascatas, cachoeiras, matas preservadas e trilhas a serem descobertas, não possui nenhum incentivo  para a realização de passeios ecológicos locais.
Quanto a origem de seu nome, "Xerém", provém de um prato comum na culinária nordestina, feito de grãos de milho seco quebrados no pilão e cozidos na água e sal. O prato é originário de Portugal, onde pode ser conhecido também como "xarém".
Outra hipótese para a origem de seu nome, remete a um comerciante inglês John Charing, que, no século 17, possuía barcos que faziam a ligação entre o porto do Rio de Janeiro, o porto do Pilar e o atual município de Petrópolis. Segundo essa hipótese, o nome "Charing" teria sido convertido pela população para "Xerém" pela dificuldade de pronunciar o nome corretamente.
Do centro do Rio até Xerém dá cerca de 50 km pela BR-040, Linha Vermelha, Viaduto dos Pracinhas, Av. Pres. Vargas, Av. Rio Branco, Av. Almirante Barroso



Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...