Não vou para Salvador.

Eu deveria ter me organizado mais e ido para Salvador neste período de Carnaval, que o diabo está solto. Na Segunda-feira,  assisti Ó Pai Ó e me deu saudades daquele lugar de gente simples, sofrida, alegre e bonita. Bom, sem stress, eu sinto que algo está vindo na minha direção e preciso aguardar por aqui até que seja esclarecido alguns sinais.

Um bocadinho mais de atenção.

Algumas pessoas são de uma beleza impar, sobressaindo-se da maioria e eu tinha me encantado com aquele par de olhos azuis, que fiz questão de elogiar, mas depois observando sua forma de andar e de parar repentinamente com as pernas excessivamente abertas, algo pareceu ter desandado nas minhas primeiras impressões. Alguns homens forçam uma masculinidade que não tem necessidade de forçar, tornando-os artificiais e até grotescos. Beleza é um conjunto de coisas que se encaixam harmoniosamente presenteando os olhos de quem a assiste. Eu percebi também alguns gestos forçados, uma certa vaidade que o torna propositalmente distante, separado por uma cortina de vidro dos simples mortais a sua volta. Será que por de traz dos olhos tem conteúdo? Às vezes a beleza por si só, não tem suporte para se manter e algumas sutilezas são percebidas com um bocadinho mais de atenção e tudo tem de ser na dose certa.

Duvidas me perseguem.

É, a gente passa por fases que nos surpreendem a cada momento da vida; São fases de alegria, de tristeza, de enfrentamentos, de superação, de estabilidade emocional e até de um desconforto que não se sabe a origem e que de repente nos toma de surpresa. Não é melancolia, é outra coisa, uma especie de desconforto mesmo, que parece se apoderar de mim e então fico como se estivéssemos caminhando sem rumo, sem perspectiva, sem colocar os pés no chão e tudo é desconfortavelmente relevante a minha volta. Desde Sábado que isto não tem jeito de melhorar. Fiz ate uma seção de Apometria na Segunda, mas por enquanto estou me sentindo do mesmo jeito. Acho que ainda é pouco tempo para esperar resultados. Só tenho vontade de me jogar na cama e dormir, dormir, dormir. Quando acordo a cabeça parece estar vazia e os pensamentos meio fragmentados em coisas sem sentido. Recebi um convite de muita responsabilidade neste dia e isto me causou um certo medo. Duvidas me perseguem desde então. Eu não sei onde termina em mim o delírio e começa a mediunidade dita.

Cão sem dono.

E se eu bater na tua porta e não abrires e se abrires me olhar por uma lasca e fingir que não me conheces como eu vou ficar? Não to acostumado com este tipo de rejeição, acho que ninguém está. Sou do tipo raivoso que não imploro atenção, mas que me amargo e me enveneno com estes sentimentos estranhos. Agora Elis canta "Cão Sem Dono" do meu lado e me abre cicatrizes que não deixarei sangrar. Sinto dores que me rasgam as costas. Sou capaz de voar sobre tua porta e teu telhado, observando tua chaminé sem vida, sem fumaça, tua rua, teu bairro, tua cidade e desaparecer por este mundo. Eu já conheço o caminho da minha felicidade.

Chuva, banho, vinho e emoções que combinem.

Enfim a chuva chegou por aqui dando aquela trégua ao calor insuportável de dias. Vontade de sair correndo pela rua e tomar um banho de chuva, um banho de chuva, na voz da Vanessa Da Mata. Depois uma chuveirada decente, um vinho, um filme, e muitas emoções que combine com esta noite.

Pedaço de mim.

Hoje senti que me faltava um pedaço, um pedaço que me acostumei a carregar junto comigo e de repente não estava mais junto de minha alma, de meu corpo. Eu não estava inteiro, não estava alegre, nem triste. Me faltava este pedaço que eu perdi ou me arranquei, mas que às veze sinto falta. Eu não vou bater em portas para procura-lo, nem jogar cartas de tarô, eu tenho medo de me arrepender se encontro-lo por ai caído no chão, então vou aguardar a chuva chegar. Tem uma frase de Caio Fernando de Abreu, que é mais ou menos o que senti: "Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre virgulas, aspas, reticências." É isso!..

Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é

Eu gosto de raridades, não gosto de gente previsível ou mais chata do que eu. Mas as raridades podem ser encontradas até nas páginas azuis do Facebook e isso pode ser imaginação de quem navega por essas bandas virtuais. Tudo pode ser falso. Encontrei dia desses o que penso ser uma raridade, eu posso estar enganado, pois ele joga vídeo game feito criança, usa brinco, pinta a cara e o olho feito palhaço. Faz pose de herói, lambe os dedos depois faz caretas. E eu, não faço nada disto, por que cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é. Eu faço apenas malabarismos.

Forno Alegre.

Porto Alegre se tornou nos últimos anos um verdadeiro forno para se viver, tanto que algumas piadistas locais, apelidaram a cidade de Forno Alegre. Mas quem pode viver com bom humor num ambiente tão quente e abafado? Eu particularmente não lembro de ter experimentado por aqui tanto calor. Na quinta e na Sexta-feira as temperaturas não baixaram dos 28 graus, chegando aos 32 graus e sem que soprasse pelo menos aquela brisa salvadora. Neste Sábado os especialistas no clima, preveem pancadas de chuva à tarde e também durante a noite. Tomara que São Pedro nos faça o favor de mandar um pouco de chuva para aliviar este calor infernal.

Sou indefinível?

Um colega me disse hoje, que sou indefinível. Eu sou indefinível, as pessoas em geral são indefiníveis? E o mundo, e o mundo, o mundo é definível? O que me faz ser indefinível neste mundo? Qual é o conceito desse meu colega sobre indefinível, tudo aquilo que não se entende? Aquilo que não dá para definir e foge dos conceitos básicos? 
Fui trabalhar com um olho vermelho e ele me perguntou se era por droga, bebida ou sémem. Eu nada respondi, criei um clima de segredo que funcionou como revide e então senti nele uma pontinha de inveja associada a sua imensa curiosidade para definir o que havia acontecido. Possivelmente não escancarar detalhes da minha vida, me torna pra ele indefinível.

Pague para entrar e grite para sair


Era dia 27 de janeiro, 9 horas da manhã. Eu estava sentado na Praça em frente da minha casa tomando chimarrão com dois amigos, quando um vizinho, que pouco conheço, das redondezas, trouxe a noticia que ao menos pra mim, parecia um exagero ou então eu não tinha escutado direito; "Mais de 200 jovens, haviam morrido no incêndio de uma boate em Santa Maria". Não, não era aqui, pensei rapidamente com meus botões. Não podia ser aqui. Coisas desta magnitude, não acontecem por aqui no Rio Grand do Sul!..
Mais tarde em casa com a TV ligada, a constatação da mais triste realidade que assusta, que te põe à pensar nas armadilhas que a vida cria, nos erros humanos, na nossa vulnerabilidade diante disto tudo, nas cenas de terror que se montam diante de nós sem que nada possamos fazer. A morte dessas mais de 200 pessoas foi como se caísse um boeing.
E ai a gente faz transferência de dor, de culpa, por que temos pessoas que amamos e poderiam estar lá, filhos cuja as asas crescem e buscam a liberdade, que querem se divertir, que vão a festas e chegam tarde e nos vemos preocupados, em guarda, simplesmente impotentes.

Enquanto o sono não vem.

Como seguidamente acontece comigo, esta noite perdi o sono e então fiquei navegando pela Internet, o que me levou a assistir dois filmes interessantes, mesmo indo dormir as quatro e meia da manhã: O primeiro foi Clapham Junction que é sobre a experiência de 36 horas na vida de alguns homossexuais masculinos em Clapham, ao sul de Londres, e sobre as consequências quando suas vidas se cruzam. (Clapham Junction é o nome da estação de metrô em Londres). Escrito por Kevin Elyot, e digido por Adrian Shergold, o filme foi feito em 2007 para a televisão britânica,  posteriormente repetido em 2009, e mais tarde lançado em DVD na Região 1.
O segundo filme, também produzido para a TV em 2000, só que francesa, conta a história de Laurent, um rapaz gay de vinte e três anos que divide o apartamento com sua melhor amiga. Assumindo sua preferência sexual por rapazes, esconde apenas dos seus pais, de educação rígida e preconceituosa, que ignoram a sua homossexualidade. Para seus pais, Laurent é o filho modelo e usa a sua colega de casa para esconder sua preferencia sexual. Mas essa dupla identidade torna-se insustentável quando Laurent se apaixona por outro jovem, que não aceita viver este amor na clandestinidade. 
Mais de 6,3 milhões de franceses viram "Juste Une Question D'Amour", transmitido pela France Télévision. Ambicioso e corajoso, este filme foi o primeiro a romper o tabu da homossexualidade na televisão francesa, abordando os temas da homofobia, da saída do armário,  da aceitação de si mesmo. O filme trata do amor com sensibilidade, respeito e inteligência e serve de ensinamento para qualquer um independente da sua sexualidade.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...