ZÉ DA FOLHA.


José Costa ou Zé da Folha é um conhecido artista de rua de Porto Alegre que usava como instrumentos musicais um violão, um pandeiro que tocava com o pé e uma folha de João Bolão que soprava afinado entre os lábios em suas apresentações modestas, por onde circulavam as pessoas no centro da capital, em particular a Rua da Praia e o Bric da Redenção aos Domingos. 
Zé da Folha se tornou tão conhecido dos porto alegrenses que foi convidado a participar do programa MTV e de algumas aberturas do Show Tangos e Tragédias no teatro São Pedro.
Muito simpático, atencioso e de poucas palavras, disse certa vez que já trabalhou de ajudante de pedreiro, engraxate e vendedor de jornais, mas que o seu destino era mesmo o de tocar violão e folha que aprendeu sozinho desde os 10 anos de idade quando saiu de São Valentim no Alto Uruguai para vir a Porto Alegre ganhar a vida. Parece que Zé da Folha, nunca casou ou teve filhos, vivia sozinho  dedicando-se integramente a musica, que escutava num radio de pilhas e depois reproduzia em seus instrumentos.
Faz muito tempo que não vejo Zé da Folha pelas ruas da cidade. Será que ele deixou de circular tocando suas musicas, ou fui eu que deixei de ir para aquelas bandas de lá?

O BATACLÃ DE PORTO ALEGRE.


Algumas incursões por Porto Alegre, me fez lembrar de Bataclã. Alguém se lembra da figura?.. Bataclã no dicionario da língua portuguesa significa: Estabelecimento de diversão noturna ou aguardente de cana, cachaça; mas também não é disto que pretendo falar, mas sim de um outro Bataclã, o Bataclã de Porto Alegre.
Este era um negro atlético e ganhava a vida fazendo propagandas de rua, sempre com muita simpatia e um largo sorriso aberto nos lábios. Vestia-se com um elegante terno branco e um cravo vermelho na lapela do paletó de aspecto impecável.
Quando não estava trabalhando, era visto pelas ruas e praças da cidade em extensas corridas e exercícios físicos para manter a forma numa época em que este tipo de atividade era pouco difundido.
Bataclã que dizia ser catarinense, era vegetariano e adotou Porto Alegre como cidade para viver e morrer em 1990 de derrame num hospital, sem que se soubesse sua exata idade.
Bataclã foi um das personalidades populares, que hoje faz parte da historia da cidade.

OS ANTIGOS BONDES DA PRAÇA XV, EM PORTO ALEGRE.



Na Quinta-feira 08/12, em visita com amigos pelo Centro Histórico de Porto Alegre, não deixei de dar uma passada no antigo "Abrigo dos Bondes", na Rua José Montauri, nas proximidades do Chalé da Praça XV, onde a rua estreitava fazendo uma curva em direção ao Mercado Publico. A rua não existe mais, foi transformada num calçadão para trafego somente de pessoas. Era ali um dos lugares por onde chegavam e saiam os bondes em direção à Borges de Medeiros, se não falha a memória... 
Neste abrigo que ainda existe, porém todo remodelado, que acompanhava a sinuosidade da rua com calçamentos de pedras, haviam lanchonetes muito feias que vendiam sucos, caldos de cana, cachorro quente prensado e ouros lanches rápidos, considerados os mais perigosos da cidade pela falta de condições de higiene do lugar, porém sem sombra de dúvidas, os mais gostosos da cidade. Claro que eu peguei o finalzinho de vida, das linhas de bondes existentes em Porto Alegre, que deixaram de circular em 1970, quando eu tinha apenas 12 anos de idade, mas que ainda mantenho vivo na memória aquela sua cor amarelo queimado ou caramelo, o ruído das rodas sobre os trilhos de aço ao pararem nas estações e depois voltarem a andar num movimento que fazia os passageiros sacudirem seus corpos de um lado para o outro, sobre os bancos de madeira perfeitamente pintados de verniz marítimo, fazendo os passageiros se segurarem para não resvalar e cair.


BONDE TURÍSTICO:
Há semanas atrás, eu ainda perguntei numa reunião informal entre amigos, se existia alguma razão para a Prefeitura não colocar alguns desses bondes em circulação, como linhas de turismo e alguém me respondeu que eles haviam sido destruídos depois de virarem sucatas e sobrado apenas três, (de modelo americano), espalhados em alguns museus da cidade e que também era um projeto inviável economicamente. 
Foi com grande surpresa e esperança que hoje ao abrir o site da Prefeitura de PoA, me deparei com um projeto de criação do "Bonde Histórico" cujo o itinerário, ainda em projeto, iniciaria no Largo Glênio Peres, seguindo pela rua Sete de Setembro, rua General Portinho, Andradas e Salustiano até o terminal junto à Praça Júlio Mesquita, próximo ao Gasômetro. O itinerário terá retorno pela rua Salustiano até a rua dos Andradas, passando pela Vigário José Inácio, Otávio Rocha e ingressando na Praça XV, junto ao antigo abrigo dos bondes. 



O trajeto do Bonde Histórico, passará pelo chamado “Corredor Cultural” de Porto Alegre, incluindo eixos das ruas dos Andradas e Sete de Setembro e adjacências, onde estão localizados vários prédios e monumentos de grande valor cultural e turístico como: Mercado Público, Chalé da Praça XV, Paço Municipal, Fonte Talavera - o marco Zero da cidade), Santander Cultural, Praça da Alfândega, Igreja Episcopal do Brasil, Memorial do Rio Grande do Sul, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Casa de Cultura Mário Quintana, Museu Militar, Museu da Brigada, Museu da Marinha, Cine Imperial, Igreja Nossa Senhora Das dores, Usina do Gasômetro, Museu da Eletricidade, Museu da Com. Social J.H. da Costa, Galeria Chaves, Clube do Comércio. 
Envolvidos neste trabalho estão varias secretarias que aguardam verbas do Ministério de Turismo, para darem prosseguimento ao projeto estimado em mais ou menos R$ 17.600.000,00.
Fiquei também muito feliz, pela possibilidade de um sonho, (ver os antigos bondes circularem pela cidade), se tornar enfim uma realidade.

UMA VISITA AO ALTO DA BRONZE.

Mesmo que você nunca tenha passado por lá, já deve ter ouvido falar no ALTO DA BRONZE e se por acaso possui alguma curiosidade como eu, se perguntado por que deste nome. O que o lugar tem haver com bronze? O Alto da Bronze é uma praça que hoje carrega outro nome: Praça General Osório, localizada entre as ruas Duque de Caxias, Fernando Machado e General Portinho, em Porto Alegre.


O Alto da Bronze começou a surgir por volta do ano de 1.800 quando esta região da capital ainda era pouco habitada e colonos açorianos começaram a construir suas casas de pau à pique na Rua Formosa, atual (Duque de Caxias) e na Rua do Arvoredo (Fernando Machado), deixando um pequeno espaço numa área mais íngreme sem construções entre as duas ruas.


Este espaço livre, inicialmente começou a ser utilizado como deposito de lixo pelos poucos moradores que ali se instalaram, mas com o decorrer do tempo, passou a ser aproveitado como praça do qual lhe deram o nome de "Alto do Manoel Caetano", em referencia a um próspero morador local, mas que não durou muito tempo, devido ao interesse dos açorianos, apegados as tradições religiosas, de construir uma igreja em devoção a Senhor dos Passos, de quem eram devotos e então batizariam de "Alto do Senhor dos Passos". A igreja nunca foi construída, embora o nome tenha permanecido por algum tempo.


Tempos mais tarde, a Irmandade Nossa Senhora da Conceição, resolveu construir também ali, uma igreja em homenagem a santa e o Alto do Senhor dos Passos, passaria a se chamar de "Praça da Conceição". Mas esta igreja, assim como a primeira, nunca foi construída. 
Outro nome que se tem noticia, é que a praça teve mais tarde outro nome, "Ladeira de São Jorge", que também não pegou e o que finalmente acabou emplacando foi "Bronze", o apelido dado a Felizarda, uma linda, atraente e poderosa mulher de pele bronzeada, que se dedicava a cartomancia, benzeduras e mandingas para espantar o mau olhado.

Natural de São Borja, Felizarda, (a Bronze), como passou a ser chamada, se estabeleceu em Porto Alegre na metade do século XIX, quando a praça ainda tinha o nome de Ladeira de São Jorge e em pouco tempo, conquistou a confiança dos moradores mais humildes e prostitutas locais que a procuravam-na para solução de problemas espirituais de toda a ordem. 
Sua fama foi crescendo de tal maneira que passou a ser respeitada e procurada também pelos afortunados e influentes da cidade, por sua simpatia, dedicação e discrição, imprimindo seu nome a um dos lugares onde também começou a história da cidade. 
O Alto da Bronze, possivelmente nada mais lembra do que foi no passado, é hoje uma pequena praça, sem graça, com pouca vegetação e um prédio da Prefeitura que serve de Pré-escola para crianças do bairro. Não possui nenhuma placa fazendo qualquer referencia da importância que foi para a cidade na metade século passado. Uma pena!..
Até o próximo passeio


A PRISIONEIRA DO CASTELINHO EM PORTO ALEGRE.


No Alto da Bronze, Centro histórico de Porto Alegre, entre o cruzamento da Rua Fernando Machado com a Vasco Alves, encontra-se um castelinho em estilo medieval, construído em 1948 a pedido do famoso político Carlos Eurico Gomes para viver com sua amante Nilza Linck, na metade da década de 1940, durante 4 anos; foi o tempo que durou a relação prejudicada por ciumes e obsessão.
Carlos Eurico era casado com Ruth Caldas, irmã do diretor do Jornal Correio do Povo, quando se separou dela, para viver com uma jovem 22 anos mais nova.
A traição foi considerada um escândalo que abalou o moralismo vigente da época. 
Ele era extremamente ciumento e possessivo e contam que ele  mantinha a amante presa no terceiro andar do castelinho durante muito tempo, sem ter contato com qualquer pessoa. 
Depois de alguns anos, cansada do exilo a que foi submetida à viver e uma suposta ameaça de morte, ela teria fugido do castelo e nunca mais vista.

BECO DO CEMITÉRIO EM POA.

Quando se põe o pé nas estradas deste mundo e passa-se a conhecer a historia e cultura de algumas cidades que se visita, é quase impossível não fazer comparações com a cidade de onde viemos e onde nascemos. Porto Alegre, apesar de ser elogiada pela cultura de seus habitantes, de ser considerada um dos polos de melhor qualidade de vida do país e estar sempre engajada em contextos culturais, ainda peca por manter fora do conhecimento público e da sociedade em geral, alguns detalhes da sua própria história, utilizando-se de alguns mecanismos impeditivos de divulgação, que se desconhece a razão. 
Em função disto, resolvi fazer um passeio pela cidade, em busca de alguns recantos que fazem parte da nossa história e que é pouco conhecida, das pessoas em geral, como o antigo BECO DO CEMITÉRIO

FOTO DE RONALDO BASTOS
Foi nos tempos idos de uma Porto Alegre antiga, que existia entre o Palácio Piratini e a Catedral Metropolitana, uma rua que ligava a Duque de Caxias com a Rua Cel. Fernando Machado.
Em 1868, durante a construção do Seminário Diocesano, que o Bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira solicitou à Câmara Municipal a abertura de uma rua entre as construções eclesiásticas e o Palácio, oferecendo auxilio monetário para a desapropriação de algumas casas localizadas no alinhamento da Rua do Arvoredo, atual Fernando Machado e que só foram efetivadas 7 anos mais tarde.

POR LUIZ CARLOS SANTOS
Em 1929, foram executadas diversas obras, objetivando amenizar a forte inclinação geográfica que impedia o tráfego de veículos, construindo também uma escadaria de acesso ao publico. A rua que ganhara o nome de São Sebastião, possivelmente em homenagem ao bispo, era mais tarde conhecida pela população de Beco do Cemitério já que nos fundos da Igreja da Matriz, ficava o cemitério da cidade que em dias de fortes temporais, removia a terra ladeira à baixo expondo os ossos de cadáveres que ali estavam sepultados.

Em data desconhecida, a rua junto com sua escadaria, foi fechada para a circulação do público, passando a fazer parte dos jardins do Palácio, assim como a sua saída para a Rua Coronel Fernando Machado, obstruída pela construção de uma casa de bombas do DMAE- (Departamento de Água e Esgotos).


Desta maneira eu me pergunto, quantos lugares como este podem existir em Porto Alegre, escondidos, camuflados por de traz de muros, prédios escondidos, longe do conhecimento das pessoas como uma historia nunca contada e que faz parte de nossa memória cultural, do nosso passado.

ESCADARIA DE ACESSO A RUA JOÃO MANOEL
CENTRO HISTÓRICO
ESCARIA DA RUA JOÃO MANOEL:
Mas se ficamos impedidos de trafegar pelo antigo Beco do Cemitério, pouco sabido do conhecimento dos próprios moradores da cidade, ainda nos resta pelo menos outros recantos como a escadaria da Rua João Manoel, que nos reporta para uma Porto Alegre tão antiga, que parece se tratar de um outro lugar completamente diferente a o que estamos acostumados a ver no nosso dia a dia.

A MOÇA DO CEMITÉRIO VILA NOVA



Conversando com um colega que morou na zona sul de Porto Alegre e que trabalhou na profissão de motorista de caminhões, ônibus e de táxis durante muitos anos, me contou sobre uma lenda que eu até então desconhecia. Uma lenda urbana!
Num ponto de táxi que fica na rua Otto Niemeyer, esquina Av. Cavalhada, na zona sul, às vezes aparecia durante a noite, uma moça loira, muito bonita, usando sempre um vestido vermelho e chamativo. Quando ela tomava o táxi, mandava seguir para um lugar qualquer que passasse em frente do Cemitério da Vila Nova, mas ao passar diante do prédio, inexplicavelmente desaparecia do veiculo como mágica. Segundo meu colega, muitos motoristas, ainda vivos, podem confirmar este fato, do qual com ele nunca aconteceu.

BELVEDERE DA RUA JOÃO MANUEL EM PORTO ALEGRE.


O belvedere e a escadaria para a Rua Coronel Fernando Machado foram construídos em 1928 com ajuda da família Chaves Barcelos, dona de imoveis no quarterão, que custearam um terço das despesas.

Segundo lance de escadas que desemboca na Duque de Caxias

São passeios estreitos e arborizados com arvores centenárias, muros e antigos palacetes, onde se descortinam paisagens bucólicas e perdidas no tempo. Muito desses palacetes foram a muitos anos abandonados por seus antigos proprietários e estão em péssimas condições. Seus pátios servem hoje, de estacionamento para carros, em função do pouco espaço disponível no centro da cidade. Mas só em pensar que um patrimônio como este, foi transformado numa garagem de guardar carros, dá dó.
O palacete que pertenceu a família Chaves Barcelos, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural, porem existe uma ação de partilha de bens onde esta casa faz parte do inventário, e enquanto não houver uma decisão judicial, nada poderá ser feito na casa,



Palacete na esquina da João Manoel
com a Duque de Caxias. 

No patio da residencia onde funciona a garagem de estacionar carros, encontrei uma fonte toda revestida de azulejos bordados (seriam azulejos portugueses?).
Possivelmente esta fonte servia como adorno para embelezar o jardim do palacete. Atualmente não existe mais jardim e o que se percebe no terreno é  lixo e ratos desfilando por toda a parte. Apesar do lamentável estado de desleixo, o palacete se destaca por sua beleza arquitetônica e um pouco da elegância que lhe restou dos tempos de glória.

Até o próximo passeio!

O BARÁ DO MERCADO PUBLICO DE PORTO ALEGRE.


Eu tô dizendo.., que uma coisa puxa a outra!., e a gente vai sendo empurrado a o magico acaso da realidade. 
Ontem minha vizinha de porta, a Jane, que é professora numa escola publica, me falou durante uma rodada de chimarrão na praça, onde estávamos sentados, que levou seus alunos no Mercado Publico para conhecer o lugar onde está assentado o Bará que cuida da cidade. 
Como assim, Bará que cuida da cidade?...que história é esta?... Perguntei animado.
Eu já tinha ouvido minha avó falar alguma coisa à respeito, mas nunca prestei muita atenção nesta historia, por que quando se é mais jovem temos outros interesses e acredito que a não ser os mais velhos, poucas pessoas atualmente sabem ou já ouviram falar na historia do Bará que foi assentado no Mercado Publico de Porto Alegre, para cuidar dele, (o mercado) e da cidade; uma vez que dizem, que: "Quem conta um conto, aumenta mais um ponto", fazendo a gente se perguntar: Mas será que é mesmo verdade ou uma simples lenda urbana?


Mas o que se sabe é que o Mercado Publico, não é apenas um lugar restrito a o comercio da cidade, mas um ponto que converge para as crenças e manifestações da religiosidade afro brasileira em Porto Alegre e que evidentemente abre espaço para mais um tópico histórico e cultural inerente a nossa capital e a nossa própria história de vida.

Foto de Afonso Abrahan


O Bará segundo os preceitos da religiosidade afro brasileira, é a entidade que abre caminhos, guardião das casas e territórios e representa também o trabalho e a fartura; Onde "assentar" no vocabulário e praticas afro religiosas significa "fixar" o orixá em determinado objeto, através de práticas rituais. Este objeto – chamado pelos praticantes da religião de "ocutá ou okutá (pedra)" - foi enterrado no chão do Mercado, exatamente no seu centro, significando que o orixá está ali para proteger o lugar e a cidade, podendo ser visitado, cultuado, homenageado e receber oferendas dos adeptos da religião. 


Outra coisa que eu achei curiosa, é que todo o porto-alegrense que conhece esta historia, ao passar no local, onde está assentado o Bará, deve jogar algumas moedas no chão, onde evidentemente ele está assentado. Isto traz prosperidade e é muito comum assistir esta atitude, quem passa seguidamente por ali. Claro que as moedas não ficam por ali jogadas, logo vem outra pessoa comum e as recolhe, devendo gastar em algo para si mesma. Esta é a regra.


Existem duas versões para a origem deste assentamento, a primeira diz que o Bará foi assentado no centro do Mercado pelos negros que construíram o prédio em 1869, sendo esta uma prática comum para atrair a prosperidade comercial, também utilizada em outros mercados no continente africano. A outra versão atribui ao Príncipe Negro (de nome original Osuanlele Okizi Erupê) a iniciativa de assentar o Bará no final do século XIX.

Foto antiga do Príncipe Negro- Internet.


Custódio José de Almeida, (nome adquirido no Brasil) - apelidado de Príncipe Negro, chegou ao Brasil, após seu país, Daomê-(atual Benin na Africa), ser invadido pelos ingleses em 1897.
Como refugiado, instalou-se na Bahia e em breve passagem pelo Rio de Janeiro, quando foi orientado por seus orixás, nos jogos de búzios, à seguir para o sul do país, instalando-se em seguida em Rio Grande e depois Pelotas onde começou a difundir a religiosidade africana e conheceu alguns membros da sociedade, tornando-se conselheiro e líder espiritual de políticos gaúchos influentes como Julio de Castilhos e Borges de Medeiros.
Sua fama de curandeiro e Pai de Santo já percorria o país, e Julio de Castilhos convidou-o para vir morar em Porto Alegre após ter sido tratado de um possível câncer de garganta por Custódio. Com a aprovação dos Orixás, Custódio Joaquim de Almeida fixou residência com sua corte na rua Lopo Gonçalves, 498 onde recebia várias personalidades, tanto do Rio de Janeiro, de seu país de origem, como os políticos locais.


Muito elegante circulava pela cidade em uma carruagem, puxado por pares de cavalos branco e preto; Era proprietário de um haras, onde cuidava de seus cavalos e de vários outros políticos importantes. O Mercado Público de Porto Alegre era muito movimentado, e para manter seu aquecimento econômico e comercial na cidade e resguarda-lo de adversidades, dizem que o príncipe Custódio fez o assentamento de um Bará.


Muitos anos depois de sua chegada à Porto Alegre, os seguidores do batuque, após rituais religiosos e cerimonias de aprontamentos, seguem em direção a o Mercado Publico para cumprimentar, agradecer e homenagear o Bará que está assentado pelo Príncipe Negro ou os escravos que o construíram. Ninguém sabe dizer!..Custódio morreu em 26 de maio de 1936, aos 104 anos.


Assista ao vídeo abaixo com depoimentos dos babalorixás da capital, contando a historia do batuque em Porto Alegre Alegre e a importância do Bara do Mercado Publico (Bara da cidade) na religiosidade afrodescendente na capital.







HISTÓRIAS QUE POUCA GENTE CONHECE, O MAIS ANTIGO ALABÊ

Mestre Borel.
Há alguns meses atrás, removi na ambulância dois pacientes de um Posto de Saúde do bairro Restinga, para o Hospital Parque Belém. 
Um dos pacientes, o mais idoso do qual acomodei na maca, me chamou muito a atenção pelo tipo de pessoa que era, lúcido, falante, timbre de voz alta, dicção perfeita e educadíssimo. Além disto, possuía um rosto de feição tão peculiar, como jamais tinha visto num homem daquela idade, tanto que sua imagem ficou marcada em minha lembrança durante semanas e o som de sua voz potente, se repetindo em meus ouvidos, me dizendo: Walter Calixto Ferreira, este é o meu nome! 
Existia alguma coisa de diferente e a mais naquele homem, que eu não sabia explicar o que era, mas que me causava estranha curiosidade e surpresa, quando se pronunciava! Talvez fosse esse poder magico inerente a espiritualidade em algumas pessoas, que a nossa sensibilidade tem a capacidade de captar, mas que a nossa razão tem dificuldade para entender.
Walter Calixto Ferreira, que soube mais tarde, ser conhecido como o Mestre Borel, um dos principais representantes das religiões afro-brasileiras e da cultura negra no Rio Grande do Sul. Além de carnavalesco, escritor e pesquisador, era considerado o mais antigo alabê (tamboreiro de candomblé ou batuque) e também um dos grandes “griots”, como são chamados os homens mais velhos que preservam a cultura e a história dos povos africanos.
Walter Calixto, morreu no dia 04 de Julho numa segunda-feira, aos 85 anos, no Hospital Parque Belém, onde o deixei. Foi vítima de complicações cardíacas e respiratórias. Sua história foi tema do documentário "Mestre Borel: A Ancestralidade Negra em Porto Alegre", dirigido por Anelise dos Santos Guterres, no ano passado.

PORTAS E JANELAS DA ALMA

Uma porta em Tiradentes
O dia estava ensolarado e quente, mas algumas nuvens escuras que  flutuavam no céu, foram transformando tudo num cinza como é comum acontecer por aqui. A chuva discreta que caia leve sobre os telhados das casas, me fez lembrar de janelas velhas e descascadas, portas enormes com calçados na soleira, flores de Ipê formando tapetes na calçada, ruas estreitas, sofridas, gatos encolhidos no sofá da sala, cheiro de bolo de fubá na cozinha, estranhos que caminham apressados, mas que me são emocionalmente familiares.
Por que esses dias me tocam tanto e me fazem sentir que sou parte deles? Um dia abrirei essas portas e me debruçarei sobre essas janelas da alma, desvendando todos estes mistérios do mundo. Enquanto isto, compartilho com vocês estas fotos, que fazem parte do meu olhar inquieto.


Uma janela no centro histórico de São Luis


Passo da Quaresma em Alcântara.


Entrada do Palácio Negro- Alcântara

Portão do Hostel em Ouro Preto

Uma Janela no Centro histórico de São Luis




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TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...