Domingo de Pascoa

Ontem, dor de cabeça e hoje... Bom, acordei para trabalhar com um estranho desconforto abdominal que só descobri depois que saí do banho. Houve momentos que pense em ter de desistir do plantão de hoje e ficar mais um dia de molho em casa como foi ontem. Depois aliviou a dor e não fugi da responsabilidade de ir para o trabalho.
Agora é onze horas e ainda não saí para nenhum atendimento. A cidade está calma, de uma tranquilidade pouca vista e então me pergunto se é por que é Domingo de Pascoa e as familias estão reunidas no preparo do churrasco de meio dia. Dia ensolarado, claro, bonito como poucos. Poucas pessoas no terminal de onibus. Parece realmente um dia incomum, diferente dos outros domingos que eu possa me lembrar.

Por que hoje é Sábado

Acordei cedo com uma dorzinha de cabeça enjoada que conheço de outros carnavais e se caracteriza por uma sensação de peso geral e depois fixa-se num canto da nuca como se músculos e nervos estivessem sendo puxada por uma corda invisivel e resistente. Esta semana ela tem marcado sua presença constante na minha cabeça, mas decidi não me intoxicar de analgésicos e aguentar um pouco mais no osso do peito, até que passe, ..fingir que ela não está aqui incomodando, que é apenas imaginação..Hoje é sábado e amanhã é domingo e penso no poema da Criação de Vinicius de Moraes, mas amanhã pra mim é dia de trabalho e sei que se não estivesse engatado não estaria bem pois o domingo pode ser caustico quando não se tem o que fazer. Penso em achar alguma coisa diferente pela manhã que me seja, divertida, boa, barata, mas tenho a impressão que nada me agradou no caderno de lazer do jornal local. Tenho dormido às vezes bem e noutras horas mal, o que significa que tem momentos que fico praticamente a noite toda me debatendo sobre a cama e acordando a todo o instante. Pela manhã acordo-me exausto procurando oque fazer e sem uma idéa brilhante para me divertir!

Desculpas esfarrapadas

Fiquei pensando que algumas vezes a gente coloca pedrinhas de impedimentos na nossa vida e então não chutamos à gol. Vou me explicar!
Tô vendo da minha janela um sol magnifico com perspectiva de um magnifico dia e não encontro um estímulo que me convença de descer e dar uma caminhada por ai, como sempre faço para desparecer e relaxar as tensões. Amigos me convidaram para dar uma passeada na serra e arrumei a explicação de que estou sem dinheiro, que amanhã trabalho, que não é bem isto que eu queria para mim neste fim de semana. Enfim, o problema sem sombra de dúvidas não é estar com pouco dinheiro, ou por que trabalho amanhã, ou por que o sol não esta na temperatura ideal, desculpas a parte o problema hoje sou eu!

Sexta-feira Santa

muito anos atrás, numa sexta-feira como a de hoje, minha mãe sentou-me numa cadeira diante dela e disse-me com o olhar tristonho e a voz de lamento:
_Hoje é dia da morte de Jesus Cristo, filho de Deus, que foi torturado, pregado e morto numa cruz de madeira para salvar-nos de todos os pecados!
Depois logo que entrei para o colégio, confundia-o com Tiradentes que também teve uma morte trágica e usava cabelos compridos. Fico agora pensando em mim, em minha mãe, em Tiradentes, em Jesus Cristo e me perguntando: _valeu a pena todo este sacrifício?

Outubro

Um dia elegi Outubro o mês de minha vida e então passei a -lo de forma diferente, com uma beleza que jamais tinha visto em outros meses que vinham antes ou depois dele. Era um mês de renovações, transformações, partidas, renascimento. Outubro passou a provocar-me descobertas, tristezas, alegrias com um sabor diferene e pessoal! Virou referencia em minha vida sem que eu pudesse entender direito oque ocorria!...
Outubro:

Tanta gente no meu rumo
Mas eu sempre vou só
Nessa terra desse jeito
Já não sei viver
Deixo tudo deixo nada
Só do tempo eu não posso me livrar
E ele corre para ter meu dia de morrer
Mas se eu tiro do lamento um novo canto
Outra vida vai nascer
Vou achar um novo amor
Vou morrer só quando for
E jogar no meu braço no mundo
Fazer meu Outubro de homem
Matar com amor essa dor
Vou
Fazer desse chão minha vida
Meu peito é que era deserto
O mundo já era assim
Tanta gente no meu rumo
Já não sei viver só
Foi um dia e é sem jeito
Que eu vou contar
Certa moça me falando alegria
De repente ressurgiu
Minha história está contada

Milton Nascimento

MATA BORRÃO


Ficou gravado na minha memoria desde que eu era menino, aquele prédio de madeira ancorado sobre palafitas, entre outras construções horizontais da cidade. Durante a noite todo iluminado, me parecia um olho gigante, um disco voador ou qualquer coisa deste tipo, que atraía a atenção de qualquer transeunte, que dirá, na imaginação de  uma criança!.. 
Não deixava de visita-lo quando passava pelo centro da cidade com minha mãe, criando assim um forte laço de afeição a o prédio, que muitos achavam esquisito. 
Um dia soube que não existia mais, disseram que havia prendido fogo, sem nada sobrar. Acho que imaginei isto, dado ser de madeira, o que o tornava  muito fácil ser consumido pelo fogo. Soube mais tarde que foi simplesmente destruído. Em seu lugar foi erguido um imenso prédio de concreto, símbolo de modernidade que apaga as memorias da cidade. 
O velho Mata Borrão, apelidado por ter o formato de um mata borrão, ficava na avenida Borges de Medeiros, esquina com a Rua Andrade Neves e se diferenciava de qualquer proposta arquitetônica construída na cidade em 1960, chegando inclusive a  sua construção, ser atribuído à Oscar Niemeyer, já que lembrava o Auditório da Escola Estadual Professor Milton Campos, projeto do arquiteto, Niemeyer, tombado pelo Iphan, em Belo Horizonte/MG, construído em 1954.
O prédio Mata Borrão, era destinado a abrigar exposições e mostras culturais, voltadas para a arte, como outras exposições de vinculação a o governo do Estado. Também foi sede de mobilização, na época do Movimento da Legalidade. Alguns acreditam, que sua destruição teve entre outros, o objetivo de apagar qualquer vinculo simbólico ao movimento politico da época. Foi construído em 1958 e destruído no final dos anos 60, após um incêndio.



AMORES DE MINHA VIDA

Um dia amei Mirela, amei Beatriz, amei Elis, amei Joana, amei Iolanda, amei Rosane, amei Tereza, amei Gérson, amei Alba, amei Hélio, amei Caetano, amei Walníria, amei Sayonara...

Amei tanta gente que esqueci de outros nomes que também um dia amei. Mas não importa os nomes, o tempo, a ordem, a cor, o sexo, o perfume, a intensidade, a ideologia, a religião, as brigas, os desencontros, o rumo que seguiram em suas vidas. Um dia os amei por algo maior que tudo isto!

As vezes da Razão

Não me canço de sacudir-me nas vezes que é necessário dar aquela sacudidela em mim mesmos, dizendo-me baixinho para que ninguém mais ouça, somente eu, calado e levando um certo susto já costumeiro de certas surpresas, que não são mais surpresas por já serem meio esperadas: _Olha meu, isto não é bem assim, Cai na real, te acorda!
Sem derrotismo, às vezes precisamos nos despertar de falsos sonhos pela força da razão, e tomar decisões drásticas, fazer os neurônios trabalharem mais do que os músculos do coração. Deixar de lado algumas emoções já contaminadas por erros não corrigidos, verdades de natureza duvidosa, perdidas, desencontradas. É preciso tirar a venda dos olhos, ceder a razão deixando um pouco de lado os artifícios de alguns sonhos, da imaginação, da emoção e cair na laje fria da verdade! Daqui um pouco mais, o sonho reaparece dando asas a novos voos, emprestando matéria prima para a construção de novas histórias, afinal somos assim mesmo, notáveis reincidentes em erros. Também, viver só de razão não pode ser possível.

Dizendo oque deveria ser dito

Lendo o blog Mude de Edson Marques, encontrei este texto, escrito por ele em 05/04/09 que são as palavras que tentei dizer algumas vezes e que talvez tenha saido somente em forma de ensaio, subentendida, de pouca clareza, mas que pensava frequentemente no fundo de minha alma e era pouco entendido:

Depois de olhar-me nos olhos por talvez um minuto, ela segura-me as mãos, carinhosamente, e pergunta:
— Você me ama, de verdade?
Fico pensando.
E, numa fração de segundo, repito mentalmente o que já lhe dissera ontem à noite, entre vinhos e luares:
Amar é permitir sempre; amar é compreender sempre; amar é deixar que o outro vá — ou que fique, se assim o desejar; amar é respeitar todos os direitos humanos da pessoa amada; amar é jamais ter ciúmes; amar é não ter medo de perder. Amar é não forçar nada — nem sequer um beijo; amar é não fazer perguntas desnecessárias ou indiscretas — muito menos na hora errada; amar é deixar fluir a relação em todos os sentidos; amar é incentivar o vôo livre que o outro possa estar querendo, e às vezes até mesmo empurrá-lo com ternura para o abismo gostoso do desconhecido profundo. Amar é respeitar com devoção e aplaudir com entusiasmo o desejo de saltar que o outro às vezes tem. Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas, todas as escolhas — mesmo que algumas eventualmente me excluam.
Mas, para encurtar a história, digo apenas:
— Te amo, é claro.
"Mas amo mais a verdade" — penso eu, como se fosse um Platão.
— Eu sou o maior amor da tua vida? — ela parece querer garantias impossíveis...
— Neste momento, sim — respondo, sincero.
— Você já disse isso para outras?
— ...
Tem diálogos que são intermináveis...

Tempo escolar

Ontem passei em frente da escola em que completei meu ensino fundamental, chamada de Grupo Escolar Jerônimo de Albuquerque, na rua Joares Távora, no Partenon. Evidentemente, tudo está diferente de quando eu estudava lá, o prédio agora de alvenaria, não é mais o mesmo com aquelas tabuinhas de madeira pintadas de verde como era no passado e até sua posição dentro do terreno, foi modificada. Um muro alto foi construído em substituição a famosa cerca de telinha, dificultando a minha visão para dentro do pátio que antes era de chão batido. 
Lembrei das badaladas fortes de um sino dourado que uma funcionaria batia avisando o inicio das aulas e que talves hoje ja tenha sido substituido por algum alarme eletrônico. Nos posicionávamos em fila para a chamada individual, antes da entrada para a sala de aula. Meninos de calça e gravata marinho sobre o avental branco, meninas de saia e tope marinho sobre a blusa branca e sapatos pretos e sem salto alto. Depois os sapatos foram sendo substituídos pelos tênis, as calças marinho pelo jeans desbotados, as pastas ou arquivos pelas mochilas coloridas e agora deve ter acessórios como celulares, mp3, mp4 e tudo que o modernismo traz consigo. É, tudo muda, que bom que tudo pode mudar sem restringir minhas saudades!

A IGREJA MARIZ DE VIAMÃO



No domingo passado quando fui almoçar com amigos na cidade de Viamão, vizinha aqui de Porto Alegre, não pude deixar de perceber o estado de mal conservação da igreja Nossa Senhora da Conceição. Pelo o lado de fora, as paredes manchadas de mofo ou poluição, rebocos se esfarelando, o retrato do desleixo e abandono. Como as paredes externas da igreja são de cor branca, mais aparente se tornam as imperfeições causadas pela falta de manutenção.


A Igreja Nossa Senhora da Conceição, é a segunda igreja mais antiga do Estado, atrás apenas da Catedral de São Pedro em Rio Grande. Em julho de 1938 foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Localizada na praça central da cidade, seu interior é de traço barroco colonial, com elementos rococó na decoração. Em seu entorno nada restou dos tempos coloniais, permanecendo a igreja como uma relíquia singular no município, cujo as autoridades governamentais parecem ter esquecido.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...