Salton Flowers Aromático/ Demi Sec

Ontem a noite foi momentos de risos, de saudades, e lembranças da infância e da adolescência sentidas tão perto na emoção, mas tão distante no tempo. Regamos tudo com um vinho barato e delicioso, chamado Salton Flowers, branco, demi- seco com aroma de flores cítricas, rosas, jasmins e frutas como pêssego, abacaxi e banana. Dormi em paz e feliz.

A visita

De noite Chayanne ainda com o mesmo rosto moreno de quinze anos atrás, entrou em minha casa, invadiu meu quarto e em silencio, cantou o mantra que a muito tempo não cantava sob a fumaça de incensos cheirosos. O mantra da Harmonia. Lembrei -me dela quando ainda era Irene, antes de entrar na filosofia indiana e trocar de nome, de vida, de amores. Será que eu ainda estava sob o efeito do vinho?

Canoas de Caiobá


As canoas ficavam ancoradas de frente para o mar, esperando a hora de partirem. Eram tantas as cores que ficava difícil eleger a mais bonita entre todas! Eram iluminadas pela luz da lua e quando por ali se passava sentia-se o cheiro do mar , do peixe, da simplicidade, da liberdade que se vê somente em cartões postais.
Saudades de lá!

Quinta-feira

Quinta-feira tudo parecia estar bem, mas de uma hora para outra me vi estranhamente inquieto. Era noite e saí para jantar na casa de amigos e mesmo no clima caloroso e festivo com que sempre sou recebido, sentia-me deslocado e desatento a tudo e a todos. As anchovas grelhadas estavam ótimas e o vinho tinto nem se fala, mas eu, oscilava entre sentimentos de ansiedade e angustia, do qual não sabia sua origem e nem oque fazer para que passassem. Caminhava de lado para outro, debruçava-me sobre as janelas sem me fixar em nada que via e a cabeça repleta de um vazio sem dimensões. Em alguns minutos parecia que sobrava um pequeno espaço de raciocínio lógico, onde eu retornava ao 'planeta de origem', as pessoas, as anchovas grelhadas, ao vinho que pouco bebi; depois voltava a me perder no meu próprio vazio. Mais tarde, ja em minha casa, buscava algum mecanismo interno que me fizesse retroceder daqueles sentimentos que só me abandonaram na manhã do outro dia, quando acordei.

Devagar quase parando

Meu colega costuma dar muitas gargalhadas, acha que a vida é pra isto mesmo, sorrir, se divertir, viver sem estresse. Honra seus compromissos no trabalho e nas horas vagas sua agenda e repleta de bailes em clubes, aniversários, casamentos, jantares, bate-bolas com vizinhos finalizados com grandes churrascos. Quando dirige seu carro não passa dos sessenta e se fazem algum comentário negativo a respeito vai logo dizendo: Pra que correr se vamos chegar lá mesmo! Caminha com passos lentos, mãos nos bolsos, assoviando e olhando para os lados como se visse coisas que os ditos "normais" não vêem por que tem muita pressa. Chamado de preguiçoso por alguns e "devagar quase parando" por outros, vai vivendo. Afinal por que ter pressa?

Violências corriqueiras

Falar de um assunto corriqueiro não sei se é bom por que me parecem aquelas velhas histórias repetitivas, mas que vivemos nos debatendo com eles pelas ruas todos os dias, isto é uma verdade. Será que ninguém nunca enfrentou uma situação semelhante? Pois bem, na semana passada quando fui ao banco verificar meu saldo e realizar algumas transferências, deparei-me com uma cena lamentável e que me deixou revoltado, pelo desrespeito e falta de sensibilidade humana. Primeiro quero dizer que aquelas portas giratórias, instaladas em bancos para trazerem segurança aos cliente e ao próprio banco é uma piada de mau gosto. Você tem que se desfazer de todos os objetos de metal que carrega consigo, inclusive platinas de cirurgias reparatórias, próteses dentarias, D.I.Us, se puder tirar é claro, para poder passar enquanto todos te olham como se você fosse um marginal pronto à assaltar o banco. Segurança, ledo engano! Uma vez fiquei preso em uma delas e só depois, por muito custo foi liberada para que eu passasse. Já na fila do caixa, o senhor que passara na minha frente deu um sorrisinho irônico e mostrou-me a arma que carregava na cintura e passou no detector de metais sem maiores restrições. Mas voltando à semana passada, já estava dentro do banco esperando um dos caixas eletrônicos se desocuparem, quando percebi uma senhora idosa tentando entrar e sendo barrada na porta giratória que trancava cada vez que ela forçava a sua entrada. O segurança do outro lado olhava-a com desprezo e dizia-lhe para deixar sua bolsa num nicho transparente de objetos, sem que ela pudesse ouvi-lo. Repetia varias vezes enquanto ela forçava a porta e fazia sinais de que não conseguia ouvi-lo. Ele provavelmente também desconhecia que vidros diminuem a acustica e repetia sempre a mesma frase. Depois de varias tentativas de mimicas e monólogos incompreensíveis ele resolveu abrir a porta, a contra gosto e resmungando: Além de velha é surda!
Comentei com uma jovem senhora que estava ao meu lado, sobre a violência assistida e fiquei pensando quando tempo ainda falta, para que eu seja tratado daquela maneira absurda e desrespeitosa como foi tratada aquela idosa.

O porco assado

Acordei agitado e então lembrei do sonho:
Vistava amigos no interior, do qual conhecia-os somente do sonho. Sentados em volta de um forno de barro, assavam um enorme porco para festejarem minha chegada na fazenda. Estávamos entre oito pessoas e conversávamos sobre coisas banais, mas oque chamou-me a atenção e achei estranho é que assavam o animal vivo e sem que tirassem suas vísceras. Quando se agitava sobre o braseiro por causa do calor que lhe queimava o corpo, sua dona lhe fazia um carinho para que se acalmasse e aceitasse seu destino final. Seus olhos se movimentavam e algumas vezes pareciam ser doces e inocentes a procura de sua dona. Com medo de toda aquela situação estranha, algumas vezes corria até a porta enquanto alguem comentava dando gargalhadas: Esta gente da cidade tem medo de tudo, até da própria comida!

Discutir relação

Andei me perguntando por que discutir relação dói tanto? E quando digo que dói é por que dói mesmo! Eu mesmo fico arredio quando tenho que discutir. Um numero bastante elevado de pessoas fogem deste tema como o diabo foge da cruz. O gênero masculino então, nem se fala, alegam que é perda de tempo, que a o invés de ajudar prejudica mais ainda e ai se vai... A verdade é que é necessário algumas vezes, se colocar os pingos nos is e certamente conversar é a melhor saída. As relações se formam não só no casamento, mas em outros âmbitos de nossa convivência afetiva, seja no trabalho, na escola, entre amigos que fizemos. Quem não se deparou com algum comentário desagradável feito por algum amigo ou colega de trabalho e partiu para o vamos tirar a limpo esta história? Eu muitas vezes!
Discutir relação não precisa ter cara de imposição, de xeque mate, de dá ou desce, claro que importa oque se fala, não se pode fugir do foco e ficar na embromação, mas em certas horas é bom dar importância também a forma com que falamos oque nos incomoda. Calma e delicadeza não faz mal a ninguém! Boa educação muito menos!
E é bom lembrar que se discutir relação é algum tipo de jogo dos tempos modernos, vale a pena também ressaltar que as partes envolvidas sempre saem ganhando, não importa se casados, amigos, ou colegas de trabalho.


Insigth

Me pego algumas vezes pensando nas contas para pagar, nos consertos que tenho de fazer, as ligações que não retornei, as visitas que prorroguei, as senhas que esqueci e antes que tudo vire um colapso total em minha vida estabeleço regras de solução que nem sempre as cumpro por que também termino por esquece-las. O jeito é ir vivendo conforme é possível viver, sem culpas, sem traumas e procurando sem estresse uma forma mais ligth de solucionar essas situações incomodas. Fico pensando que os traumas de hoje, podem ser o resultado das coisas mal resolvidas de ontem, como também sei que nossas métodos de uma perspectiva melhor as vezes são ineficientes e necessitam de um novo insigth para serem solucionadas com tranqüilidade e bom humor.

22/07/2008

Quando Mariana passava na rua, Paulo assoviava suas canções favoritas. Mesmo fingindo indiferença, ela sabia que era para chamar-lhe atenção. Mantinha o rosto sereno sem olhar para ele assustada com o que pudesse acontecer. Um dia trocou de caminho para ver o que acontecia, quando voltou a passar por ele, percebeu que trocara de repertório.

O vendedor de mapas

A caneta ficava sempre no mesmo lugar, perdida entre papeis com anotações, rascunhos, recortes de jornais dentro da gaveta. As vezes algum livro também era colocado ali para ser lido com paciência, quando pudesse driblar a falta de tempo, o cansaço. Os encontros com Artur da Távola, Nietzche e Clarice Lispector eram curtos e suas caminhadas longas. De manhã a rotina de sempre o deixava mais forte, mais esperançoso por melhores dias. Enrolava seus mapas e saia cedo em busca do sustento, da força que sempre o fazia retornar ainda mais esperançoso e talvez feliz.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...