Alinhavei com um amigo a possibilidade de um dia desses pegar o carro e sair para conhecer algumas cidades do interior. Pensamos a principio em Bagé ou Santana do Livramento que faz divisa com o Uruguai. Não sei ao certo porque pensei nestas duas cidades que sempre pareceram tão distantes da minha curiosidade turistica, mas é uma idéia a ser elaborada, de se pensar, por que não?

Bate-papo informal

Noite dessas, cinco mulheres que se conheciam haviam decidido encontrarem-se na casa de uma delas, para conversarem sobre oque lhes viessem a cabeça. Tinham pouco tempo, pois cada uma tinha seu compromisso e então deram uma fugidinha rápida para estarem juntas e dividirem entre si o bate-papo informal, acompanhado de chá e sanduiche aberto. No encontro, piadas, gargalhadas, musica, sonhos e opiniões sobre relações refeitas e desfeitas. Eu apareci no local por puro acidente, havia me comprometido de entregar um documento para uma delas e então quando todos se deram por conta la estava eu: _Bendito ou maldito fruto entre as mulheres!_ Gargalhadas. Mas minha chegada não causou desconforto, nem pra mim e muito menos para elas que continuavam animadas, eufóricas. Voltei para casa pensando o quanto é positivo e se faz necessário estas cumplicidades, esta comunhão de aféto entre as pessoas que se atraem por sentimentos e opiniões afins. Nesta troca de energia positiva, certamente todos ganham atenção, prazer e crescimento pessoal.

Al' zira

"A minha dor é enorme, mas eu sei que não dorme quem zela por nós. Há um Deus sim, há um Deus e esse Deus lá no céu há de ouvir minha voz!..."

Quando eu ouvia Zira, (apelido entre familiares), cantar esta e outras musicas, era pra mim a abertura de outros mundos, mesmo ainda sendo um menino. A minha dor, também era enorme.
Sentada envolta de uma mesa ou num palco de madeira alto, improvisado nas festa de família e amigos, eu pensava que sua dor era realmente tão enorme quanto sua voz. 
Tinha a voz rouca, parecida com a de Maria Bethânia e o olhar tristonho como o de Zilah Machado. Cantava com paixão, sempre acompanhada dos irmãos e marido, músicos de fim de semana, de festas entre os mais chegados. Afinal durante a semana eram feirantes, pedreiros da obra civil.
Portava-se como uma verdadeira dama e artista que era. Uma dama interpretando emoções de rasgar a alma das  pessoas que a assistiam e a sua própria. 

O menino atropelado

Ontem um menino de dez anos foi atropelado ao atravessar a rua por um automóvel dirigido por um jovem que fugiu sem prestar-lhe socorro. Quando cheguei no local para prestar-lhe socorro a comoção em sua volta era geral, pessoas gritavam, choravam, clamavam vingança contra o atropelador desconhecido. A policia tentava acalmar os tumultuosos e os agentes de transito tentavam organizar, nervosos, os veículos que paravam no local atrapalhando ainda mais o tráfego também tumultuado. Depois de alguns minutos a policia localizou o agressor e novas explosões de ira sacudiram a galera de vingadores anônimos. Dentro da ambulância, enquanto examinava-o notei uma fratura em sua perna magrinha e pequenos arranhões pelo corpo. Em seguida, entre um gemido e outro de dor, ele lançou-me um olhar de preocupação e disse:
_Não conta pra minha mãe tio, senão eu frito!
Quando saí de lá, a guerra ainda continuava entre os defensores do menino, o agressor preso e a policia militar que tentava manter a ordem com uma certa desordem.

ENSEADA DOS BARCOS.

Há tarde quando meu colega mencionou a possibilidade de dar uma chegada em Garopaba no domingo, quase me insinuei para acompanha-lo, não fosse ter de trabalhar na segunda-feira pela manhã. Ao contrario de mim ele só voltaria à trabalhar na quarta-feira seguinte, concedendo-lhe maior tempo de aproveitar o passeio sem nenhuma pressa. 
Há alguns anos atrás quando o meu mundo era mais mundo, lembro-me de colocar uma mochila nas costas e aventurar-me estrada á fora em busca de emoções que por um bom período pra mim era sinônimo de praias. Garopaba foi um dos primeiros lugares que conheci, carregando a velha mochila com barraca nas costas e meia dúzia de trocados no bolso, tornando-se pra mim um referencial de paraíso. Não importava dormir no chão duro, ou a falta de banho quente, pois o que realmente importava era a aventura e a sensação da conquista, do "enfim estar lá"  


A cidade hoje, em alguns pontos não parece mais a mesma, pois cresceu muito nestes últimos anos  com aumento do comercio e mansões gigantescas costeando o mar, mas a igreja na subida curva da estrada de pedra, as casas dos barcos de madeira velha e os urubus famintos continuam por lá, como nos velhos tempos da minha calça surrada e do dedo pedindo carona.
Lembro da primeira vez que experimentei  suco de açaí em frente a Prainha, o sabor é horrivel e nunca mais arrisquei beber novamente. A coisa é uma gororoba grossa que gruda na boca para dar energia, isto se a gente não vomitar antes.
A casa de Deise Nunes ainda continua majestosa no alto do morro, algumas pessoas dizem que foi desapropriada por estar em área da Marinha. Não sei se foi realmente desapropriada, a verdade é que nunca vi a ex- mis por lá.

Meu retorno à Garopaba voltou a acontecer agora em novembro de 2010, quando retornava de um fim de semana na Guarda do Embaú e matei um pouco da saudades deste lugar que é um pouco parte de mim.

Revirando gavetas

Hoje de noite minha mãe e eu ficamos revirando gavetas em busca de recordações, fotos e qualquer objeto que lembrasse nosso passado, nossa história. Enquanto mexíamos em alguns documentos velhos e amarelados, alguns corroidos pelo tempo e as traças, íamos fazendo comentários soltos sobre alguns fases que nos marcaram de alegrias ou de tristezas. .Em alguns momentos eu olhei para seu rosto, ora sorridente, ora tristonho e pensei em como eu e ela temos sentimentos em comum e que se agregam harmoniosamente quando nos encontramos e conversamosEste apego em lembrar das coisas do passadode remexer na terra, de plantar folhagens e reavivar lembranças como se tivéssemos a preocupação de um dia vir a esquecer de tudo que vivemos.

Histórias da Cidade, Confeitaria Rocco


Este de face velha, simboliza a Europae a abundância.



E este de face jovem a América e a fartura. 


A tarde passei em frente da antiga confeitaria Rocco, na esquina das ruas Riachuelo com Dr. Flores, já alguns anos fechada e fiquei admirando a sua faixada imponente. Lembrei que sempre me chamou a atenção aquelas esculturas que seguram com uma das mãos as belas sacadas do prédio como Deuses Gregos poderosos, impondo força e respeito aos mortais que por ali passam. Descobri que as esculturas são atlantes de duas feições: Três são jovens e representam a América e a fartura e os outros três são velhos simbolizando a Europa e a abundância.
A confeitaria Rocco existe desde 1912 e foi tombada como patrimônio da cidade em 1997. O requintado trabalho arquitetônico como colunas, pilastras, capitéis, etc. fizeram do local ponto de encontro da sociedade riograndense, pela qualidade de serviços e produtos e pela suntuosidade do espaço decorado com beleza e luxo.
Atlante, segundo a Teosofia, foi a quarta Raça-raiz desta Ronda (período de tempo ou ciclos). Eles foram os gigantes que viveram 18 milhões de anos atrás, em um continente chamado Atlântida. São os primeiros que podemos chamar de "homens". A Raça Atlante representou o ponto mediano da evolução nesta atual Ronda.
Segundo a Teosofia, os Atlantes foram os descobridores da ciência, religião, arte e magia.
O método de reprodução desta Raça era sexuado. Durante o ponto mediano da evolução dos Atlantes, eles se cruzaram com seres simiescos, produzindo os animais que hoje são chamados de primatas. Esta atitude condenou a Raça, pois perante o Karma esta bestialidade era um pecado grave. Segundo Helena Petrovna Blavatsky, os Atlantes foram punidos com a destruição da Raça e de seu continente.

Banca 40

 É praticamente impossível falar de Porto Alegre, do Mercado Publico com suas iguarias, sem fazer uma referencia sequer a Banca 40, existente desde que eu era menino e sua deliciosa Bomba Real  criada na época da Segunda Gerra por um comerciante português.
Composta de Salada de frutas sem caldo, nata e três bolas de sorvete, a Bomba Real, faz parte da historia de muitos frequentadores do Mercado Publico de Porto Alegre.
Algumas coisas parecem ter mudado na Banca 40, referente a sua estrutura e decoração, depois da reforma que sofreu o Mercado Publico, mas o ambiente simples e o atendimento eficiente continua o mesmo
Custa R$ 7,00 uma porção que considero grande e a gente fica querendo mais!.. A Banca possui tradição de mais de 80 anos na fabricação e comercialização de seus sorvetes. Foi citada no caderno de turismo do Jornal Estado de São Paulo, como principal ponto de encontro em Porto Alegre, o que eu discordo. 
Escolhido o melhor sorvete da cidade em 2005 pelo júri da Revista Veja, concordo!.
Quem nunca foi até lá, vale a pena experimentar o sorvete e conhecer um pouco mais da história da nossa cidade!

A IGREJA DAS DORES DE JOSINO

Gosto da cidade onde nasci e em que vivo até hoje e sempre que possível, busco nela pedaços de mim, da minha vida, do meu passado, de sua história que também é a minha história. Visito-a em sonhos meio apagados, becos, ruas, prédios, lembranças fragmentadas de lugares onde já estive, sentindo depois um gosto distante e saudoso de vivências que experimentei mas que não desapareceu de mim e desta Porto Alegre que não é alegre, com ar bucólico, provinciana, urbana, cultural, tradicional, querida

IGREJA NOSSA SENHORA DAS DORES:
Hoje caminhando pelo centro da cidade visitei a igreja Nossa Senhora das Dores e lembrei da história que minha mãe contava sobre a dificuldade de sua construção, em função da praga rogada pelo escravo Josino, usado como mão de obra e morto, injustamente, na forca no Pelourinho em frente da igreja acusado de ter roubado uma joia que acompanhava a imagem de Nossa Senhora das Dores.
"– Vou morrer porque sou escravo, mas vou morrer inocente. A prova da minha inocência é que as torres da Igreja das Dores nunca ficarão prontas!"
Meses depois de sua morte, as torres despencaram do alto da igreja esfarelando-se no chão. Suas palavras se espalharam pela cidade, causando medo na população que realizavam novenas ao escravo. Muito tempo se passou e a igreja ainda continuava com problemas. Raios caíram sobre as torres, rebocos que desmanchavam-se, projetos arquitetônicos que desapareciam.
A igreja levou quase um século para ficar pronta, visto que a pedra fundamental foi colocada em 1807 e sua conclusão somente em 1901.

Solitude

Permito algumas vezes que certos sentimentos se instale em mim como um acontecimento normal ou de defesa, não sei bem, mas se instala permissível, como um instrumento que compreendo as vezes ser vital para minha paz interior, meu equilíbrio, minha sobriedade, minha quietude. Cheguei fechando gavetas, portas, janelas e logo que o telefone tocou neguei-me atende-lo sob pena de arranca-lo da tomada se fosse necessário. Precisava fechar-me à qualquer comunicação externa e que arriscasse invadir minha individualidade, meu momento de estar sozinho, meus pensamentos vagos, minha introspecção, minha solitude. Tenho precisado de minha própria companhia, de meu corpo só esparramado sobre a cama até que amanheça o dia.

Antes que a cortina desça

Assisti e participei de tantas histórias em minha vida fazendo com que de certa forma eu adquirisse a experiência forçada de prever seu enredo, seu final causando-me frustração aliada a uma decepção sem conta. Existem textos cuja as falas e gestos acabam sendo presumíveis pela falta de um conteúdo linear, de uma estrutura possível e aceitável em seu próprio contexto. Tudo fica falho, desajustado e sem sentido fazendo-me perder o gosto do prazer. Daí, nada mais parece ser possível e aceitável. O jeito é levantar e sair antes que a cortina desça.

II Churrasco do SAMU/POA

O importante é que existe momentos como este, em que voce pode se sentir e ver as pessoas livres, à vontade, liberta das responsabilidades do trabalho, ver os colegas mais soltos e verdadeiros.Este foi o segundo churrasco de confraternização entre os colegas do SAMU de Porto Alegre, realizado na sede Social da SMOV, zona sul. Todos aguardam novos encontros como este.

Farofa

Pensam que me conhecem mas eu vim contar: Sou de um tempo de criações e fantasias, de alegrias e de tristezas, tudo misturado como um prato único e revirado, feito farofa nordestina, feito pros que tem fome e angustias a resolverem. Sou comum como o homem pode ser incomum no seu tempo, na sua vida, na sua história. Tenho o tempo que posso me dar para posiveis mudanças não impossíveis, necessária, essencial, visceral. Tenho a responsabilidade de procurar meu caminho dentro desta bagunça.

Vestigios

Quando cheguei em casa, percebi vestígios de Frida, seu perfume exalava no ar, na cama, no armario, no robe de seda dobrado, Cheiro de raiz forte e adocicada. Mais tarde quando deitei, misturei Malbec ao seu cheiro de Priprioca e louro-rosa.

História comum

Niura levava seu cãozinho Yorkshire para passear na praça perto de sua casa, quando sofreu o acidente. Resvalou na grama úmida e então percebeu após muita dor, oque a impedia de levantar-se, que havia fraturado seu tornozelo esquerdo. Me revelou, enquanto a atendia, que maior que a dor que sentia foi a sensação de abandono e descrédito quando pedia ajuda para os transeuntes que passavam do seu lado ignorando-a e fingindo não ouvir o seu pedido de socorro.

INICIO E FIM

Quando bati em sua porta, ela teve certeza de que me conhecia de algum lugar que não lembrava e eu a certeza que já tinha pintado aquele rosto sem nunca tê-lo visto. 
Fomos amigos, depois amantes e um dia tudo acabou tão simples como começou. Disse-lhe tchau, numa calçada onde cada um seguiu numa direção, sem discussões, brigas ou magoas. Não sei por que, tive certeza de que não a viria de novo e nunca mais a vi. 

Caricatura

Acho que construir textos é mais fácil do que construir nossas verdades, traçar nossos caminhos, mostrar-mos para nós mesmos e para os outros, sem mascaras, sem efeitos gramaticais, quem realmente somos. As vezes me pergunto se tudo que escrevo sou eu mesmo, se é o que penso e oque acredito. Se não construo com palavras uma caricatura aceitável do que penso ser ou gostaria que fosse. Afinal usamos tantas mascaras, utilizamos tantos artifícios de disfarces que não me surpreenderia se tudo fosse uma grande mentira não proposital. Apenas uma invenção!

Domingo de Pascoa

Ontem, dor de cabeça e hoje... Bom, acordei para trabalhar com um estranho desconforto abdominal que só descobri depois que saí do banho. Houve momentos que pense em ter de desistir do plantão de hoje e ficar mais um dia de molho em casa como foi ontem. Depois aliviou a dor e não fugi da responsabilidade de ir para o trabalho.
Agora é onze horas e ainda não saí para nenhum atendimento. A cidade está calma, de uma tranquilidade pouca vista e então me pergunto se é por que é Domingo de Pascoa e as familias estão reunidas no preparo do churrasco de meio dia. Dia ensolarado, claro, bonito como poucos. Poucas pessoas no terminal de onibus. Parece realmente um dia incomum, diferente dos outros domingos que eu possa me lembrar.

Por que hoje é Sábado

Acordei cedo com uma dorzinha de cabeça enjoada que conheço de outros carnavais e se caracteriza por uma sensação de peso geral e depois fixa-se num canto da nuca como se músculos e nervos estivessem sendo puxada por uma corda invisivel e resistente. Esta semana ela tem marcado sua presença constante na minha cabeça, mas decidi não me intoxicar de analgésicos e aguentar um pouco mais no osso do peito, até que passe, ..fingir que ela não está aqui incomodando, que é apenas imaginação..Hoje é sábado e amanhã é domingo e penso no poema da Criação de Vinicius de Moraes, mas amanhã pra mim é dia de trabalho e sei que se não estivesse engatado não estaria bem pois o domingo pode ser caustico quando não se tem o que fazer. Penso em achar alguma coisa diferente pela manhã que me seja, divertida, boa, barata, mas tenho a impressão que nada me agradou no caderno de lazer do jornal local. Tenho dormido às vezes bem e noutras horas mal, o que significa que tem momentos que fico praticamente a noite toda me debatendo sobre a cama e acordando a todo o instante. Pela manhã acordo-me exausto procurando oque fazer e sem uma idéa brilhante para me divertir!

Desculpas esfarrapadas

Fiquei pensando que algumas vezes a gente coloca pedrinhas de impedimentos na nossa vida e então não chutamos à gol. Vou me explicar!
Tô vendo da minha janela um sol magnifico com perspectiva de um magnifico dia e não encontro um estímulo que me convença de descer e dar uma caminhada por ai, como sempre faço para desparecer e relaxar as tensões. Amigos me convidaram para dar uma passeada na serra e arrumei a explicação de que estou sem dinheiro, que amanhã trabalho, que não é bem isto que eu queria para mim neste fim de semana. Enfim, o problema sem sombra de dúvidas não é estar com pouco dinheiro, ou por que trabalho amanhã, ou por que o sol não esta na temperatura ideal, desculpas a parte o problema hoje sou eu!

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...