O bosque de eucalíptos


Então paramos o carro diante do bosque de eucalíptos perfumados e ficamos admirando aquela beleza toda. A grama parecia estar ainda molhada da noite que chovera, e os raios de sol eram pequenos fachos de luz que se esgueiravam entre as folhas, os galhos, os novos ramos de árvores. Pensei em ficar ali em busca de arco-íris, caminhar pelas estreitas estradas de terra, pular pedra sobre pedra com curiosidade de menino e me perder rumo a mim mesmo e a toda aquela beleza.

Domingo de alegria

Acordei cedo já com a maquina de fotografar pendurada no punho em direção á rua. Fotografei árvores, praças, balanços, gangorras, crianças correndo, jogos de futebol de fim de semana. Este domingo pareceu ser de alegria, de trégua para as tensões, de almoço com os sobrinhos, de bagunça na piscina e assim foi. Retornei para casa cansado, porém renovado!





La Barca

_Hã? _Meu nome é Maria Palma, Maria Palma! _Tenho setenta e dois anos! _Não, eu não sei falar de outro jeito, sempre falei gritado assim, desde de pequena! _Minha mãe ja dizia que eu era louca, por que falava assim gritado! _Mas eu não sei oque aconteceu comigo!..Acho que caí ali no mercadinho e eles chamaram voces. Eles ficam com medo de mim e então chamam voces! _Hã? _Tomei alguns remédios que o doutor receitou, mas parei, me fazia mal. Agora não lembro o nome dos remédios! _Eu tenho um filho, apenas um filho! _Tem vinte e três anos, mas ainda não se casou! _Sim trabalha num super mercado aqui perto! _Não, não tenho marido, ele morreu faz anos! _Ele era um carroceiro bebado. Morreu de tanto beber e fumar _Hã? _Eu vim de Uruguaiana para ca aos desesseis anos trabalhar em casa de familia. Familia rica! _Casei com ele ja velha, com vinte e oito anos! Tive só este filho! Filho amado! _Não eu não gosto de Natal, meu filho saí com os amigos e eu fico sózinha. Não gosto de ficar sózinha. Não gosto do Natal! _Não meus parentes não me procuram, por que falam que eu sou louca! Por que eu sou a mais pobre da familia, A mais louca! _Os vizinhos? Eles fogem de mim. Não me convidam porque falam que eu atrapalho as festas, choro e começo a gritar! Mas eu sempre grito assim! _Hã? _Não não gosto de musica, não sei cantar! _É, eu gostava de tango quando era mocinha. Sabia até dançar tango! _La Barca? _Sei, o senhor também sabe? _Hã? _Tá certo, não sei se me lembro! Então vamos cantar! _Dicen que la distancia es el olvido _Pero yo no concibo esta razón _Porque yo seguiré siendo el cautivo _De los caprichos de tu corazón!.. _Acertei? Tem agua ai? Tô com sede! _Eu gosto desta musica, meu namorado também gostava! _Já estamos chegando? _Já? Que bom que estamos chegando, quero ficar com os médicos até o Ano Novo!
*Entrevista com dona Maria Palma, paciente com distúrbio emocional, atendida dia 25 de dezembro por mim e conduzida para um serviço de emergência psiquiátriaca.

Feliz Natal


As vinte e três horas e quarenta e cinco minutos, coloquei o assado e o panetone sobre o puf amarelo da sala. Planejei acender as velas daqui uns quinze minutos, mas descobri que não as tenho. A garrafa de vinho branco gelada servirei na taça há espera do momento da confraternização.
Agora deve ser quase meia noite e desconfio disto porque os rojões estão sendo estourados por todos os cantos da cidade ininterruptamente. Todos saíram aqui no prédio, mas decidi não abandonar o barco. Ficarei em minha companhia, aguardando Papai Noel com seu olhar de bondade e graça, Desejarei neste momento, a todos que amo, um Natal de alegria, paz, reconhecimento, fraternidade, solidariedade e amor.

MOSTARDAS O CEMITÉRIO DOS NAVIOS.

esqueleto de uma embarcação
em Mostardas

O que achas de conhecer uma cidade pacata no interior do estado, com traços arquitetônicos açorianos, uma pequena igreja matriz de nome pomposo, um farol chamado Solidão, praias desertas e uma infinidade de carcaças de embarcações encalhadas na areia lembrando um verdadeiro cemitério de navios? 
Conheça neste post, um pouquinho da cidade de Mostardas, cujo  o acesso se dá, pela antiga Estrada do Inferno, cuja algumas praias de difícil acesso, encontra-se até areia movediça.
DESTROÇOS DO NAVIO
MOUNT ATHOS

O convite para conhecer Mostardas, partiu de meu irmão que estava prestando um serviço na cidade, abrindo-me esta oportunidade.
Estavam no passeio, além de nós dois, sua esposa Luciana, meu sobrinho Eduardo e minha mãe. 
Mostardas é uma cidade pacata, localizada no istmo entre a Lagoa dos Patos e o oceano Atlântico, a uma latitude de 31º 06' 25" ao sul e a uma longitude de 50º 55' 16" à oeste, no litoral sul do Estado.

COMO CHEGAR:
Partindo de Porto Alegre em direção à Viamão e Cidreira, através da RS -040, até Capivari do Sul, são 90 km onde se entra à direita, pela RS-101 ao lado do posto da policia rodoviária, até Mostardas, mais 120 Km. 
A RS-101 que dá acesso a à cidade, conhecida por Estrada do Inferno (pela dificuldade de trafegar antes de seu asfaltamento), estava coberta de buracos no asfalto, em alguns trechos, dificultando a viagem e dando a impressão de que a distancia era ainda maior, mas depois de alguma doses de paciência, chegamos.

ORIGEM DO NOME:
Não há uma explicação documentada e oficial à respeito; porém, sugere-se que o município tenha recebido este nome, por causa da grande quantidade do vegetal comestível encontrado na região (mostarda). Aventam também, que sobreviventes de um navio francês chamado Mostardas, teriam se abrigado naquela região influenciando a escolha do nome ao município, pelos moradores da época.

CENTRO DE MOSTARDAS


IGREJA MATRIZ SÃO LUIZ REI DE FRANÇA:
Situada no centro da cidade em frente à Praça Luis Chaves Martins, a pequena igreja de nome pomposo, foi fundada em 1773, construída em estilo barroco, com altar mor no estilo neoclássico, datado de 1817, é uma das cinco igrejas construídas neste estilo no Brasil.

IGREJA MATRIZ DE
MOSTARDAS


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE:
Mostardas começou a desenvolver-se com o asfaltamento da Estrada do Inferno (RS 101), o que ocasionou o crescente aumento do turismo e o melhor escoamento da produção de madeira pinus. Destaca-se pelo artesanato de pura lã com os famosos cobertores mostardenses, além da produção de arroz e cebola, na pecuária pelo gado bovino para produção de leite, carne, e ovinos para produção de lã.



TIPO DE ARQUITETURA:
As casas no centro da cidade são modestas e com fortes traços de influencia açoriana, verificado em algumas coberturas com telhas de barro feitas artesanalmente e telhados com mais de uma beira. Na culinária, religiosidade e manifestações folclóricas a forte presença da influencia do negro e do índio. 



NO CAMINHO DO LITORAL:
Mas o que mais me emocionou no passeio, foi a decisão de termos retornado para casa, pela beira da praia, mesmo com o risco do carro atolar na areia. De Mostardas até o mar, nos deslocamos por uma estradinha de terra vermelha, com plantações infindáveis de pinus até se abrir numa paisagem desértica de cômos de areia, planaltos e planices formadas pelo deslocamento da areia com o vento. 



AREIAS MOVEDIÇAS:
Perdíamos constantemente o rumo da estrada e cuidávamos para não nos afastarmos da rota e atolar o carro nas conhecidas areias movediças do lugar. Parecia não acabar mais o deserto mostardense e a cada momento, uma paisagem nova nos chamava a atenção, como um bando de flamingos rosas que encontramos pelo caminho, até localizarmos o mar. 
Nesta região as marés e os ventos mudam sem aviso no município, fazendo existir um verdadeiro cemitério de navios naufragados em suas praias.

CEMITÉRIO DOS NAVIOS:
Como nosso caminho agora era pela beira do mar, nos deparamos com varias revoadas de maçaricos, assim como a triste imagem de tartarugas gigantes, golfinhos mortos, e uma baleia já em estado avançado de decomposição, na beira da praia. A praia é também cheia de resto de navios corroídos pela maresia que encalharam no passado.

EMBARCAÇÃO DESCONHECIDA



MOUNT ATHOS:
De todas as carcaças de navios encalhados que encontramos, talvez o maior seja Mount Athos de 164 metros, naufragado em Março de 1967, quando carregava adubos ao Porto de Rio Grande. O que sobrou do navio está exposto à beira do mar, à 15 km do Farol da Solidão, numa forma de aviso sinistro.
Moradores nos contaram, que durante à noite, as pontas do que sobrou do navio, provoca susto nas pessoas que por ali passam, dizendo se parecer com um grande mausoléu. 
AQUI eu falo um pouco mais sobre ele.



FAROL DA SOLIDÃO:
Possui 21 metros de altura e quatro contrafortes longitudinais. De cor vermelha fica localizado à cerca de 70 km à nordeste do balneário de Mostardas. A primeira instalação de um farol no local, data de 1916. O farol da Solidão não está aberto para visitações. Uma pena!.. Com algumas pequenas construções a sua volta, não parece mais fazer jus ao seu nome.

FARÓL DA SOLIDÃO


Encontrar tantos animais marinhos mortos na beira do mar, nos causou muita surpresa durante o trajeto. Nos perguntávamos a razão de tantas mortes. Era uma constatação muito triste e por mais que andávamos, o trajeto parecia infindável, até encontrarmos um acesso de volta a estrada RS -101, no meio de tanta areia. 




PECULIARIDADES:
Toda esta região marítima que costeia a cidade de Mostardas, Tavares, Bojuru e São Jose do Norte é sem duvidas, de extrema beleza e peculiaridade. É uma região que se diferencia do resto do Estado por sua diversidade marítima e aves migratórias que partem das regiões mais distantes do mundo, para se reproduzirem no PARQUE NACIONAL DA LAGOA DO PEIXE.

Os ventos fortes que sopram no litoral, transformam a cada instante a natureza e os cômos de areia, em belíssimas esculturas naturais.
Esta enorme área que estende-se pelo litoral, constitui o maior vazio demográfico do estado do Rio Grande do Sul. 
Com uma economia frágil e desorganizada, fundamentada no setor primário e secundário, a sociedade local padece de enormes carências sociais.

DICA GASTRONOMICA:
Restaurante Ed Mundo's. O prato a "Moda da Casa" feito com o peixe papa terra é a especialidade da casa. O restaurante de aspecto simples, está localizado na Rua Bento Gonçalves, 906 Tel.(51) 3673.1969 - Mostardas.

ARTESANATO LOCAL:
O Quiosque da Praça Municipal: Artesanato típico da região. Casacos, blusões cobertores e mantas de lã mostardense,   
                                                                Até a próxima viagem!

A HISTORIA DE MOUNT ATHOS.

MOUNT ATHOS

Em março de 1967, o grego Mount Athos de 164 metros, naufragou nas proximidades de Mostardas, quando viajava ao Porto de Rio Grande carregado de adubo. Havia 28 tripulantes há bordo e acredita-se que o navio foi atingido por ondas e ventos, aproximou-se demais da costa e colidiu em um banco de areia.
MOUNT ATHOS - 2008



O que sobrou da carcaça do tombadilho do Mount Athos, continua exposto á beira mar, á 15 Km do farol da Solidão que visitamos em Dezembro de 2008. 
Por coincidência, Athos é o nome do meu filho e isto me deixou ainda mais excitado para conhece-lo.
Nas noites de neblina, as colunas de ferro, que se erguem entre as espumas das ondas, apavoram eventuais viajantes. Corroídas pela maresia, compõe uma perfeita lápide coletiva, para náufragos de todas as épocas.
Até o próximo passeio!

Frases soltas

Agora pela manhã, abro toda a janela pois quero que entre mais sol. Meu jardim está florido e recebe elogios de quem o nota. Lembro dos tempos de primavera perfumada que sorri como hoje. Aqui o silencio é de paz e tem musica de pássaros, alguns que não conheço. Cada homem tem o seu tempo, e o meu, acelera as mudanças num cronômetro pessoal, relaxa as tensões. A vida me revela certezas, impossibilidades, nascimento e morte de paixões.

Moema partiu com sua amiga de madrugada rumo a sua felicidade e para sempre. Antes dançou sobre as telhas frágeis de meu telhado. Plantou rosas, orquídeas, arrancou petalas, mostrou sorrisos e lágrimas. Deve correr de janela aberta no automóvel até chegar ao seu destino, abrir novas gavetas, desvendar mistérios e transforma-los em poesia, abraçar seu desejo de futuro. Lembrei do filme Thelma & Louise que assisti há alguns anos e pensei em silêncio enquanto cruzava o portão e a deixava para traz: Adeus Moema!
Já em casa relí seu bilhete que me enviou há alguns dias.

"_O dia esta da cor de tempos de reflexão. Minhas orquídeas estão sem flores. Estou com vontade de partir para novos campos, me faltam inspiração. Hoje quero sair para encontrar um rumo. Estou só e isso me faz fraca. Meu ser e meu corpo são pura paixão e musicalidade, não aprendi a ser só. Digo isso porque sei que me entende e me ouve. Rosas em seu caminho, em seu dia.
Bjs!.. Moema- 15/12/2008"

Soltar os demônios

Hoje talvez seja uma noite boa para soltar demônios, daquelas em que eu abro mão de ser tantas coisas pelas exigências do dia, que me viro do avesso em gargalhadas e prazer e gasto todas as energias presas em ritmo, força, dança e alegria.
Promete ser!
..
Alguem que não lembro, disse-me que é difícil soltar demônios, mas depois que soltamos, viramos anjos, crianças, mais humanos.

Voce está dormindo?

Sempre acordo-me mais cedo que o necessário. Digo isto, por que alguém já me falou sobre isto e porque conscientemente sei que nem sempre tenho oque fazer realmente, depois que desperto, que lavo a cara, escovo os dentes e tomo meu café sem acompanhamentos. Mais tarde percebo a inutilidade das tarefas que fiz entre um espaço e outro de bobeira, quando poderia ter ficado mais tempo na cama curtindo o nada, a preguiça, a dor nas costa, os pensamentos soltos e sem lógica.
Hoje muito cedo fiquei inquieto sobre a cama, mas mesmo com impetos de levantar-me sentia-me atraido em permanescer ali deitado. Não consegui perceber oque me incomodava realmente. Pensei que talvez fosse a persiana da janela do quarto que deixo aberta para entrar o vento da noite e que pela manhã me incomoda pelo excesso de claridade na cara, mas era algo além disto. Era um bip que disparava a cada um ou dois minutos, enquanto eu me movimentava e tentava viajar nas delicadas cores das orquídeas, nas exóticas folhas das bromélias. O bip vinha da sala, agudo e profundo e cada momento que tocava, parecia aumentar sua capacidade sonora e a minha até então controlada irritação. Identifiquei lá pelo quinto ou sexto bip que era do telefone celular que eu havia deixado na sala antes de me recolher à noite. Deixara-o sobre o puf na sala, acomodado sobre uma agenda enquanto lia alguma coisa na intenet. Droga!.. Levantei-me da cama enfurecido, peguei-o em minha mão com vontade de jogar contra a parede... Me controlei. Estava escrito: Uma nova mensagem. Acessei a caixa de entrada que dizia: _Você está dormindo??? Era 05:30 da manhã.

Orquídeas e Bromélias

No refeitório do hospital, conversava com uma colega médica de trabalho. Pincelávamos assuntos entre o ruído de pratos, talheres e outros colegas que estavam ali sentados á volta em outras mesas almoçando. Algumas vezes os assuntos se cruzavam e tornava-se difícil ouvir e entender oque falávamos realmente. Mas enfim, entre tantas coisas que mencionamos como a sua pesquisa sobre o numero de mortos por parada cárdio-respiratória em Porto Alegre e que hoje é deficiente em dados estatísticos e o estres que vivenciamos diariamente em nosso trabalho, falamos também sobre os seus planos de trocar a loucura dos centros urbanos da capital, por um lugar mais calmo, arejado e modesto. Mencionei Viamão, cidade vizinha e perto da capital, onde morei por alguns anos e que ainda mantém uma boa qualidade de vida se optar-mos pelo local certo dentro da cidade.
Falou-me da sua necessidade de ir em busca de um ambiente que corresponda as suas necessidades pessoais, do seu desejo de substituir o apartamento por uma casa com pátio, cachorro e seu interesse em dedicar-se a criação de um jardim e um pequeno espaço para o plantio de orquídeas. Pensei em mencionar minha paixão por bromelias e o tempo em que eu dediquei-me a elas, pensei sobre a necessidade de criar-mos estes ambientes em nossas vida e a importancia de interagir-mos com ele, pensei em falar mais coisas sobre isto, porém quando percebemos, tínhamos acabado de almoçar e precisávamos voltar ao trabalho.

Postagem em destaque

TÔ PENSANDO QUE:

Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...