O FANTASMA DA RUA LIBERDADE


Quando eu tinha uns 13 anos de idade, morava com meus avós na rua Liberdade 521, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. Agora com 49 anos de idade, voltei ao local onde foi minha casa, alugada na época e que já não existe mais. Fiquei ali em frente com uma amiga que mora nas redondezas, olhando o prédio novo erguido, a calçada, os arbustos que pareciam ser da mesma época encrustados em alguns vãos do meio fio. Tudo me parecendo ter o mesmo cheiro de décadas atrás.
Ali naquela casa que já não existe mais, vivia um fantasma, me lembro bem. Quase vi o seu rosto, encoberto por trás de uma cortina de voal branco e o nascer do meu medo por coisas inexplicáveis. Sabia da sua existência pelo ruido de seus passos e o rangir do assoalho de tabuas largas e já velhas na época.

Tinha medo desse encontro, por que eu o olharia direto nos seus olhos, agarrado a dúvida do real e o imaginário, numa disputa entre o medo e o enfrentamento
Seria mesmo um fantasma? Por que só eu ouvia seus passos largos caminhando pela casa em plena luz do dia?
Por que não acreditavam em mim, quando eu dizia ouvir seus passos pela casa, após o almoço, na hora da cesta, quando ninguém estava por perto? Fantasmas somente aparecem a noite?
Também sentia sua presença audaz pelo ar que se modificava, pelos pelos dos meus braços que se içavam formalizando a denuncia de sua presença misteriosa.
Deveria gritar? Dizer alguma coisa? Ou simplesmente me manter calado e assustado como cúmplice de um encontro inexplicável? Como na assinatura de um pacto de paz?
Um dia resolvi enfrenta-lo a todo o custo. Não queria saber sua origem, de onde vinha ou o que fazia ali, mas apenas ter a certeza absoluta de sua existência. Então abri a porta, entrei no cômodo e o avistei próximo a janela. Me enchi de coragem. Aproximei-me da outra porta separada por uma cortina e o chamei, baixinho, temeroso de minha sorte. Ele veio a o meu encontro, alto, magro, terno escuro, sapatos brilhosos, chapéu cinza, corpo quase colado ao meu. Olho no olho. Ficamos assim não sei por quanto tempo nos examinando com o olhar. Depois deu as costas e sumiu, cruzando entre as mobílias e desaparecendo entre paredes, como numa projeção de um filme.
Nunca mais o vi por que não entrei mais na sala naquele horário, mas sabia que ele estava por lá a procura de algo. Ouvi seus passos até o ultimo dia que lá vivi.

*clique no titulo p/outra pg.

Porto Alegre é demais



Porto Alegre é que tem
Um jeito legal
É lá que as gurias etc. e tal

Nas manhãs de domingo
Esperando o Gre-Nal
Passear pelo Brique
Num alto astral

Porto Alegre me faz
Tão Sentimental
Porto Alegre me dói
Não diga a ninguém
Porto Alegre me tem
Não leve a mal
A saudade é demais
É lá que eu vivo em paz

Quem dera eu pudesse
Ligar o rádio e ouvir
Uma nova canção
Do Kleiton/Kledir

Andar pelos bares
Nas noites de abril
Roubar de repente
Um beijo vadio

Porto Alegre me faz
Tão Sentimental
Porto Aegre me dói
Não diga a ninguém
Porto Alegre me tem
Não leve a mal
A saudade é demais
É lá que eu vivo em paz

Porto Alegre me dói
Não diga a ninguém
Porto Alegre me tem
Não leve a mal
A saudade é demais
É lá que eu vivo em paz

Porto Alegre é demais...!

Marataises

Conheci Marataízes em fevereiro de 2005, quando estive no Rio de férias eu e Alba e a convite de um casal de amigos dela, com casa no balneário Praia do Centro.  Saímos pela manhã bem cedo num Fiat Uno -1000 e ainda movido à gaz, (pode?) e cruzamos a ponte Rio-Niterói, São Gonçalo, Rio Bonito, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Macaé, Campos do Goytacazes, Marataízes. A praia não é das mais bonitas se comparada com outras em que passamos antes e depois dela; é de águas calmas e areia fofa, localizada exatamente no Centro de Marataízes, com um calçadão meio destruído pela invasão do mar e muita circulação de pessoas e carros, principalmente à noite.



Como nosso interesse era por lugares menos agitados nos deslocávamos até a Lagoa do Siri, à 5km do centro de Marataízes, onde o acesso era feito de carro, por uma estrada de terra que margeia o litoral. Neste local o mar era de ondas fracas e com uma lagoa, separada do mar por uma estreita faixa de areia. A lagoa dispõe de quiosques que vendem comidas e bebidas diversas, cercada por coqueiros e arvores frondosas lembrando aqueles  oásis nordestinos.


Na beira da praia desfilam também vendedores ambulantes, oferecendo de tudo e numa dessas aprendi a comer uma fruta, que fiquei viciado e com certeza não deve ter aqui pelo sul. Chama-se seriguela (fruta pequena e de formato oval que lembra o sabor do cajá, possui gosto bastante adocicado e ao amadurecer assume uma cor laranja-avermelhado ou somente amarelo). Outra delícia são os bolinhos de batata ou mandioca recheados com carne seca ou camarão, vendidos nos quiosques acompanhados da "marvada" cerveja gelada.



O bom daquele recanto, mais isolado do centro da cidade, fica por conta da opção de mar e da lagoa disponibilizando também de  caminhadas, onde se descobre belezas naturais como as falésias tipicas da geografia local. 



Pela manhã é também possível observar-se os pescadores retirando a rede do mar, transformando todo aquele trabalho artesanal e braçal, num acontecimento diferente do que se está acostumado a ver nas  grandes cidades movimentadas. E eles devem pensar: (Que idiotas, esses turistas!...)




Claro, que em apenas tres dias é difícil testemunhar tudo naquela região, rica em praias  e belezas naturais e no segundo dia, fomos conhecer Piúma, outro município, em direção nordeste, no caminho para a capital Vitória, pela rodovia do Sol. Na estrada encontramos esta igreja, que eu me perguntei dentro do carro, sem fazer alardes, o por quê de um grande numero de igrejas do interior serem pintadas de azul, alguém saberia me responder?.. 



São mais ou menos 34 minutos de Marataízes até lá e percebi que quanto mais nos distanciávamos para aquela direção, o sotaque ia se modificando, tornando-se mais cantado do que os cariocas, assim como os traços físicos, cuja a pele amorenada lembravam o índio.



Bem, Piúma é uma cidade privilegiada de beleza, e a cidade é conhecida como a "Cidade das Conchas" pela abundância de conchas e búzios que encontramos em todo seu litoral, e que dão origem a lindas peças de artesanato, produzidos por artesãos locais, encontradas em lojinhas da cidade e na Feira do Artesanato aos finais de semana. A praia é cercada de mata nativa e possibilita a visualização de morros e ilhas a o redor. 

Uma dica que descobri depois, é visitar, na Praia da Barra, em conceição da barra,  onde fica a foz do rio Itapemirim, o encontro das águas doce e salgada. Outra opção de passeio é conhecer o manguezal de barco e ir até a Ilha dos Ovos. Entre as praias, vale visitar, além da Praia da Barra, a das Arraias, da Cruz, da Colônia e da Areia Preta, que ficou famosa por suas areias monazíticas com propriedades terapêuticas.
De volta à Marataízes no final da tarde, depois de um banho na lagoa do Siri, nos preparamos para o carnaval de rua à noite, que diga-se de passagem, superou nossas expectativas, com a apresentação de trios elétricos, bandinhas e pequenos grupos musicais tocando forró, próximos da praça principal. O local cercado de foliões, alguns fantasiados, balões coloridos, banquinhas de lanches rápidos, comidas e bebidas, não tinha do que se reclamar. Comi um Yakissoba numa dessas bancas de (lamber os beiços e querer mais) e acreditem, por apenas R$ 3,00. Bebemos muita cerveja e no final da festa, nos preparamos para retornar ao Rio.

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Quando as nossas emoções, alegrias e tristezas passam do tempo, nossos sentimentos humanos ficam acomodados numa cesta do tempo recebendo so...