Das decisões...

Mas ainda falando em decisões, eu preciso me decidir, preciso dar uma resposta ao convite que me foi feito antes do Carnaval e que ainda não tenho uma definição clara sobre  o que devo realmente fazer. Evidente que ninguém me colocou uma corda no pescoço, mas acontece que eu sou daqueles que carrega o peso da responsabilidade de dar uma resposta (ao menos para mim mesmo) e que no momento não tenho. De qualquer forma, eu devo me conhecer o suficiente para saber que tomarei a decisão mais sensata, pois não sou de dar salto de grandes alturas ou de me jogar em grandes profundidades sem estar pelo menos emotivamente envolvido ou decididamento convencido do caminho certo.

Alguem que caiba nos nossos sonhos.

Eu fui a o mar e não cheguei nem na beira para molhar meus pés ou ouvir o seu ruido arrastando-se na areia molhada. Eu fiquei apreciando cheiros, gostos e ruídos a minha volta, lendo, ouvindo musica, trocando ideias, observando algumas manifestações silenciosas e naturais que acontecem nesta terra dos homens que buscam coragem, que procuram respostas, que tentam entender seus próprios sentimentos, mas sentem medo de arriscar decisões. Decisões são sempre difíceis e eu compreendo estas posições de conforto que estabelecemos, pois segui nesta posição durante grande parte da minha vida, sentindo medo de saltar de grandes alturas, de mergulhar em grandes profundidades, fazendo-me perder oportunidades. Eu deveria nesta minha ida a praia, ter sorrido mais, ter brincado mais e usado as palavras de Cazuza no momento certo: "Não podemos ver a luz e não iluminar nossas mini certezas ou ficar esperando alguém que caiba nos nossos sonhos." porém...

Alguém me disse.

Eu estava preparando o café da manhã, quando uma amiga entrou rapidamente na cozinha e de repente, ouvi a voz cristalina da Gal cantar nos meus ouvidos: "Alguém me disse que tu andas novamente, de novo amor nova paixão, toda contente. Conheço bem tuas promessas, outras ouvi iguais a essas...Esse teu jeito de enganar conheço bem."
Eu fiquei pensando e querendo entender a relação entre a cena que acontecia e a musica que invadia meu cérebro naquele momento. Depois lembrei que alguém me disse que captamos energias que não são nossas e que servimos de veiculo condutor sensitivo de outras pessoas. Deixaram pra mim em seguida, uma flor amarela sobre o canto da mesa.

Sonata de violinos.

Nada me faltava naquele momento. Eu estava  ouvido sonatas de violinos e pássaros à uma certa distancia. Meus olhos ficaram arregalados, minhas mãos tremeram e os pensamentos confusos, antes de eu realmente me entregar. A entrega por vezes é fácil e noutros momentos tão difícil. A vida planeja momentos de indulgencia, de silencio e de criatividade.  

Como plumas ou pétalas ao vento.

Ione soa suave nos meus ouvidos como Yanes, yang, ou coisa parecida, como plumas ou pétalas que são largadas ao vento e navegam sobre espumas da Estrela de Galícia.  Minha mãe tinha uma amiga que se chamava Ione, uma mulher negra e linda que usava sapatos de saltos altos amarelos, quando as mulheres em geral nem ousavam usar. O que tem as Iones que conheço deste mundo? São elegantes, impulsivas, revolucionarias, apaixonadas, misteriosas, curiosas, misticas? Lembro-me de Ione, do seu batom vermelho, do perfume de cheiro forte e delicado, desde que eu pertencia a outro mundo. 

Amigos tem que ser britânicos.

Se esgotou o teu tempo. Não!.. O mais certo é dizer que se esgotou o meu. Hoje cedo conversei com um amigo que me aconselhou a viver a minha vida, sem expectativas de esperar a posição dos outros. Será que isto é possível? Quero dizer, viver sem nenhuma expectativa? Acontece, que cada um tem as suas urgências e a minha foi ficar no aguardo por três dias.
Então se resolveres ligar, não estarei mais disponível, pelo menos até terminar o carnaval.
Eu não tenho muita sorte com a maioria das pessoas com quem me relaciono, poucos são os que tomam a atitude de pelo menos dizer: _Ora não poderei ir, Não vai dar...
Eu deveria ter somente amigos britânicos que se não são pontuais, são educados o suficiente para se justificarem. Isto cada vez mais acontece entre as pessoas, virando um tipo vício global.

Aqui é que se come bem e barato.

Neste Sábado de carnaval, com a cidade meio vazia, a maioria das pessoas na praia, aproveitei para dar uma caminhada no Bom Fim e depois almoçar num daqueles bifês da Osvaldo Aranha, que de vez em quando costumo fazer. Todos tinham lugares sobrando, sem aquela filas homéricas para aguardar uma mesa disponível. O Gourmet da Redenção estava de portas fechadas e o Piatto Grill, onde normalmente almoço, oferecia o bifê livre com varias opções de carnes e grelhados por R$ 19,00 sobremesa e um cafezinho de cortesia enquanto se paga a conta. Mas decidi enfrentar a Lancheria do Parque, um dos locais mais antigos do Bom Fim e que oferece alem de lanches, como hamburguer,  pastéis,  um bifê de comida simples, barata com direito a uma carne e nada de requififes. A Lancheria do Parque, faz parte da história de Porto Alegre, está na lista dos ambientes frequentado pela comunidade gay da cidade, já foi mencionada por revistas especializadas em gastronomia, alem de ter sido palco e documentário de um curta.
O bifê saiu por R$ 10,00 neste Sábado, sem sobremesas e é cobrado R$ 8,50 durante os dias da semana. Estava mais cheio que os outros restaurantes e eu até dividi a mesa com duas senhoras uniformizadas, que possivelmente estavam na hora de intervalo e reclamaram do acréscimo de R$ 1,50 o bifê. Isto serviu para me comprovar o quanto a comida por aqui é acessível, se comparada com outros lugares onde comi. Na Lapa, Rio de Janeiro, era preciso andar muitos quilômetros para se conseguir um bom preço e "bifê livre", era uma palavra que ninguém conhecia. Os pratos normalmente eram A La Carte e não baixavam dos R$ 24,00 para cada pessoa.
Em Nova Iorque, um prato A La Carte, constituído de massas e uma salada verde com lascas de tomate: U$ 16,00 à 18,00 (dólares mais taxas), o que significa na nossa moeda mais que o dobro do preço. Optei algumas vezes por comida chinesa, mas a ultima que comi, me arrependi amargamente por ter pago 9,00 dólares e quase vomitado dentro do prato, com o chines me olhando. Os restaurantes brasileiros que visitei em N.Y, é somente para americano consumir e a gente apreciar do lado de fora.

Uma salva de palmas.

Sexta- feira fui pagar algumas faturas no Bourbon Shopping aqui perto de casa e depois fiquei dando voltas, olhando vitrines, antes do costumeiro cafezinho expresso com uma pequena dose de água mineral. Mas o que me chamou mais a atenção, foi duas jovens que beiravam seus vinte e três anos de idade, caminhando de mãos dadas pelas dependências do prédio, de maneira tranquila e sugestiva de um compromisso que ia muito além de uma simples amizade, fazendo o mesmo que eu estava fazendo. Bom isto não é mais nenhuma novidade nos dias de hoje, eu particularmente já assisti varias dessas cenas que considero dignas de uma salva de palmas e que me faz pensar em como o mundo está mudando para melhor, apesar dos gritos de histeria de Silas Malafaia e as convulsões da igreja com seus discípulos pedófilos. Nos Estados Unidos, a Suprema Corte já está prestes a dar a palavra final sobre o reconhecimento do casamento igualitário enquanto que a Inglaterra e a França, atravessam ferrenhas discussões de que frutas apropriadas devem utilizarem na salada de frutas, pois já perceberam o preço que podem pagar se ficarem do lado errado da historia. Mas ninguém é tão bonzinho assim, o que acontece é um jogo de vaidades e interesses, do qual ninguém quer ficar pra traz, o que é bom disto tudo, é que as vezes saímos beneficiados.

Sou menos, sou mais.

Me disseram que ficastes descontrolado ao me conhecer, perdido, cheio de atos falhos e com pequenas sismos inaudíveis no interior das veias. Eu ao contrario de ti,  fiquei muito a vontade ouvindo Ana Carolina em meu celular enquanto os aguardava. Já no carro, tomastes a iniciativa de pedires meu telefone, dizendo mais de uma vez que irias me ligar. Do que tens medo afinal?.. Eu não sou tudo isto que inventastes, sou menos, sou mais.

Faltou algo.

Nem tudo que é belo nos cabe no bolso, na nossa cama, na nossa vida, nos nossos mais profundos e íntimos desejos; Ainda tem a elegância, o intelecto, a cultura que não é tudo mas causa diferenças. Mas quando existe algumas limitações capazes de discriminar e perder o que é mais belo, então falta aquilo que não conseguimos detectar de inicio, mas sentimos que falta e se torna imprescindível para continuarmos com alguma expectativa. Então:

Sem controle remoto.

Eu pensei no cara  e ele apareceu  por aqui agora à tarde. Buzinou e se fez visível do outro lado da rua sem sair do veiculo, enquanto eu estava na janela. Me preocupo por sua doença, por sua obsessão que arrasta toda a sua família para um stress interminável; por outro lado, uma parte de mim o compreende e o admira por sua coragem, audácia e resistência a velhice, por não entregar os pontos, por dar margem a todas as suas possibilidades, desejos, sonhos e obscuridades. Ele é uma egoísta eu sei, um egoísta atrapalhado e com zero de baixo estima e eu fico pensando quem sou eu para julga-lo, para lembra-lo do seu lugar, ele é quem deve decidir seu próprio caminho sem controle remoto.

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