Estranhos simpáticos

Na tarde de hoje, no Barra Sul Shoping, depois de dois canecos de chopp comecei a caminhar pelos corredores aproveitando o clima dos condicionadores de ar ligados. Lá dentro o paraíso, enquanto lá fora, o verdadeiro inferno. A fila do cinema estava muito grande e os filmes em cartaz não me atraíram, então decidi que só me restava ver vitrines, cada uma mais enfeitada que a outra e os preços, nossa!.., salgadíssimos!.. De repente percebi que um casal vinha em minha direção. Ele loiro, cabelos dourados, bermuda larga e sandalia parecendo um turista europeu, ela também loira, forte, muito sorridente com sacolas nos braços, estendeu-me a mão com um largo sorriso no rosto:
_Ola, tudo bom, como vai?_ Perguntou-me sem nenhum sotaque gringo.
_Tudo bem e vocês? _ Retribui com simpatia do piloto automático ligado, sem fazer ideia de quem se tratava
_Tudo bem. Um bom Natal pra ti e a família! _ Concluiu indo na direção de uma loja.
Será que me confundiram com outra pessoa? Que bom que não pararam pois talvez fosse constrangedor para as duas partes se a conversa se estendesse. Me esforcei alguns minutos sem conseguir lembrar-me se os conhecia realmente. Pensei no quanto sou confundido com outras pessoas e segui meu rumo pensando sobre o calor infernal que deveria estar na rua!..

Opção de Natal

Atendi ontem o seu Leonardo, morador de rua no bairro onde eu moro e que queixava-se de uma lesão de pele nos braços que apresentavam bolhas e vermelhidão e cuja a dor incomodava-o já por meses. Queixava-se também de não poder urinar e seus pés com edemas lhe dificultavam de andar. Sua moradia é uma barraca improvisada com lona plástica preta num canto da praça e protegida por dois enormes cães da raça Fila, que rosnavam enquanto eu o atendia. Seu Leonardo disse-me que ficaria feliz se pudesse passar o Natal num hospital, assim teria cama limpa e comida quente.
_ E os cachorros quem vai cuidar? _Perguntei preocupado.
_Meus amigos tomarão conta até eu voltar. Se eu voltar!.. _Concluiu com um certo humor preocupado, deitando-se na maca.

Intuição

Algumas vezes sou tão intuitivo com determinadas coisas que fico, eu diria, envergonhado de ser acometido por esta sensação que me parece frescura, bobagem, afetação emocional. Mesmo sabendo que intuição é algo que não tem uma explicação clara que a justifique, por fugir do óbvio, do entendível e eu fico tentando apagar da minha cabeça o que me parece tão subjetivo e sem uma explicação. Dias depois, me rendo as suas revelações e tudo fica parecendo assim, meio humanamente sobrenatural, como se um outro eu me soprasse revelações a o pé do ouvido!..

Sonhos

Esta noite, sonhei com o Jairo. Ele cruzava por mim na rua e continuava com mesmo rosto de quando tinha seus vinte oito anos e não mais o vi, mas sua expressão tinha algo de loucura, de um desequilíbrio causado pelas drogas, pela solidão e não aceitação de seus antigos e tortuosos problemas.

Sem noção!!

De manhã cedo, quando cheguei no endereço da minha primeira ocorrência e vi aquela mulher que provavelmente pesava mais de 80 quilos, gemendo e estatelada sobre o piso frio de sua casa, cacos afiados de telhas espalhados pelo chão, pedaços de madeira, sangue, cortes pelo corpo, me perguntei com um pontinho de raiva:
O que uma mulher daquele tamanho, pensava estar fazendo aquela hora da manhã, em cima de um telhado fino de amianto?
Incrível, mas algumas pessoas não tem a mínima noção de perigo, de proporção, peso, medida e bom senso! Não sabem o significado de uma queda livre e as lesões que podem causar, provavelmente pensam que é possível num acidente destes flutuarem até o chão como plumas!.. Ninguém merece!...

Escultura da natureza

Esta é uma escultura natural, criada a partir de um pedaço de madeira ou raiz, que o vento, a areia e o mar esculpiram na Praia da Solidão. Encontrei-a, sendo empurrado pela água até a faixa de areia. Me chamou a atenção sua forma, que se parece a de uma ave e que flutuava entre as carcaças de navios encalhados.
Me pergunto como a natureza consegue construir com tamanha semelhança estes objetos, entalhando cada detalhe e nos deixando surpresos com sua perfeição...

Rua Zaire


Sempre que eu entro na Rua Zaire, na Lomba do Pinheiro e me deparo com a imagem da barragem que faz divisa com o Parque Saint' Hilaire em Viamão, tenho uma sensação de susto. É como entrar numa rua estreita de chão batido e esburacado e de repente encontrar aquela imensa represa de água diante dos olhos. Algo que não se espera, um truque geográfico, com os pés em Porto Alegre enxerga-se a cidade vizinha do outro lado da margem!.. A vila na beira da barragem é composta de casas humilde e me lembra alguma vila pobre de pescadores que não parece estar localizada dentro da cidade.

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Como todos os anos acontece, ontem à noite foi o churrasco de confraternização de Natal e Ano Novo na casa do Camargo. Foram momentos de inegável alegria e descontração, pena que faltaram alguns colegas para dividirem este momento e apreciar o especial churrasco.

Acabando o estrese com Farofa

Anteontem me vi caminhando no eixo comercial de Porto Alegre, coisa que geralmente não faço principalmente em dias que antecedem festas, mas por algum acidente mental eu esqueci de datas e lá estava eu, enfrentando o sol escaldante, pessoas estressadas, mal educadas, engarrafamento nas calçadas, gritaria de vendedores ambulantes, o caos. Este período de festa natalina deixa todo mundo à beira de um ataque de nervos em meio ao campo comercial, consumista, o jeito é dar um fugidinha quando bate a fome e o cansaço, até o Farofa, restaurante agradabilíssimo na General Câmara -424 e apreciar o salmão grelhado ao molho de laranja, leite de coco, legumes e o geladissimo chopp artesanal. O restaurante é especializado em comida tipicamente brasileira e tem em seu cardápio os mais variados pratos e petiscos de dar agua na boca e surpreender qualquer cliente desavisado, pelo seu bom gosto e ambiente privilegiado.




Walkers

Ontem á tarde, durante minha caminhada a pé pelo Bom Fim, me deu uma vontade de comprar um All Star vermelho de cano alto como o que eu usava aos dezessete anos. Trocar o aro de metal do meu óculos por um de acrílico azul e usa-lo permanente na cara, perder uns vinte quilos e alguns vícios, mudar o modelo do meu cabelo, ir para Garopaba mas em 1980, tomar um suco de limão batido com casca, comer goiabas no pé, dormir nas areias de Itapuã e encontrar amizades profundas, dormir numa barraca e acordar com o barulho do mar, comer macarrão com sardinha em volta de uma fogueira, frango à passarinha na Praia dos Amores, perder o sono mas sonhar com as estrelas. Ontem me deu vontade de buscar tantas coisas guardadas e jogar outras que já não servem, fora!..

Para dentro do labirinto


Acontece amanhã dia 14 as 20h, a estréia de Para dentro do labirinto - experimento sobre a obra de Jorge Andrade que será apresentado pelo GET, Grupo Experimental de Teatro da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre em única apresentação na sala Alvaro Moreyra- Centro Municipal de Cultura com entrada franca. A retirada de senhas será as 19h.
Para Dentro do Labirinto é o resultado da Montagem de Textos, o segundo módulo do GET, iniciado em 05 de outubro desse ano. O trabalho reúne fragmentos das peças As confrarias, Pedreira das Almas e Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, entrelaçados com trechos da autobiografia, Labirinto, único romance do dramaturgo.
Segundo Mauricio Guzinski, coordenador do GET, "A montagem enfoca os aspectos humanos, em especial a presença forte das mulheres, personagens quase míticas no teatro de Jorge Andrade - 'Pietás brasileiras esculpidas pelo tempo' - e a poesia da palavra-escrita para-ser-dita que caracteriza a obra do autor".
Realização:
Prefeitura de Porto Alegre
Secretaria Municipal da Cultura
Contatos: 3289 8062 / 3289 8064/ Maurício Guzinski - 9154 2872

Postagem em destaque

PINGOS

Hoje eu acordei com os pingos da chuva, pingando, pingando... Pingando nos telhados, nas calçadas até o amanhecer. Escorrendo nas paredes e ...