VENEZA


Veneza nasceu para ser glamourosa, tanto por sua história de grande prosperidade e riqueza cultural, quanto por sua bela arquitetura e geografia incomum. Dá pra imaginar uma cidade composta por pequenas ilhas, que se interligam, por pontes centenárias sobre canais de água salgada e onde todo o tráfego é feito por barcos dos mais variados tipos e tamanhos, que prestam serviço a cidade aquática como; táxis, ônibus, ambulâncias, carros de policia? É surpreendente!...
Veneza possui uma indescritível magia, para quem a visita. Repleta de igrejas, praças, palácios e teatros centenários, afinal trata-se da cidade onde Vivaldi nasceu e compôs 770 obras.


O CAOS DE VENEZA:

Mesmo sendo linda e incomum, viver em Veneza é muito caro e deve ter suas adversidades para locomoção em alguns acessos que necessitam de rapidez para alguma intervenção de urgência, como um incêndio por exemplo.  Mas grande parte das dificuldades, fica por conta do turismo de massa que diariamente invadem a cidade, incapacitando seus moradores de terem uma vida normal. Imaginem (74.000 turistas por dia, numa cidade de 50.000 habitantes) que ao mesmo tempo que movimenta a renda per capta da cidade, também inflaciona seu custo de vida, tornando-a inviável pra viver. Se o objetivo foi o enriquecimento às custas do turismo desenfreado, esta conquista por outro lado, obrigou seus moradores a viverem no caos e abandonarem a cidade. Uma cidade lotada de turistas diariamente e com preços exorbitantes, ninguém merece...
Mas este é outro papo, que eu ainda pretendo comentar em outro momento, aqui no blogue! 😜



UM POUCO DA HISTÓRIA DE VENEZA:

A cidade começou a surgir  quando o império romano foi invadido por tribos nômades barbaras  ainda no século V. e cidadãos da região de Vêneto, na Itália, resolveram refugiarem-se em ilhas que ficavam numa laguna do Mar Adriático, no noroeste do país, já ocupada por poucos pescadores. 
O domínio da região ficou por conta do Império Bizantino, cujo o centro de poder, se estabeleceu em Ravena, que só era acessível por rotas marítimas, o que permitiu que Veneza crescesse de maneira independente.


SERENÍSSIMA REPUBLICA DE VENEZA:

No século VII, aquela região passou a ser chamada de Sereníssima República de Veneza. Mas o que significava isto:
A Justiça em Veneza, na época da Sereníssima República, era exercida de modo exemplar e se transformou em um dos seus grandes mitos.
Aos acusados era dada oportunidade de defesa e usava o mesmo rigor no caso em que eles pertencessem à classe dirigente.
A inexorabilidade e a eficácia dos órgãos da justiça vêneta de então permitiram conter a criminalidade. No período compreendido entre os anos de 1300 e 1797, portanto em quase quinhentos anos, as condenações à morte foram em número de 1279, ou aproximadamente de duas ao ano. Trata-se de um número pequeno em relação ao que acontecia nesse mesmo período no resto da Europa. A pena mais severa depois da de morte era a de exílio, expulsão dos domínios da República de Veneza.
Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Vêneta.



No século IX, o crescimento econômico e social garantiu a independência da cidade-Estado. Veneza estava se tornando a mais importante e poderosa cidade das quatro Repúblicas Marítimas da península itálica, que tinham o domínio comercial das rotas do mar Mediterrâneo.
A posição estratégica no mar Adriático, garantiu que os navios, usados tanto para o comércio quanto para fins militares, a tornassem rica e poderosa. Era em Veneza que acontecia o comércio entre o Ocidente e o Oriente, muito antes da América sonhar em ser descoberta.
Com o crescimento e desenvolvimento, foi necessário ampliar a cidade unindo as pequenas ilhotas separadas pelo mar, aumentando o seu espaço de terra, remodelando  os canais e construindo pontes que as interligassem. Das 65 ilhotas que formavam a cidade, passaram a 118, o que permanece até hoje.


A queda de Constantinopla em 1453 marcou o princípio da decadência de Veneza. A descoberta da America por Cristóvão Colombo (1492) e do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama (1498) deslocaram as rotas de comércio e Veneza viu-se obrigada a sustentar uma luta esgotante contra os turcos otomanos.
Em 1797, foi invadida pelas tropas de Napoleão Bonaparte que com a assinatura do tratado de Campofórmio, dividiu seu território entre França e Império Habsburgo.(Áustria).


AS MURALHAS SUBMERSAS DE VENEZA:

Veneza ainda é rodeada de lagoas de pouco profundidade, e isso valeu-lhe sempre como excelente defesa. Nas suas águas encalhavam facilmente os navios que não conheciam sua profundidade. Era também uma cidade entrincheirada, protegida por grandes muralhas. As "muralhas" de Veneza são os perigosos bancos de areia que ficam submersos e só descobertos na baixa-maré. Para chegar a Veneza vindo do mar Adriático, é preciso conhecer as passagens, que em tempos de paz eram sinalizadas com fileiras de estacas, com luzes à noite. Até os dias de hoje, se faz necessária a limpeza e manutenção destes canais, cujo o fundo é composto de camadas de madeira (arvores) que em contato com a água salgada não apodrecem, areia e pedras.


VENEZA E SEU FORMATO DE UM PEIXE:

Veneza funciona como qualquer outra cidade da Europa e do mundo, a diferença é que todos os serviços, como segurança publica, ambulâncias, transportes públicos, de cargas e descargas em geral, são feitos por barcos. 
Veneza é dividida em duas partes. “Veneza Mestre”, que fica no continente; e a Veneza propriamente dita, a parte turística recortada por canais, que conhecemos de fotos e dos filmes. A Veneza turística tem o formato de um peixe e é dividida em seis regiões ou bairros: Cannaregio, Castello, Dorsoduro, San Marco, San Polo e Santa Croce.


MAS COMO CHEGAR ATÉ VENEZA SE É PROIBIDO A CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS NA CIDADE E AS RUAS SÃO AQUÁTICAS?

Chega-se atravessando a Ponte della Libertà. que liga o continente à laguna.  Sendo que, ao chegar à laguna, temos de imediatamente seguir para os enormes prédios de estacionamentos, onde são deixados os veículos que andam por terra. São vários prédios, com preços de diárias em torno de 21 à 26 Euros: (Venezia Tronchetto Parking)  (Autorimessa Comunale). O Autorimessa Comunale o mais bem localizado e o mais econômico: Tronchetto.
Em seguida toma-se um vaporetto, embarcação típica de Veneza usada como meio de transporte público nos canais da cidade cujo o preço do bilhete é 7,50 euros e dura 75 minutos. Nesse espaço de tempo você pode subir e descer da embarcação quantas vezes quiser.
Veneza é uma cidade unica, que te remete ao romantismo, principalmente a noite quando suas luzes de cor amarela, formando sombras nas estreitas ruelas e casarões seculares que também se refletem sobre os canais.


CUIDADO PARA NÃO SE PERDER NAS RUELAS DE VENEZA:
Recortada por um emaranhado de becos estreitos, alguns sem saída, não é difícil se perder nas calçadas da cidade. É possível percorrê-la toda a pé tranquilamente, até mesmo porque, como dizem: O melhor modo de conhecê-la é caminhar e se “perder por lá” 
Mas para os que preferem se orientar com segurança em Veneza, sem o risco de se perder realmente, é preciso saber que existem basicamente três direções a serem seguidas: A Piazza de São Marco, a Ponte Rialto e a Ferrovia. Por onde você andar, sempre encontrará placas indicando o sentido de um desses locais. E aí fica muito fácil se locomover. Basta você saber para onde quer ir e seguir as placas amarelas.


PIAZZA SAN MARCO:

Esta é a praça principal de Veneza. Na Piazza San Marco estão vários pontos turísticos importantes para você conhecer em Veneza: A Basílica di San Marco, a Torre do Campanário, a Torre dell”Orologio (original do século 14), o Palácio Ducal e a Piazzetta di San Marco, praça famosa com o Leão Alado, o símbolo da cidade.


Visite a praça durante o dia e também durante a noite: o cenário é o mesmo, mas a sua percepção será totalmente diferente. Existe agencias de turismo que vendem passeios pela cidade, durante a noite. Inicia com passeio de barco pelo grande canal, um jantar incluído e depois passeio á pé pelos principais atrativos. 


BASÍLICA DI SAN MARCO:

A igreja mais famosa da cidade construída no ano de 828, para abrigar o corpo de São Marcos trazido de Alexandria. Situada na Piazza di San Marco, a construção realmente impressiona pelo tamanho e beleza arquitetônica. união entre a cultura oriental e ocidental. Embora a obra atual pertença basicamente ao século XI, a basílica sofreu diferentes alterações e modificações com o passar do tempo.


A basílica atual, de planta em forma de cruz latina e cinco cúpulas, se tornou a catedral da cidade em 1807. Conta com mais de 4.000 metros quadrados de mosaicos, predominantemente dourado e 500 colunas do século III.


TORRE DO CAMPANÁRIO:

A primeira versão da construção da torre data do século IX e desmoronou em 1902 – sendo reconstruída com base em um projeto do século 16. A vista que você terá lá de cima, da Torre do Campanário, é sensacional!
Você consegue ver Veneza por outro ângulo e logo abaixo de você está a Basílica di San Marco. Inclusive, foi nesta torre que Galileu Galilei apresentou seu telescópio para o governante de Veneza em 1609.


PALAZZO DUCALE: 

O Palácio Ducal também é conhecido como Palácio do Doge e foi construído em 1424. A arquitetura possui um estilo gótico e o local era a antiga sede do doge, o governante de Veneza. Como praticamente todas as construções da cidade, você ficará encantado ao observar os detalhes da fachada do local.


PONTE DOS SUSPIROS:

Apesar dos turistas fazerem fotos diante dela, a maioria casais, remetendo-a a ideia de  romantismo, nada tem a ver com história de amor, a ponte é chamada de Ponte dos Suspiros porque ligava o Palazzo Ducale às Prigioni Nove, edifício famoso e construído para abrigar uma prisão. Dessa forma, os réus eram julgados no Palazzo Ducale e, se condenados, atravessavam pela Ponte dos Suspiros e eram encaminhados à prisão. Por isso a origem do nome, por ser o último suspiro de liberdade.


PONTE RIALTO:

Uma das pontes mais lindas da Europa. A Ponte Rialto inicialmente era toda de madeira que com o tempo começou a ruir. Em 1588, foi reerguida sendo toda de pedra e contendo um único arco. Se você fizer um passeio de Vaporetto, com certeza passará por baixo desta ponte.


ILHA DE MURANO:

Murano, embora descrita como uma ilha da lagoa de Veneza, é de fato um arquipélago de sete ilhas menores, das quais duas são artificiais, unidas por pontes entre si e localizada a somente a 1 km do centro de Veneza.



É neste lugar cheio de casinhas coloridas, que são confeccionado belas peças de artesanato em vidro como colares, vasos, taças, copos, esculturas em cristal. A tradição de objetos em vidro, data do império Bizantino.


PASSEIO DE GONDOLAS, UM SONHO INDISPENSÁVEL:
Mas quem visita Veneza e não deseja desfrutar de um inesquecível passeio pelos canais da cidade, na famosa gondola e ainda com musica ao vivo por todo o percurso? Este é um sonho realizável, porem caro, muito caro!


Os gondoleiros estão por todas as partes aqui em Veneza. Eles comunicam uns com os outros em dialeto e todos se conhecem. Por muitos anos, a licença para praticar a profissão era passada de pai para filho. O gondoleiro que não tinha filhos homens, podia passar para um aprendiz em que confiava. Para ter a licença porém, o aprendiz ou o gondoleiro herdeiro tinha que passar por um teste de remo. Hoje, para tornar-se gondoleiro é necessário muito mais do que isso. Os aspirantes a gondoleiro devem fazer um curso onde aprendem história e a arte de Veneza, além de pelo menos uma língua estrangeira. Depois é necessário fazer um concurso público. Com a aprovação, o gondoleiro deve realizar um estágio com um profissional e depois deste período passa por uma prova prática, com uma banca formada por outros gondoleiros. Passada esta etapa ele finalmente obtém a licença e pode trabalhar oficialmente como gondoleiro.


No passado as gôndolas eram coloridas e decoradas com muito esmero. As famílias enriqueciam as gôndolas com decorações, pinturas, ornamentos dourados, flores e gastavam uma verdadeira fortuna para demonstrarem seu poder e riqueza por meio de sua gôndola. A mania de ostentação acabou depois que uma lei do Senado definiu que todas as gôndolas deveriam ser pretas e proibiu as decorações exageradas, padronizando assim o meio de transporte. Nos dias de hoje, as gondolas são mais usadas para o turismo. O ingresso é bem salgado, cerca de 80£ para mais, por 45 minutos.
Veneza é uma cidade de identidade própria, diferente, bonita e emblemática, que nos remete a sentimentos humanos profundamente intrínsecos de difícil explicação.


RESPONDENDO ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE VENEZA:
  • As águas de Veneza são fétidas? -Não. Nos dois dias em que visitei a cidade, a lagoa não tinha nenhum cheiro fétido e suas águas era de um verde claro que parecia limpa.Em alguns períodos do ano surge um odor desagradável em função da proliferação de algas.
  • Veneza com o passar do tempo vai afundar sob as águas? -Segundo informaram, não, Veneza não está afundando, mas sim inundando. Somente nos períodos de cheia, a água invade a Piazza San Marco, e outras localidades, desde tempos imemoriais, mas isto somente nas cheias. As portas no térreo de alguns prédios, precisam ser seladas com barreiras e, se a água estiver particularmente alta, os barcos podem ser incapazes de passar debaixo de diversas pontes, até que a água eventualmente desça.
  • Mas as marés altas, responsáveis por inundações recorrentes na cidade, não é um fator que colapsaria a cidade e todo o seu patrimônio histórico-cultural? -Sim este é um problema que demanda cuidados e ações não só em Veneza, mas no mundo todo, quando se pensa nos problemas causados pelo aquecimento global. Atualmente Veneza passa por uma questão tão seria quanto, que é o turismo de massa. Veneza recebe anualmente 30 milhões de turistas. Especialmente no verão, as visitas crescem e a situação torna-se insustentável. Além dos turistas que chegam pela estação de trem, e de ônibus e carro pela Piazzale Roma, existem ainda os navios de cruzeiro que desembarcam na cidade. Em 2015, um milhão e meio de pessoas chegaram a Veneza com os navios. As estatísticas mostram que a cada ano Veneza ganha mais turistas e perde residentes. Todos os dias os residentes convivem com o turismo massivo. É muito óbvio que a principal fonte de renda da cidade provenha destas visitas, mas é necessário encontrar um equilíbrio entre a saúde financeira e a saúde física da cidade. 
Até o próximo destino!



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