A NOITE É UMA CRIANÇA DESALMADA.

A noite a ninguém pertence e se pertencer, é dos loucos, dos insones, dos anjos, dos poetas, dos pichadores de paredes, dos guardas noturnos, das prostitutas, dos ladrões, dos cachorros fujões, dos gatos que fazem festinhas nos telhados, dos casais que se desentendem, dos sem tetos que dormem sobre laminas de papelões nas calçadas, das sombras das arvores que desenham monstros, das estrelas distantes, da lua minguante, do motor que ruge ao longe, da bala perdida a procura de um alvo, do tapa na cara, do café preto requentado, do cigarro aceso na janela entre aberta, da porta arrombada sem impressões digitais. A noite é uma criança agitada, desalmada, solitária, que inventa outros mundos para brincar.

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