Demarcando território

Cheguei em casa precisando fazer mudanças, mudanças visuais, estruturais, em alguns detalhes da minha casa. Trocar os moveis de posição, colocar cortinas nas janelas, pendurar quadros nas paredes, recompor todo o ambiente, mesmo sabendo dos transtornos que causariam estas mudanças em se tratando de um apartamento com pouco espaço. 
Já faz quase um ano que me mudei e ainda não pendurei os quadros nas paredes. Deixei-os amontoados num cantinho da sala com a espectativa futura de  estudar o local ideal e..., acabo esquecendo; Fico me perguntando quando encontrarei tempo e vontade de posiciona-los no devido lugar cada vez que os vejo. 
Me disseram que isto é um sinal de desapego, uma forma de prorrogar laços inibindo  possiveis afetos, uma vez que  imprimimos sentimentos e identidade aos objetos que adquirimos. Lembro de minha avó arrumando seu vaso de porcelana sobre a mesa da sala, quando alguém tirava-o do lugar ou colocava-o numa posição diferente, ela dizia que não era a sua mesa, voltando a reposiciona-lo como ela gostava que ficasse. -Aqui é o seu lugar, não gosto que ninguem mexa! -Dizia pra si mesma. 
Acho que somos animais parecidos  com os cachorros que demarcam territórios, eles dando mijadinhas pelos cantos da casa e nos ajeitando objetos que nos despertam emoções  e criam  nossos espaços de conforto pessoal. Eles devem ficar nos lugares escolhidos por nós, no angulo de nossas escolhas, ancorados numa complexa referencia pessoal e estética.
Hoje é Sábado e fui convidado à alguns compromissos que abri mão para ficar em casa. Preciso terminar o livro que iniciei ler e ainda não terminei. Tenho de me decidir sobre muitas coisas e inclusive sobre os quadros antes de começar a mijar pelos cantos da casa demarcando meus territórios. Antes de tudo preciso encontrar o local certo, o angulo perfeito, por que quadros não se coloca em qualquer lugar, precisa ser pensado antes de ser pendurado!..

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